Um mundo melhor para poucos

Oliver estranhou O Pirralho correr para dentro da loja de novo. Ficou do lado de fora enquanto olhava para a porta da loja, sem entender muito bem o comportamento do rapaz.

Não deixou de reparar, enquanto Pirralho estava sumido, na roupa de sua boneca. Arqueou uma sobrancelha enquanto pensava que faria uma roupa diferente para ela. Algo que lembrasse poder, agilidade e.... Poder de novo?

- Aaaah, você foi comprar! - ela disse quando o menino voltou.

Andaram pelas ruas e Oliver estreitou os olhos ao ver a rua um pouco mais vazia.

- Só quero dizer que estou armada. - não estava.

Oliver deu os ombros e caminhou com o amigo até a porta do prédio que parecia abandonado.

- Wayne Brothers. - apontou a marca.

- Que curioso!

Sorriu da coincidência. Mais alguma coisa para pesquisar depois, pensou.

- Mas.... - ela olhou desconfiada para o local. - Não parece ter ninguém aqui.

Oliver estreitou os olhos enquanto ouvia Pirralho falar e observava o amigo ir até mais próximo da entrada. Guardava a boneca em sua mochila junto com os quadrinhos quando...


Era engraçado como a vida mudava ou acabava em uma questão de segundos: uma decisão tomada ou uma ação em que você não tinha sequer nenhuma culpa ou chance de reação.

Não era nem um segundo. Foi mais rápido do que um segundo. Oliver apenas ouviu a explosão, mas parece que seu corpo não teve a chance de reagir porque o cérebro não conseguiu processar na velocidade necessária toda a situação.

Junto com a explosão, a visão de Pirralho sendo perfurado por estilhaços de metal e ferro. Era como um filme: tudo acontecia em uma velocidade que Oliver podia ver o que estava acontecendo, mas não tinha o entendimento do que se passava.


-Ggggh! - soltou o ar de seus pulmões quando bateu em cheio na parede. Oliver gemeu de dor e agora tudo parecia voltar à velocidade normal e parece ter tido tempo para entender o que estava acontecendo.

- Hughie? - chamou Pirralho pelo nome. Oliver piscou os olhos algumas vezes e a última, piscou fortemente, abrindo-os em seguida. Com a visão ainda turva, focou no corpo de Pirralho.

- HUGHIE?? - Oliver encarava os olhos de um Pirralho sem vida, com a cabeça parcialmente aberta e uma poça de sangue que o sujava por inteiro.

- Hughie..? - ela tentou erguer-se, mas tudo doía. Fez um esforço tremendo e iria até o amigo. Porém, a visão do que realmente acontecera era horrível: reparou toda a extensão dos ferimentos abertos de Pirralho.

Oliver tentou gritar, mas não tinha fôlego. Seu amigo estava morto! Morto e completamente quebrado. Sequer poderia dizer que ele fora, um dia, Pirralho. Aquele Pirralho que jogava vídeo game e que iria lutar com ela em uma rinha de robôs. Sentiu lágrimas em seus olhos. Por ele e de medo.

Sem conseguir dizer nada e ainda tentando levantar-se, Oliver olhou a freira e depois para a heroína verde próxima. Conseguia focar em Lanterna Verde. Lembrava-se de labaredas verdes quando tudo explodiu.

- Eeei, Lanterna Verde!!! - Oliver só pensava em conseguir ajuda para ela e seu amigo.

- Ele precisa de ajuda!!! LANTERNA VERDE!!! - Oliver tentava erguer-se apoiando-se na parede. Estava muito machucada.

- SALVA O HUGHIE!!

Sabia que Pirralho estava morto! Óbvio que estava morto!!! Mas não, não podia aceitar aquilo! Ela e Lanterna Verde TINHAM que tirá-lo de lá!! Assim, ele ficaria bem, não?

- PRECISAMOS DE AJUDA!

Oliver estava desesperada e quase não ouviu a freira que vinha andando de forma furtiva.

A Freira podia ouvir a respiração pesada de Oliver. Assim que ouviu a voz de alguém se aproximando e dizendo "ajudar", a menina institivamente olhou na direção da freira.

