Noite na Estalagem Lança de Pedra Yessenya escreveu:"Sem mesquinhez esta noite. Bebam, comam e desfrutem de um bom banho quente. Lembrem-se desta noite, ela retornará para nos assombrar, mas estaremos preparadas para os fantasmas desta vez."
Ao comando da Lady Dayne de Alto Ermitério, os servos da estalagem encheram rapidamente a mesa com comida e vinho em fartas quantidades, mesmo que parecesse estranho que seus hóspedes tivessem voltado do Baile da Rainha com fome.
Entretanto, a exemplo de Yessenya, nem Callahan nem as damas de companhia tinham muito apetite. Todos comeram com parcimônia, e Rani perguntou se aquilo estava incluído na diária para ela poder guardar o máximo para outro momento.
No quarto com Callahan "Que noite terrível...", disse minha voz tremendo de raiva, a sensação de impotência me sufocava imensamente. "O que vai ser dele?" Havia escutado histórias sobre a Muralha, me parecia uma pena pesada demais. "Estou farta desse lugar!"
Então me levantei e caminhei até ele. Minha mão deslizou pelo rosto de Sand. "Passe a noite comigo Callahan, não conseguirei dormir bem sozinha." Não haviam segundas intenções, não tinha ânimo para me divertir com ele. Naquela altura, tudo que queria era me aconchegar a em seus braços e esquecer. Quando a noite por fim nos abraçou, senti que podia dormir sem temer que um dos mantos dourados surgisse da penumbra do quarto para nos levar para uma cela imunda. Aninhada a ele, podia repousar.
Callahan Sand sentiu o coração acelerar quando os dedos delicados de Yessenya tocaram seu rosto. Seus olhos fixaram-se nos dela, e ele percebeu o quão frágil ela estava naquele momento. Ele conhecia bem a senhora que protegia, uma guerreira de alma e uma dama de espírito, mas agora via uma vulnerabilidade que jamais testemunhara.
- Minha senhora, não precisa temer - disse ele, tentando manter a voz firme, embora fosse difícil com o desejo crescente que sentia. Ele havia jurado protegê-la, e aquela noite seu dever se estendia além das ameaças físicas
- Estou aqui para você.Callahan não pôde deixar de sentir um calor subir por seu corpo ao vê-la tão perto, o perfume delicado de suas madeixas prateadas e a suavidade de sua pele tocando a dele.
Ela se aninhou nos braços dele, e ele a envolveu com ternura, tentando controlar a mistura de emoções que o consumia. Cada movimento dela, cada suspiro, só aumentava seu desejo por ela, mas ele sabia que esta não era a hora de pensar em suas próprias vontades. O dever e o respeito que tinha por Yessenya eram mais fortes.
Aos poucos, a respiração dela foi se acalmando, e Callahan percebeu que ela estava começando a adormecer. Ele a manteve perto, sentindo o calor do corpo dela contra o seu, uma sensação ao mesmo tempo torturante e reconfortante.
- Boa noite, milady - murmurou ele, mal conseguindo suprimir o desejo de beijar sua testa
- Estarei aqui quando acordar, como sempre estive.A noite avançava, e embora Callahan soubesse que o sono seria difícil para ele, o simples fato de estar ali, sendo o porto seguro para Yessenya, era o suficiente para mantê-lo alerta e vigilante. Seu desejo por ela continuava a pulsar, mas ele se contentava em saber que, naquele momento, ela estava protegida e em paz em seus braços.
Saindo da Estalagem Lança de Pedra "Obrigada por tudo", disse eu com sinceridade. "Se algum dia precisar de novos ares, venha até Alto Ermitério."
Anamara Nymeros, a estalajadeira de Lança de Pedra, sorriu com gentileza e segurou as mãos de Yessenya com firmeza.
- Será um prazer, milady. Espero que encontrem a paz e a justiça que procuram. Estarei sempre aqui, rezando pelos seus êxitos.A manhã trazia uma leve brisa que acariciava o rosto de Yessenya, mas não era suficiente para dissipar o peso em seu coração.
Callahan Sand estava próximo, os olhos atentos a cada movimento de sua senhora. Ele notou a tensão nos ombros dela, a expressão cansada. Aproximou-se dela, oferecendo um apoio silencioso, sua presença forte e confiável.
