O monstro olha sem entender para Elliot, e então salta com suas garras para destroça-la.
E no ar as dimensões da criatura diminuem, em saltos acompanhados de um barulho semelhante ao amassar de um saco de papel. Menor, menor, menor! E desaparece como se nunca estivesse estado ali.
Antes que possa respirar aliviada, Yoko, a aparição da um grito.
“Ahhhh... O broche!, diz apontando a direção.”
Elliot avança e olha para onde o cano que ela tinha usado tinha atingido, partindo o chão com o impacto. Em meio a sujeira estava la o broche da raposa.
Tirando a poeira, e observando melhor, notava-se que o mesmo não tinha envelhecido com o tempo, continuando ainda brilhante.
O espirito se aproxima e olha para ela.
“Posso pegar?”
Elliot ouve passos de pessoas as suas costas, vindas do corredor. E vozes. “É aqui que ouviram o barulho!” “Barulho de metal, uma briga? Ou caiu alguma coisa?” “Eeeeekkk! Que medo” "Elliot!!!"
Elliot ouviu o estalo de seus dedos ecoarem pelo banheiro e por um segundo, tudo pareceu parar. Ficou perdida no som ecoando, esperando que alguma coisa diferente acontecesse. A própria criatura parou de se mover e olhou, curiosa, para a menina com o braço estendido.
De repente, ela começou a se mexer de novo e Elliot vê quase em câmera lenta a criatura pular em sua direção!
"Eu...Eu vou morrer aqui!!" O tempo sempre era relativo quando via-se a morte de frente. Elliot tinha os olhos arregalados e estava paralisada! Não conseguiu falar e nem gritar! Só pensou em seus amigos e sua família.
Foi aí que, de repente, a criatura começou a diminuir. O som de papel amassando juntou-se ao som de dor da criatura que foi ficando menor e menor! Foi um espetáculo estranho e medonho: a cada som de amassado, a criatura, em ritmo desgovernado, perdia tamanho, chorando até que, finalmente, ela simplesmente sumiu. Sua existência havia sido apagada!
- Isso foi... Eu fiz isso?
Elliot sentiu as pernas falharem e estava quase caindo sentada devido ao susto, medo e cansaço, mas o grito de Yoko a fez ficar de novo em prontidão! Ela ergueu o cano em posição de ataque, olhando em volta, mas Yoko falou do broche e Elliot ficou mais tranquila percebendo que não era um aviso de outro ser ou ataque:
- Broche?
Elliot viu o broche brilhante no meio da sujeira do banheiro. Ela abriu um sorriso:
- Conseguimos!
Cansada, ela ajoelhou-se para pegar o broche e estendeu sua mão para Yoko enquanto sorria de maneira meiga:
- É seu, Yoko-chan! Pode pegar! Espero que esteja mais feliz e tranquila agora!
Elliot ouviu as vozes, surpresa. Ela suspirou e voltou sua atenção à fantasma:
- Acho que você pode ir embora agora! Não precisa ficar aqui. E não se preocupe com mais nada, tá?
Elliot ouviu de novo as vozes se aproximarem:
- E lembre-se, você sempre esteve bonita, com ou sem broche. E sua avó não vai nunca ficar brava com você. Você foi muito leal se preocupando com ela. Agora vai! Espero que fique bem!
Elliot sorriu e encostou-se em uma das paredes, cansada e respirando pesadamente. Soltou o cano ao seu lado e deu um leve sorriso:
- E não se preocupa! Eu vou ficar! Eles logo vão chegar aqui e me ajudar!
- É seu, Yoko-chan! Pode pegar! Espero que esteja mais feliz e tranquila agora!
A fantasma via com incredulidade aquilo que tinha procurado por uma eternidade. As mãos espectrais de Yoko atravessam Elliot, mas conseguem segurar o broche. Uma expressão de alivio surge em sua face, que começa a brilhar.
Quando a luminosidade diminui, sua face esta diferente. Ela mantinha os cabelos negros e longos, mas ela tinha duas orelhas de... raposa?
“Muito obrigado, amiga! Vejo tudo mais claramente agora...”
- Acho que você pode ir embora agora! Não precisa ficar aqui. E não se preocupe com mais nada, tá? E lembre-se, você sempre esteve bonita, com ou sem broche. E sua avó não vai nunca ficar brava com você. Você foi muito leal se preocupando com ela. Agora vai! Espero que fique bem!
Yoko sorri, e aproxima sua mão da face de Elliot, porem sem toca-la.
“Sim, meu papel na Terra já foi cumprido. Obrigada pelas palavras de apoio, elas aqueceram meu espirito gelado pelo arrependimento. Não era a minha avó que me culpava, era eu mesmo. Estou com minha avo agora, aqui, no meu peito.”