O rosto de Oliver estava sujo de lágrimas e sangue. O sangue era seu e de Pirralho.

Oliver começou seu movimento para ir ao encontro da mulher armada, mas mais uma explosão esverdeada aconteceu e agora, a freira estava partida ao meio.

Oliver só teve tempo de fechar os olhos e cobrir parte do rosto. Sentia o impacto do sangue e de pequenos pedaços do que era uma mulher bater sobre ela.

Não tinha forças para gritar e seu olhar foi de novo para Lanterna Verde. Encarou a heroína e agora, sabia que a mulher tinha conhecimento que ela e Pirralho estavam lá. Com a respiração pesada, Oliver constatou uma verdade: ela apenas não ligava para isso. A morte de Pirralho, para ela, não significava nada! Ela havia explodido tudo lá e sequer teve o cuidado de salva-los! Houve explosão por parte das freiras, mas Lanterna Verde tinha sido a principal responsável!!

- Eeeeeeeeeeeeei! - Oliver tentou chamar mais uma vez por Lanterna Verde, amedrontada. Talvez agora ela faria alguma coisa!

Mas.... A heroína foi embora! Foi embora e agora, somente havia escombros, corpos e um campo de batalha abandonado. E uma sobrevivente apenas.

Sem saber o que fazer, Oliver olhou em volta e sem muito tato, perdida no meio do terror e do esforço para assimilar a situação. Sentia seu corpo tremer e soluçava de medo, já que o choro cessara agora. Tudo que a cercava era o puro terror. Algo que jamais havia sentido.

Caminhou até O Pirralho e ajoelhou próximo a ele. Brigava com o fato dele estar morto.

- Pirralho...? - Falou baixo enquanto observava a cabeça com partes abertas e os olhos sem vida. Oliver olhou em volta e viu mais corpos de freiras.

Chorando, constatou que seu amigo não estava mais com ela. Sem pensar, indo no automático, ela pegou a K-Sandra e caminhou na direção da saída do beco. Apoiava-se nas paredes, com dificuldade para caminhar. O choque nçao a deixava pensar direito. Não conseguiu chamar por ajuda, Apenas andava para longe daquele lugar. Para longe de seu amigo.

O som alto da sirene traz algum conforto para Oliver. Ainda com dificuldade para respirar, ela suspira e sente novamente o corpo todo doer.

enquanto saía do beco carregando suas coisas e agora a K-Sandra de seu amigo Pirralho, ela ainda lutava para guardar tudo que aconteceu e tudo que viu naquele dia. Olhou em volta enquanto arrastava-se para fora do beco.

Quando perdeu suas forças, sentou-se na rua já mais movimentada, fora do beco. Coberta de sangue, os olhos de Oliver estavam sem foco por conta da situação traumatizante que passara. Respirava fundo tentando controlar os sentimentos e as mãos trêmulas. Detestava chorar na frente dos outros, mas agora, sentia as lágrimas no rosto, mas não sentia que estava, de fato, chorando. Era quase como se estivesse desligada.

Depois de 40 longos minutos, os policiais e bombeiros chegaram. Oliver, sem reação, deixou-se ser guiada e cuidada. Ouvia as vozes das pessoas e entendia o que elas diziam, mas tudo era longe demais. Era apenas uma cena que ela não fazia parte.

Ouviu alguém perguntar seu nome:

-.... Oliver. - disse tão baixo que era difícil entender. Completou mais baixo ainda: - Ele ainda está no beco. No beco. Ele... - Não conseguiu completar a frase. Sentiu as lágrimas caírem e apenas seguiu conforme foi conduzida.

Deixou os paramédicos fazerem os primeiros socorros e agora ela parecia, aos poucos, voltar. Olhou em volta, para a rua de onde viera, daquele beco horrível e escuro. Guardou onde foi o acontecido e onde estava. Como iria para casa? O que diria? O que... Não importava. Sentiu K- Sandra entre seus dedos.

"Pirralho." Era verdade mesmo? Aquilo era real?

Ouviu a voz do delegado e Oliver respondeu um pouco mais alto e segura de si.