- Estamos prontos para partir, milady - disse ele, a voz baixa e respeitosa.
A comitiva começou a se mover, cavalos sendo montados e carroças sendo ajustadas. Yessenya olhou para o horizonte, os raios dourados do sol banhando a paisagem de Porto Real em uma luz suave e quente. A beleza do amanhecer contrastava cruelmente com o tormento que sentia internamente.
Callahan manteve-se ao lado de Yessenya, o olhar firme e protetor. Ele sentia uma conexão profunda com ela, uma mistura de dever e desejo que o motivava a ser o melhor escudo juramentado possível. Yessenya podia sentir a intensidade de sua lealdade, o que lhe dava uma medida de consolo.
Conforme o grupo se afastava da estalagem, Yessenya lançou um último olhar para Anamara, que acenava em despedida. As palavras de Anamara ecoavam em sua mente. Se algum dia precisasse de novos ares... Talvez um dia Yessenya poderia retornar a este lugar, com um coração mais leve e uma missão cumprida.
Embarque no cais de Porto Real
O porto estava movimentado, com marinheiros gritando ordens, cordas sendo puxadas e mercadorias sendo carregadas para os navios ancorados. O "Peregrino da Alvorada" destacava-se entre eles, sua proa adornada com uma figura de uma ave dourada, de asas abertas como se estivesse prestes a decolar. As velas eram de um branco imaculado, e o casco do navio era robusto, evidenciando sua capacidade de enfrentar tempestades e mares agitados.
Yessenya observava tudo com um misto de alívio e preocupação. O navio seria seu refúgio temporário, mas a incerteza do mar e os recentes eventos deixavam seu coração pesado. Sua pequena comitiva, composta por suas damas e seu fiel escudeiro Callahan Sand, também mostrava sinais de tensão. As jovens damas estavam caladas, perdidas em seus próprios pensamentos e preocupações. Callahan mantinha-se vigilante, seus olhos varrendo o entorno, sempre pronto para proteger sua senhora.
O capitão do "Peregrino da Alvorada", um homem corpulento e de barba grisalha, aproximou-se de Yessenya. Ele tinha olhos azuis penetrantes que pareciam capazes de ver através das ondas mais traiçoeiras. Seu nome era Capitão Maron Blackwater, um veterano dos mares de Westeros.
- Minha senhora - disse ele com uma voz grave e respeitosa, inclinando ligeiramente a cabeça
- Sou Maron Blackwater, e é uma honra ter você e sua comitiva a bordo. Faremos o possível para garantir uma viagem segura e tranquila de volta a Alto Ermitério. A previsão é de mares calmos, minha senhora. Minha tripulação é experiente e dedicada. Vocês estarão em boas mãos - disse Maron, tentando confortá-la
Os marinheiros do "Peregrino da Alvorada" estavam ocupados preparando o navio para a partida. Eles trabalhavam com eficiência, ajustando as velas, verificando os nós e certificando-se de que tudo estivesse em ordem. Eram homens endurecidos pelo sal e pelo sol, suas peles marcadas pelo tempo passado no mar. Apesar de sua aparência rústica, havia uma camaradagem evidente entre eles, e uma sensação de confiança em suas habilidades.
Yessenya e sua comitiva foram conduzidas a bordo, passando pelo convés até chegarem aos seus aposentos. O quarto era simples, mas confortável, com camas estreitas e baús para suas pertenças. Yessenya dividia o espaço com suas damas, enquanto Callahan e os outros homens ficavam nos quartos ao lado.
Enquanto a tripulação finalizava os preparativos, Yessenya olhou ao redor do convés. O cheiro salgado do mar e o som das gaivotas sobrevoando criavam uma sensação de melancolia. Ela não podia evitar a lembrança de Eyvon, imaginando-o surgindo de algum canto com sua carranca séria. A dor de sua ausência era uma constante, mas precisava se concentrar no que estava por vir.
Primeiro dia de viagemO primeiro dia de viagem a bordo do "Peregrino da Alvorada" foi surpreendentemente tranquilo. O mar estava calmo, quase como um espelho, refletindo o céu azul sem nuvens. O vento era fraco, e o navio avançava lentamente, suas velas inchadas apenas pelo leve sopro da brisa. As águas da Baía da Água Negra eram serenas, permitindo uma navegação suave.