- E não se preocupa! Eu vou ficar! Eles logo vão chegar aqui e me ajudar! Até mais!
O espirito sorri, e vai se apagando...
Elliot se recosta na parede, quando Mai, Hirotaka e mais alguns estudantes chegam.
“Voce esta bem, Elliot-san?!”
“Kyaaaaa! Voce quer nos matar de susto! Como é que voce vem aqui sem a gente? Estava morta de preocupação da Samara te pegar!”
Mai estava com cara de choro, quando ela olha para o lado e sente vontade de chorar mais... Ela aponta, tremula.
“O que que é isso agora?”
Os outros estudantes não conseguiam ver, e achavam que era uma gracinha sem-graça da princesa. Quando então perceberam que tinha um broche flutuando no ar. Todos saem correndo gritando, deixando Elliot, Mai e Hirotaka sozinhos no banheiro.
“Fascinante!”
Yoko tinha retornado, e ainda estava com o broche nas mãos.
“Minha avó me disse que é para deixar isto aqui com vocês... Como não deixei descendentes, o broche tem que ir para a sucessora. Elliot, pode entregar o broche para a Mai?”
Elliot observava, com espanto, a mão de Yoko passar por ela, mas conseguir segurar o objeto que queria tanto.
- Yoko-chan... - Elliot continuava com a mesma expressão de surpresa e incredibilidade ao ver Yoko brilhar.
"Que bonito!" Elliot pensava enquanto via a luz dourada e quente envolver a fantasma. Aquele aspecto tristonho, frio e meio... aquoso, dera lugar a uma aparição que irradiava calor. De repente, era como se o banheiro todo se iluminasse.
- Nossa, Yoko-chan! Esta é você mesmo?
Elliot ouvia a fantasma, deixando que a mesma se aproximasse dela. Não deixou de dar um sorriso quando ouviu a explicação da moça - raposa.
- Eu fico feliz que eu pude te ajudar! Essa foi... a primeira vez que consegui ajudar alguém como você. E vi uma coisa como aquela que nos atacou. Fico muito feliz que tenha ficado tudo bem!
Elliot sentiu algumas lágrimas virem a seus olhos, mas lutou contra elas. Continuava sorrindo.
- Que bom que está junto com a sua avó. Avós são especiais! Até a próxima, Yoko...
A fantasma lentamente sumia e Elliot começava a sentir o cansaço que aquela situação trouxe. Respirou fundo e pensava no que iria dizer aos amigos quando eles chegassem até ela. Encostou a cabeça na parede do banheiro enquanto via Yoko, aos poucos desaparecer. Foi aí que Hirotaka e os outros chegaram.
- Hirotaka! Mai!
Elliot disse em um tom um pouco cansado. Olhou os outros alunos, com um sorriso sem graça:
- Err. Obrigada, gente! estou bem! Tropecei só!
E depois voltou sua atenção aos amigos.
- Me desculpa por isso, Princesa Mai e Hirotaka. - ela se levantou e limpou-se.
- Eu... tinha que resolver umas coisas e...
Mai chama a atenção de todos e Elliot percebe o broche flutuando. Ela olhou Mai e depois o broche. Será que Mai conseguia ver o espírito de Yoko?
- Sucessora?
Elliot arqueou uma sobrancelha e foi até Yoko-chan. Com cuidado pegou o broche e o olhou. Não deixou de ficar mais surpresa ainda com a revelação de Yoko de que Mai deveria ficar com o broche.
"Seria por isso que a Princesa Mai tinha tanto medo de não ser 'normal'?", Elliot pensou. O que Mai era em tudo aquilo?
- Princesa Mai... Isso é pra você! Não seis e você consegue vê-la, mas... Você deve ficar com o broche, cuidar dele.
E Elliot olhou Yoko:
- É isso que ela deve fazer, não é? Cuidar do broche? O que a Mai-chan precisa fazer? O que a sucessora deve fazer?
- Princesa Mai... Isso é pra você! Não sei se você consegue vê-la, mas... Você deve ficar com o broche, cuidar dele.
Mai olha para o broche e vai se afastando, com as palmas voltadas para Elliot, visivelmente com muito receio.
“Eu consigo ver, e consigo ouvir, mas não queria nem ver nem ouvir. Isso é historia de espíritos, que meu oditchan contava quando era pequena, mas não quero fazer parte disso!”
- É isso que ela deve fazer, não é? Cuidar do broche? O que a Mai-chan precisa fazer? O que a sucessora deve fazer?
“Isso mesmo, amiga, foi o que minha obatchan disse. Mai tem que cuidar do broche, manter ele sempre por perto para que Ahri fique sob seu controle... Os selos de proteção já estão se quebrando, e o tempo é curto.”
O rosto de Yoko então se paralisa, como se percebesse algo.
“CUIDADO!”