- Minha avó.

Oliver morava com seus pais e uma prima da mesma idade, mas preferiu que chamassem sua avó. Sua avó sempre a tirava das enrascadas e seus pais pareciam não compreender muito bem a filha. Já a prima era excelente aluna.

Oliver engoliu em seco:

- Meu amigo tá lá ainda. Ele... Você vai buscá-lo, não? Eu... - balançou a cabeça em negativo. - Quero ir embora. Chama minha avó, por favor.

Oliver não acompanhou com os olhos o Chefe O'Hara afastar-se. A menina leu a expressão do chefe e sabia o que ela significava: Não havia vida a ser salva no beco.
Ela tentou não pensar nisso. Era difícil aceitar que não encontraria Hughie na próxima semana, ou na próxima e na próxima e na próxima.... Afastou esse pensamento.

Oliver baixou seus olhos para o celular que o chefe O'Hara lhe dera. Ela discou o número de sua avó e esperou que ela atendesse logo.

Porém... Sentiu a vibração de seu próprio celular. Viu o nome e fez cara de paisagem. Ela engoliu o choro e olhou em volta para ver se havia alguém prestando atenção nela. Evitou olhar para a direção do beco.

Desligou a ligação do telefone do chefe O'Hara. Oliver responde à ligação de sua fornecedora de serviços. Alguma normalidade seria bem-vinda naquela noite.

- Não posso falar, mas estou escutando. Diga. E rápido. Por favor.

E fungou enquanto, de maneira um tanto desajeitada, segurava seu celular em sua orelha e tentava manter-se coberta com o casaco do Chefe O'Hara.


(Uma dúvida: é um casaco da Polícia de National City?)

Oliver segurava o casaco e tentava concnetrar-se no telefone, mas era um pouco demais. Devido à situação estressante, quase jogou o celular longe para segurar devidamente o casaco.

Queria manter-se coberta. Aquele casaco e o ato cuidadoso de quem quer que tenha coberto ela ajudavam a afastar o sentimento horrível que derivava do que havia passado. Era um pouco reconfortante. Ela queria tanto algo aconchego que, enquanto desligava o celular para sua avó e o seu celular tocava, largou os dois e vestiu o bendito casaco.

Bufou enquanto ouvia a conversa. Ficar irritada afastava, também, a tristeza.


Quando atendeu o telefone, ouvia e não deixou de comentar:

- Então você sabe o que rolou. - falava baixo. - Eu posso me atrasar, mas logo te encontro.

E desligou. Oliver ficou um tempo parada, sentada enquanto observava o que se passava ao redor. As luzes das sirenes a incomodavam demais. Era tudo assustador. E que emrda, agora tinha que dar o fora.

"Mas o Chefe O'Hara foi gentil." Oliver ficava colocando as coisas na balança: confiar na polícia? Eles tinham ajudado ela. Parecia funcionar...

....Mas Lanterna Verde deveria ser parte de um conjunto que englobava pessoas como a polícia.

Oliver segurou o choro e olhou d eum lado para o outro. Ainda machucada, levantou-se discretamente e começou a esqueirar-se para fugir dali e ir encontrar sua informante.

Oliver ficou triste ao deixar a jaqueta na maca. Sentia-se desprotegida e agora, com a noite já instalada, sentia o vento frio cortar seus braços. Ela engoliu em seco, afastando o choro e tentando pensar de forma prática. Voltou a andar segurando firme K-Sandra em sua mão. Não tinha parado para ver que a boneca estava suja de sangue. Ela apenas andou, andou, andou. E a dor era sua companheira na tristeza e naquele esforço tremendo. Respirar doía e Oliver estava quase em seu limite.

Andava e parava para descansar. Repetia o processo até chegar próximo da empresa que deveria encontrar seu contato. E ela resmungava baixinho. Sentia-se cansada mentalmente e fisicamente. Porém, quando encostou em uma parede e fechou os olhos por um período, a imagem de Pirralho vinha a sua mente. Não conseguia surportar e voltava a andar.

Andou por uma hora e meia.