As damas de Yessenya, ainda apreensivas, tentavam se ocupar com pequenas tarefas e conversas discretas para distrair a mente, mas Ashanti passou boa parte do dia enjoada e vomitando apoiada na balaustrada. Callahan Sand mantinha-se próximo de Yessenya, seus olhos sempre vigilantes, pronto para proteger sua senhora de qualquer ameaça, mesmo que improvável.
A tripulação trabalhava em silêncio, cientes da necessidade de manter a rota estável apesar da falta de vento. O Capitão Maron Blackwater supervisionava tudo com olhos experientes, dando ordens ocasionais para ajustar as velas e otimizar o pouco vento disponível.
Conforme o dia avançava, o "Peregrino da Alvorada" cruzou a Baía da Água Negra e aproximou-se da estreita passagem conhecida como a Garganta. As águas ali eram mais estreitas e exigiam uma navegação cuidadosa, mas a experiência da tripulação garantiu uma travessia sem incidentes.
Ao anoitecer, o navio ancorou na entrada do Mar Estreito. A calma da noite envolveu a embarcação, e a tripulação preparou-se para descansar, enquanto Yessenya e sua comitiva se recolhiam aos seus aposentos. O primeiro dia de viagem tinha sido pacífico, permitindo um breve alívio das preocupações que os acompanhavam desde Porto Real.
Segundo dia de viagemO segundo dia de viagem a bordo do "Peregrino da Alvorada" foi mais dinâmico e agitado. Navegando pelo Mar Estreito, costeando as margens da Floresta do Rei, o vento estava mais forte e exigia habilidade e atenção da tripulação para manter o navio na rota correta. O Capitão Maron Blackwater e seus homens estavam constantemente ajustando as velas e o leme, gritando ordens uns para os outros com confiança e energia renovada.
No convés, Ashanti finalmente superara os enjôos do mar. Ela parecia mais animada, caminhando pelo navio com uma expressão de alívio e um sorriso discreto. Marla, por outro lado, passava o dia preguiçosamente, dividindo seu tempo entre se deitar no quarto e relaxar no convés, aproveitando o sol e a brisa do mar.
Rani, sempre curiosa e perspicaz, encontrou no Capitão Blackwater um interlocutor interessante. Eles passaram horas discutindo rotas comerciais e histórias de navegação. Rani absorvia cada palavra, analisando possíveis novas oportunidades para a Casa Dayne.
A fogosa Maya, com seu espírito irreverente, decidiu que era hora de se divertir um pouco mais. Ela se aproximou de Callahan Sand, usando todo seu charme e sedução. Callahan, embora lisonjeado, manteve-se firme e cortês. Seu dever para com Yessenya era sua prioridade, e ele não permitiria que distrações o afastassem de sua responsabilidade.
Ao final do dia, com o sol se pondo e as estrelas começando a aparecer no céu, o "Peregrino da Alvorada" baixou âncora na costa leste da ilha de Tarth. Estavam do lado oposto da ilha onde ficava o Solar do Entardecer, sede da casa Tarth, mas ali conseguiam ver um mar azul brilhante como safira, mesmo sob a luz da noite.
Terceiro dia de viagemO terceiro dia a bordo do "Peregrino da Alvorada" começou com um presságio de problemas. O horizonte, antes claro, tornara-se escuro e ameaçador enquanto o navio se aproximava da Baía dos Naufrágios. Logo, uma tempestade violenta os atingiu, sacudindo a embarcação com força. As ondas altas batiam contra o casco, e os ventos uivantes tornavam a navegação quase impossível.
No convés, a tripulação estava em plena ação, lutando contra os elementos para manter o controle do navio.
O Capitão Maron Blackwater gritava ordens, sua voz cortando o barulho ensurdecedor da tempestade.
- Segurem firme nas velas! Mantenham o leme estável! Os marinheiros corriam de um lado para o outro, ajustando as cordas e tentando evitar que o navio fosse desviado de sua rota.
Ashanti, que recentemente superara os enjôos, estava novamente pálida, segurando-se com força a uma corda próxima.
Marla, geralmente tão despreocupada, agora se agarrava ao mastro com olhos arregalados, rezando baixinho para qualquer deus que pudesse ouvi-la.