Crek! Rachaduras no teto!
Antes que possa pensar em algo, Hirotaka se joga contra Elliot, empurrando-a com força. Os dois caem juntos, e logo depois vem o estrondo. Muita poeira é levantada, mas conforme ela vai baixando, é possível ver que parte do teto tinha caído!
A caixa dagua estava no chão, e começava a vazar agua pelos buracos e rachaduras.
Mas isto não era tudo. Por sobre a caixa dágua, estava uma criatura monstruosa, cor de carne, cheia de olhos e bocas e linguas. De seus lamentos e risos podia se entender o seguinte,
“V-v-vem brincar na caixa dagua, vem...”
Mai estava bem próximo da criatura, gritando, sem sair do lugar. O monstro se movia em direção dela.
“Kyaaaaaaa!”
Hirotaka estava desacordado, tendo um dos entulhos caído e batido em sua cabeça.
Yoko-tchan vai para próximo de Elliot, sua face mostrava urgência.
“Não há tempo, o monstro vai engolir sua amiga! O broche!!!”
Não esta mais em sua mão! Tinha caido proximo do monstro, mas ele nao tinha percebido. Ainda!
Elliot, ainda com o braço estendido, arregala levemente os olhos quando Mai faz a recusa.
- Mai! - Elliot sequer usou o "princesa" dessa vez, tamanha era a gravidade da situação.
- Isso não é escolha! Você tem que assumir sua responsabilidade! Eu sei que dá medo, mas eu aprendi que tem coisas que não dá pra fugir. Elas te encontram!
Elliot acaba por dar um leve sorriso.
- Eu vou ajudar você. Estamos juntas!
"Ahri?"
Elliot ouve o que a fantasma diz enquanto olhava para Mai. O que seria o Ahri? Será que Mai sabia o que Yoko-chan queria dizer com aquilo? Até mesmo sobre o selo estar se quebrando...
- Princesa Mai. Você sabe o que fazer.
Elliot esperou que Mai pegasse o broche de sua mão. Sabia, como ninguém, que aquele tipo de responsabilidade trazia medo. Quando sua avó e prima contaram sobre a profissão da família, não acreditou de primeira. Porém, no fundo de seu ser, sabia que aquilo tudo era verdade. Era difícil acreditar em situações que nos faziam sair de nossa zona de conforto. Talvez aquilo fosse crescer: assumir as responsabilidades e saber que, de certas coisas, não havia escapatória.
- Vai dar tud..!!
E tudo aconteceu rápido demais! Sem que Elliot pudesse fazer qualquer coisa, Hirotaka jogou-se contra ela. Elliot e o amigo caíram do outro lado do banheiro. A princípio, não sabia o que tinha acontecido. Não conseguia ver nada e teve dificuldade para respirar. A primeira coisa que viu foi um Hirotaka caído ao chão.
- Hirotaka!! - Elliot disse enquanto se levantava e ia até o amigo.
A água se espalhava em toda direção!
"Merda!"
Enquanto Elliot garantia que o amigo estava bem, ela ouviu a voz bizarra. Lentamente, ergueu seu olhar e não acreditou no que viu: uma criatura amorfa, que parecia falar diretamente dentro de sua cabeça! O cheiro era horrível e a fez ter vontade de vomitar!
- Não acredito...!
Porém, Elliot já estava um tanto quanto vacinada contra criaturas bizarras e estranhas. Ela engoliu o medo rapidamente e correu até o broche. Em um movimento rápido, chamou a atenção de Mai:
- Mai! Faz o que tem que fazer!!
E assim que terminou de falar, jogou o broche para a amiga:
- Confio em você!
Elliot assumiu uma postura defensiva:
- Eu vou proteger você o Hirotaka!
E Elliot estalou os dedos, gritando ainda:
- Tá na hora de aceitar as coisas! Não tem como fugir!
Elliot deu um chute na criatura, querendo chamar sua atenção:
- Ei, Gibering monster!! - gritou enquanto procurava o cano. - Eu já acabei com você em uma sessão de D&D! Vem pegar alguém do seu tamanho!
Esperava que sua amiga fizesse sua parte. faria o possível para garantir que eles ficassem bem! usaria quantas vezes fosse necessário seu poder!
- Isso não é escolha! Você tem que assumir sua responsabilidade! Eu sei que dá medo, mas eu aprendi que tem coisas que não dá pra fugir. Elas te encontram!.
“Eu não quero, eu sou normal! Vou viver uma vida normal... tenho muito medo de tudo isso...”
- Eu vou ajudar você. Estamos juntas! .
Mai esta tremendo toda... mas olha para Elliot, querendo alguém em quem confiar.
**
Elliot age rápido, sabia que não era tempo para planejar. Ela se ergue e corre ate o broche. Um dos olhos do monstro percebe e pisca reconhecendo o valor, e uma língua-tentaculo tenta pegar o artefato.