Quando chegou ao beco próximo da empresa, ela reparou na movimentação e ergueu os olhos. Primeiro, ficou receosa e estava pronta para sair de lá o mais rápido possível, mas reconheceu a moça que estava se trocando. Ia chamar seu nome, mas um dos homens foi mais rápido e começou a falar.

- Mas que..? - Oliver conseguiu sussurrar.

- Regina, que é isso? - esforçou-se para falar. Viu Claude se aproximar e seu instinto foi desencostar-se da parede e afastar-se dele. Os olhos iam de Regina para Claude.

- Eu sei quem você é! Você é o ladrão!

Olhou a moça se trocando, irritada e com as lágrimas já nos olhos.

-É sério, Regina?? Claude?? O que ele tem a ver com isso?

Olhou o homem mais atrás:

- E quem é aquele cara?!

E os olhos irritados foram para Claude.

- Como assim me esperando?! O que você sabe sobre mim? E ... E.. - tentou falar, mas a dor se intensificou.

Oliver teve que encostar-se na parede de novo.

- Por que estavam me esperando?

Olhou feio para Regina, esperando a explicação. Os olhos estavam cheios de lágrimas e segurava firme K-Sandra. Tinha muitas perguntas.

Oliver olha por cima dos ombros de Claude o outro homem. Depois, seus olhos vão de novo para Claude e depois Regina. Por que ela estava de perucas e se vestindo no meio de um beco??

Eram muitas perguntas que passavam pela cabeça da jovem. Tantas que sequer ouviu direito o que Regina estava falando.

De repente, Oliver sentiu vontade de vomitar e lembrou-se de tudo que aconteceu naquele dia estranho: Pirralho, as freiras, o sangue e toda a explosão. As pernas ficaram bambas e sentiu o mundo girar. Ela tentou falar alguma coisa, mas seu corpo doía demais e sentiu o sangue voltar a escorrer.

Tentou falar de novo, mas o mundo girou e ela caiu.


Oliver viu Pirralhoe K-Sandra. Sorriu quando o amigo sorriu para ela. E Oliver também tentou falar com ele. Ela tentou perguntar se ele estava bem, que teve um sonho doido onde ele morria, mas estava feliz por vê-lo bem!

Porém, sua voz não saía, ou não chegava até Pirralho.

E havia uma música ao fundo. Pirralho permanecia sorrindo e acenou para Oliver, que tentava chegar até ele e...

Abriu os olhos. A cabeça doía e ela olhou em volta. Quando percebeu onde estava tentou se levantar, assustada. Sentiu dores de novo.

- Porra....

Viu as bonequinhas e levantou-se para abrir a porta.

-Mas que porra..?

Uma FESTA? E Regina de peruca loira e o maluco do Claude e o homem do Milk Shake. Oliver fechou rapidamente a porta, com medo e pensando em como tinha parado ali.

Ela foi até a mochila e olhou seu celular. Que horas eram?! E sua avó? E seus pais? Procuraram por ela?

-Merda!

Pensou em fugir, mas Regina queria falar com ela. E ela era uma de suas melhores e mais confiáveis clientes. Que situação de merda que ela estava, Oliver pensou.

Foi até K-Sandra e ligou-a.

Abriu a porta e enviou a boneca, controlando-a, até onde REgina estava, Não ousava sair de onde estava.

K-Sandra, suja de sangue, levava um bilhetinho a Regina que dizia: "Regina, WTF???? Você deve uma explicação antes de eu picar a mula!!"

Fez K-Sandra cutucar Regina e chamar sua atenção para entrear o bilhete. Tinha a impressão que Regina não veria o celular agora.

Oliver xingou baixinho quando viu que estava há dois dias desacordada e sumida. Como será que sua avó estava? Seus pais estavam atrás dela?

E a ansiedade surgiu: Caralho, a polícia tinha o número de Dora! O que Oliver faria???

Pensava em tudo isso quando Regina abriu a porta. A música invadiu o quarto e Oliver logo levantou um rosto nada feliz para sua cliente:

- É, a robozinha é muito legal. Ela... Era do Hughie.