Rani, sempre a pragmática, estava ao lado do Capitão, tentando ajudar de qualquer forma que pudesse. Sua mente afiada tentava encontrar lógica e ordem no caos ao redor, mas até ela não podia esconder o medo em seus olhos.
Maya, apesar de sua usual bravata, estava tensa, seus olhos fixos em Callahan, que se movia pelo convés com determinação.
Callahan Sand estava no seu elemento. Apesar da tempestade, ele mantinha uma postura firme, ajudando os marinheiros a segurar as velas e garantir que Yessenya e suas damas estivessem seguras. Seu rosto estava molhado pela chuva, mas sua expressão era de pura determinação. Ele trocou um olhar rápido com Yessenya, um silencioso juramento de que faria tudo para protegê-la.
Com grande esforço e habilidade, a tripulação conseguiu passar pelo Cabo da Fúria. O navio, embora danificado, manteve-se à tona, e ao cair da tarde, alcançaram a costa da ilha de Estermont. O porto de Pedra Verde surgiu como um refúgio ansiado, e o Capitão Maron ordenou que ancorassem para fazer os reparos necessários.
Assim que o navio se estabilizou, a tensão diminuiu um pouco. Yessenya e sua comitiva desceram ao porto, onde finalmente puderam respirar com mais calma.
No porto, a equipe de Pedra Verde já estava preparada para ajudar. O Capitão Maron coordenou com os habitantes locais, garantindo que o "Peregrino da Alvorada" estivesse pronto para continuar a viagem o mais rápido possível.
Quarto dia de viagemO quarto dia começou com uma leve neblina pairando sobre Pedra Verde, mas a chuva havia finalmente cessado. A tripulação do "Peregrino da Alvorada" estava ocupada com os reparos no navio, aproveitando a pausa nas intempéries para restaurar a embarcação e garantir sua prontidão para o restante da viagem. Yessenya e sua comitiva puderam explorar a vila enquanto aguardavam.
A vila de Pedra Verde era pitoresca, com suas casas construídas em pedras esverdeadas que brilhavam levemente sob a luz matinal. No entanto, o encanto do lugar não escondia o desprezo velado dos locais pelos visitantes dorneses. O Lorde Estermont, conhecido por sua aversão a estrangeiros de Dorne, recusara-se a recebê-los em seu castelo, deixando claro seu desdém.
Apesar disso, Yessenya e sua comitiva caminhavam pelas ruas estreitas, tentando aproveitar a oportunidade para conhecer o lugar. As lojas e mercados estavam cheios de produtos locais, desde artesanato até frutas e peixes frescos. As pessoas da vila, embora cordiais na superfície, mantinham uma distância respeitosa, seus sorrisos tingidos de desconfiança.
Ashanti, sempre curiosa, explorava as barracas de artesanato, admirando os trabalhos em pedra e madeira. Marla, por outro lado, estava mais interessada nas frutas exóticas, provando cada uma com um ar de apreciação. Rani, com seu olhar afiado para negócios, observava atentamente as práticas comerciais dos locais, talvez buscando algum conhecimento útil para o futuro. Maya, com seu espírito indomável, tentava interagir mais diretamente com os locais, embora encontrasse barreiras sutis em cada conversa. A frustração era evidente, mas ela se mantinha determinada a mostrar que os dorneses não eram tão diferentes.
Callahan Sand, sempre ao lado de Yessenya, observava tudo com atenção, seu olhar protetor nunca se desviando por muito tempo de sua senhora.
As ruas de Pedra Verde, apesar da tensão, ofereciam um refúgio temporário, e a comitiva de Yessenya estava determinada a aproveitar ao máximo aquele dia de pausa.
Ao final da tarde, quando o sol começava a se pôr, a comitiva retornou ao porto. O "Peregrino da Alvorada" estava quase pronto, e o Capitão Maron Blackwater assegurou-lhes que poderiam partir novamente ao amanhecer.
A vila de Pedra Verde, com seu charme e suas tensões, tinha sido uma parada necessária, mas todos os dorneses ansiavam por retornar à segurança de Alto Ermitério.
Quinto dia de viagemPartiram cedo no quinto dia, singrando o Mar de Dorne e tentando se manter afastados do arquipélago chamado de Degraus de Pedra. Segundo o capitão Maron Blackwater, havia muitos piratas naquelas águas, e por isso a tripulação tentava imprimir a maior velocidade ao Peregrino da Alvorada para tentar escapar de emboscadas marítimas.
De acordo com a lenda, os Degraus eram o que restara de uma ponte natural, conhecida como o Braço de Dorne, que conectava Westeros e Essos. Há mais de dez mil anos atrás, os Primeiros Homens usaram tal ponte para chegar no que era conhecido hoje como Dorne, e começar a invasão deles em Westeros. Os videntes verdes dos Filhos da Floresta usaram magia para destruir a ponte, formando o arquipélago chamado de "Degraus de Pedra", localizado entre o Braço Quebrado e as Terras Disputadas.
Myr e Lys, duas das Cidades Livres, têm constantemente guerreado pelo domínio dos Degraus. Várias vezes em sua história, Westeros também lutara por seu controle. Durante a Guerra dos Reis de Nove Moedas, uma batalha fôra travada neste local, terminando a ameaça dos Pretendentes Blackfyre.
Em metade de um dia, o "Peregrino da Alvorada" alcançou o Braço Quebrado de Dorne. Margear essa costa extremamente irregular exigiu bastante tempo, praticamente a tarde toda.
Foi já no fim da tarde que eles finalmente avistaram os magníficos Jardins de Água da casa Martell, um conjunto de palácios. Do convés do "Peregrino da Alvorada", enquanto navegava pela costa de Dorne, os Jardins de Água da Casa Martell emergiam como uma visão de esplendor sereno em meio à paisagem árida e desértica de Dorne. À distância, o palácio destacava-se com suas paredes de mármore prateado, brilhando sob a luz do sol poente.
Os Jardins de Água, construídos à beira-mar, eram um oásis de tranquilidade e beleza. Torres elegantes e esguias elevavam-se sobre a estrutura principal, com cúpulas ornamentadas e janelas arqueadas, oferecendo vistas panorâmicas do mar. As paredes externas eram adornadas com intricados mosaicos e azulejos de cores vivas, formando padrões geométricos e florais que contavam histórias de antigos tempos e celebrações. Ao redor do palácio, vastos jardins estendiam-se até onde a vista alcançava, cheios de fontes borbulhantes e espelhos d'água que refletiam o céu azul e as palmeiras graciosas. Árvores frutíferas e flores exóticas enfeitavam os caminhos de pedra, exalando fragrâncias doces que o vento do mar carregava até o navio. Pavilhões delicadamente esculpidos e pérgulas cobertas de trepadeiras floridas proporcionavam sombras refrescantes aos nobres que passeavam pelos jardins.
Os canais e aquedutos que serpenteavam pelo terreno eram uma das características mais notáveis, levando água fresca a todos os cantos do palácio. Essas águas refletiam o brilho dourado do sol, criando uma dança de luzes que parecia mágica à distância. O som suave da água corrente misturava-se com o canto dos pássaros, compondo uma sinfonia natural que chegava até o "Peregrino da Alvorada". Do navio, Yessenya e sua comitiva podiam apreciar a harmonia arquitetônica e a paz que emanava dos Jardins de Água. O contraste entre a opulência serena do palácio e o deserto circundante tornava a visão ainda mais impressionante. Era como se os Jardins de Água fossem um paraíso cuidadosamente cultivado em meio à vastidão árida de Dorne, um testemunho da riqueza cultural e do bom gosto da Casa Martell.
Mas o "Peregrino da Alvorada" não parara ali e prosseguira acompanhando a estrada costeira até enxergar os primeiros sinais de Lançassolar.
Do convés do "Peregrino da Alvorada", enquanto navegava pela costa de Dorne, a cidade de Lançassolar aparecia gradualmente no horizonte, uma joia cintilante à beira do Mar de Verão. Conforme o navio se aproximava, a grandiosidade e a beleza de Lançassolar tornavam-se cada vez mais evidentes, destacando-se contra a paisagem desértica.
As primeiras estruturas visíveis eram as muralhas altas e imponentes que cercavam a cidade, construídas com pedra dourada que brilhava sob o sol. As torres de vigia, estrategicamente posicionadas ao longo das muralhas, pareciam guardar a cidade com uma vigilância eterna.