Ouviu a explicação e Regina, calada como a adolescente que era. Cruzou os braços enquanto estava encolhida na cama.

Sem olhar Regina, ainda como uma pirralha brava com os pais, Oliver disse:

- Ele...Eu... Sei lá o que dizer daquilo, Regina. Eu...O Hughie era...

Ela desistiu de falar. As lágrimas vieram e ela as limpou rapidamente.

- Por isso a peruca loira então? E essa festa é pra que? Lavar dinheiro? – apontou com a mão. Depois, voltou a cruzar os braços.

- Eu tô há dois dias aqui? E minha avó? E meus pais? Eles... Sei lá, me procuraram?

Olhou para Regina agora, preocupada e assustada:

- E a polícia?! Eles foram até a vovó? Aconteceu alguma coisa com ela?

E esperava as respostas de Regina. Entretanto, a mulher estendeu um Tablet a ela. Oliver o pegou e a princípio, não reconheceu aquela figura.

Quando ouviu “Lanterna Verde”, Oliver segurou o tablet com força, como se quisesse quebrá-lo. Por um segundo, não ouviu o que Regina estava dizendo:

- Ela tava lá e não fez NADA!!! Ela só explodiu a merda do lugar e o Hughie morreu! Por causa dela!!

Olhou Regina, irritada:

-E ela tá atrás de vocês, né? Se o Claude tá aqui e ele é quem matou o tal financiador... Aliás, qual operação que vocês tavam fazendo, que você tanto fala?

Oliver entregou o tablete para Regina, ainda baqueada e triste, mas agora, havia raiva em sua voz:

- E por que você me ligou? Melhor, por que o tal Claude sabia quem eu era e queria me conhecer?

Olhou para Regina, ainda desconfiada e brava:

- Vocês vão fazer alguma coisa pra deixar isso justo? – Regina sabia que Oliver se referia à participação da Lanterna Verde e do que havia acontecido.

Oliver respirava rápido, brava e triste. Sentiu de novo seu corpo doer. Ela sabia que ela mesma faria alguma coisa. Iria dar um jeito de vingar Hughie. Exporia tudo aquilo.

- Ou colocar ela em uma geladeira... (Em homenagem ao @GodsCorpse )

—A peruca é porque preciso convencer muitos dos membros desse grupo , que não sou eu... Me chame de Vanessa lá fora... Falei com seus pais que você estava passando um dia na casa de uma amiga... E me passei pela sua amiga. De certa forma é verdade.

Regina olhou para Oliver com uma expressão séria e determinada. Ela compreendia a mistura de emoções que o jovem estava passando naquele momento, mas sabia que precisava encontrar uma solução para a situação em que se encontravam.

—Oliver, eu entendo a sua raiva e frustração. Mas agora precisamos manter a calma e pensar em como lidar com tudo isso da melhor forma possível. A Lanterna Verde pode ser uma ameaça, mas não podemos agir precipitadamente. Precisamos de um plano.

Enquanto Oliver fungou, ela limpou as lágrimas da garota que ainda escorriam pelo rosto. A jovem hacker sabia que Regina estava certa, que agir impulsivamente só pioraria as coisas. Respirou fundo e olhou diretamente nos olhos dela.

—Estamos há algum tempo investigando os membros que poderiam substitiur os Sete depois das mortes deles... Suprema esta no lugar de Ultraman como nova líder, mas há uma lista de pessoas concorrendo para conseguir ser a nova financiadora do grupo quanto heróis que acreditam realmente na integridade deles. Precisamos investigar mais a fundo e descobrir os verdadeiros responsáveis por tudo isso. Eu tenho algumas conexões e recursos que podem nos ajudar. Vou entrar em contato com algumas pessoas de confiança e buscar informações sobre a Lanterna Verde e para vingarmos Hughie... Nós ainda não sabemos onde esta o Coração Estrelar, a jóia que age como bateria dos poderes dela... Precisamos vigia-la em seu apartamento mais ou por aquela região, se você lembrar qualquer coisa aquele lugar.

Oliver se sentiu um pouco mais aliviada ao ouvir as palavras de Regina. Sabia que estava ao lado de alguém em quem podia confiar e que estava disposta a ajudá-lo a encontrar respostas. Porém, ainda havia uma questão que a incomodava.