Mais ao fundo, o Palácio Velho, chamado de Navio de Areia, se erguia majestoso, com suas altas torres e cúpulas decoradas. Este coração da cidade, residência da Casa Martell, exibia uma arquitetura intrincada e graciosa, misturando influências dornesas e rhoynares.
A cidade em si, a chamada Cidade Sombria, estendia-se em direção ao porto, era um labirinto de ruas estreitas e sinuosas, podia ser vislumbrada perto da costa, repleta de comerciantes vendendo especiarias, tecidos exóticos e produtos locais ao cair da noite.
O porto de Lançassolar era um centro de atividade vibrante. Navios de todos os tipos, desde pequenas embarcações de pesca até imponentes galeões mercantes, estavam ancorados ou se moviam lentamente pelas águas azul-turquesa do mar. Os cais de madeira estavam cheios de estivadores, marinheiros e comerciantes, carregando e descarregando mercadorias, suas vozes criando um coro animado de vida e negócios.
Mas o capitão Maron Blackwater também não pretendia aportar ali.
Ao longo da costa noturna, palmeiras esguias balançavam suavemente ao vento, adicionando um toque de verde ao cenário dourado e azul escuro. As praias de areia branca contrastavam com as águas cristalinas do mar, onde pequenos barcos de pesca flutuavam pacificamente, seus reflexos dançando na superfície ondulante.
O destino do "Peregrino da Alvorada" era Vila Tabueira.
Vila Tabueira, vista do convés do "Peregrino da Alvorada", apresentava-se como uma pitoresca e vibrante vila costeira de Dorne, na foz do rio Sangueverde. O porto era relativamente pequeno, mas bastante movimentado, mais do que o de Lançassolar. Conforme o navio se aproximava do cais, os detalhes encantadores e a atmosfera acolhedora da vila tornavam-se mais evidentes.
A costa era pontilhada com grandes e pequenas casas inteiramente de madeira, dispostas de maneira desordenada mas harmoniosa. As fachadas das casas eram coloridas, pintadas em tons de branco, azul e amarelo, refletindo a luz do sol e criando um ambiente alegre e vibrante. Varandas decoradas com flores e trepadeiras acrescentavam um toque de verde e vermelho ao cenário, enquanto roupas e tecidos secavam ao vento, penduradas em cordas entre as casas.
O porto de Vila Tabueira era modesto, com um labirinto de cais de madeira onde pequenos barcos de pesca estavam ancorados, seus cascos balançando suavemente nas águas calmas. O cheiro salgado do mar misturava-se com o aroma de peixe fresco e especiarias, criando uma sensação de autêntica vida costeira.
Maron Blackwater disse:
- Vamos aportar aqui por um dia para comerciar. Há muitos carregamentos descendo o Sangueverde ou vindos do Mar do Verão ou das Cidades Livres, e podemos fazer um bom dinheiro transportando mercadorias para outros portos. Você e sua comitiva podem ficar à vontade, Lady Yessenya.No coração da vila, uma praça central animada era o ponto de encontro noturno dos moradores. Barracas e tendas coloridas estavam montadas, onde comerciantes vendiam de tudo, desde frutas e vegetais frescos até tecidos exóticos e utensílios de cerâmica. O som de risos e conversas enchia o ar, junto com a música ocasional de um alaúde ou flauta, tocada por artistas de rua.
O septo local, uma construção simples mas charmosa feita de pedra clara, erguia-se em um lado da praça, seu sino de bronze ocasionalmente tocando e ecoando pela vila. Próximo ao septo, uma pequena fonte de pedra jorrava água fresca, onde crianças brincavam e mulheres enchiam jarros para levar para casa.
Para Yessenya e sua comitiva, Vila Tabueira era um refúgio encantador e acolhedor. A autenticidade e o charme da vila dornesa, combinados com a hospitalidade dos locais, ofereciam um descanso bem-vindo da viagem no mar. A simplicidade e a beleza da vida cotidiana em Vila Tabueira proporcionavam um contraste agradável com a grandiosidade de lugares como Lançassolar, reafirmando a diversidade e a riqueza cultural de Dorne.
OFF: Parei a narrativa aqui para não ficar coisas demais para ler e responder. Respondo as ações da Yessenya e posto o resto da viagem na próxima rodada!