Regina olhou ao redor, verificando se estavam sozinhos no quarto. Satisfeita com a privacidade, ela se aproximou de Oliver e sussurrou.

—A operação que estamos fazendo se trata de uma revolução...
Oliver sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A gravidade da situação se tornava cada vez mais evidente. Ele sabia que precisava se manter alerta e tomar cuidado com suas ações.

—Estamos ajudando o grupo dos Prometéicos a derrotar esses deuses... Estamos apoiando os Zapatistas ao longo da fronteira que estão retomando os territórios mexicanos...Deve ter visto os protestos nas cidades depois que a cidade de Bonita foi explodida pelo descuido de uma Super... Estamos na cola dela também... A verdade é que não sei exatamente se Claude matou esse financiador, ele não fala muito... Nós nos conhecemos em algum tipo de Bar assim...próximo ao LAVO em Nova York...
Ele sabia que eu tinha uma pessoa para lidar com tecnologia, sabe, ele e eu somos jogadores analógicos em um mundo digital... Precisamos do seu toque.

Regina sorriu de maneira reconfortante.

—Vamos investigar, juntar informações, procurar aliados e elaborar um plano sólido. Não podemos agir de forma impulsiva, mas não vamos deixar que a morte de Hughie seja em vão. Vamos lutar por ele e por outras vítimas dessas lutas insanas dos Super...

Oliver sentindo um misto de tristeza e determinação sabia que estava prestes a embarcar em uma jornada perigosa, mas não tinha mais escolha.

Oliver fez que sim com a cabeça, ainda meio muda e soturna. Ela olhou de canto de olho para Regina:

- Tá, e minha avó? Eu tenho que dar um jeito de tirar o número dela do registro da polícia. A não ser que você tenha feito isso já.

Quando Regina fala de Lanterna Verde, Oliver toma uma expressão de raiva. Ela se controla para não responder Regina de forma atravessada. Deixa Regina limpar suas lágrimas e dá um leve sorriso diante do carinho. Isso acaba acalmando a menina e ela ouve o resto da explicação de Regina. Decidiu calar-se e deixar que ela terminasse seu raciocínio.

- É, eu quero vingar o Hughie, mas eu não quero a tal Lanterna Verde morta. - Oliver deu uma pausa. Regina pôde até pensar que a hacker tinha um coração muito puro para perdoar a assassina de seu amigo.

Porém...

- Eu quero arrancar todo o poder dela e ainda quero expor toda a merda que ela fez. Quero que ela seja tão odiada, tão envergonhada e triste que ela nem consiga sair da cama pra tomar banho. Quem dirá sair de casa.

E Oliver olhou no fundo dos olhos de Regina:

- E isso é só o começo. Eu quero que ela decida deixar de existir! E que ELA sozinha decida isso!

E segurou o choro de novo, com a voz embargada:

- Por mim, eu já tentaria achar esse vídeo dela destruindo suas amigas e o Hughie e já jogaria em todos os canais.

Limpou o rosto:

- Mas eu saquei seu lance e sei onde você quer chegar. Mas ela... Ela nós vamos derrubar feio, Regina.

E deixou Regina continuar, depois de deixar claro seus sentimentos em relação à Lanterna.

- E eu tô dentro. Pode me colocar no seu grupo. - Regina sabia que Oliver era, no fundo, também uma Promética.

Hughie não morreria em vão. Não mesmo. E alguém tinha que fazer alguma coisa.

- Só quero quatro condições: sem matar ninguém. Nada de sermos que nem a Lanterna Verde. Quero que a gente se preocupe com os outros, de verdade. Ajudar o máximo que pudermos.

- Minha família. A gente tem que dar um jeito de deixar ela fora disso. Eu sou difícil de rastrear, mas você sabe como é o negócio.

Oliver ficou quieta enquanto encarava Regina:

- Os outros dois eu esqueci, mas eu vou lembrar e falar depois.

Estendeu a mão na direção de Regina:

- Amigas e parceiras de negócios?