Antes que a língua pegasse, a jovem apanha o broche.
- Mai! Faz o que tem que fazer!! Confio em voce!
O broche é lançado por Elliot, que descreve uma curva para cair nas mãos de Mai.
Elliot não tem tempo de verificar a amiga, sua atenção esta no monstro a frente dela. Ela chama a atenção da criatura, ofendendo e chutando.
E então recebe sua atenção!
A criatura grita com todas as bocas, as línguas balançam como fitas no ventilador. Uma bocarra surge para engolir Elliot.
Elliot estala os dedos, e sente uma grande dor percorrer seu corpo! Quanto mais a criatura era poderosa, maior o efeito chicote! A criatura guincha, e diminui um pouco de tamanho. Mas retoma o ataque.
Elliot se concentra novamente, e uma dor lancinante, mais forte que a primeira, toma conta de seu corpo. Sangue começa a escorrer pelo nariz. A garota esta zonza.
Ela volta seu olhar para Hirotaka, inconsciente. Mai por sua vez esta lutando contra si mesma, contra seu próprio medo. Se estalasse os dedos mais uma vez, Elliot sabia que ia morrer.
E a boca do monstro vindo.
Elliot ergue sua mão, para estalar de novo.
E alguém entrelaça sua mão com a dela, impedindo o estalo mortal.
Era Megumi Fushiguro.
“Elliot, voce já fez muito. Pode deixar.”
Zonza, ela ve Megumi saltar e virar um vulto... atacando com dois... cachorros?
Uma outra mulher, com uma espada... Ela grita alguma coisa para Elliot... Akame?
E das suas costas, alguém salta para explodir o monstro no meio!
Mai?
Inconsciencia.
**
Elliot sente a luz do quarto entrar pelas suas pálpebras. Quando abre os olhos, ve que estava numa cama de hospital, com soro fincado em seu braço.
- Eu também estou com medo, Princesa Mai, mas estamos juntas!
E Elliot estaria com a amiga para o que der e vier.
**********
Elliot pega o broche um pouco antes da língua monstruosa conseguir fazê-lo. Sentiu um pouco do hálito e da saliva do bicho em sua mão, que por pouco não levou o objeto desejado! Era nojento, mas Elliot focou no que tinha que fazer: jogou o broche na direção de Mai. Realmente confiava que sua amiga faria o que tinha que fazer, enfrentando o medo que sentia e deixando de fugir do que realmente era.
Assim que livrou-se do broche, Elliot não teve tempo de prestar atenção nas reações de Mai. Havia muita coisa em jogo e agora, a situação parecia muito pior do que a que enfrentara sozinha.
"Esse bicho é diferente. Não é como aquela gralha de antes."
Ela tinha os olhos fixos no monstro, parecendo perceber uma diferença entre eles, mas não sabia exatamente dizer qual. A primeira criatura era assustadora, mas não tinha uma aura tão ameaçadora quanto esta. Essa deixava tudo mais denso, mais pegajoso. Era uma presença realmente maligna.
Elliot engoliu em seco ao ver as inúmeras línguas e a imensa boca agora abrir para seu lado. Ouviu o som saindo da boca gosmenta. Era um lamento, um choro e ao mesmo tempo, um convite infantil para uma brincadeira.
- Sai fora, gibering!
Como se fosse para espantar o medo, Elliot sorri. Porém, não era um sorriso que seus olhos acompanhavam. Seu olhar demonstrava o medo que sentia, a dificuldade que estava tendo para lidar com tudo aquilo. Porém, só tinha uma escolha: resolver o problema e salvar seus amigos. E era isso que iria fazer! Agora, não era apenas ela, mas Hirotaka e Mai estavam lá!
"Vocês deveriam ter ido ao Obaka... Droga!" Pensava preocupada com os dois.
A criatura não perdeu tempo e avançou para cima de Elliot. Quase que instantaneamente, ela estalou os dedos.
-Aaaaaaarght!
Deu um grito quando sentiu a dor invadir seu corpo como um raio. A dor começou na ponta dos dedos e espalhou-se por todo seu corpo. Por um segundo, sentiu-se incapaz de estalar os dedos de novo e até movimentar-se era difícil.
"Mas que porra foi essa?"
Segurava a sua mão dolorida com a outra enquanto a olhava, sem entender. Será que havia um limite para aquele poder? A força da criatura impactava no resultado?
"Então é nisso que ela é diferente da gralha? Ela é.. Forte! E eu sou fraca? Não funciona?! Mas que houve? Por que?? AGORA NÃO!!"
Elliot olhou Mai e Hirotaka. Os olhos estavam arregalados.
Ainda com dor e vendo a criatura menor, mas ainda avançando sobre ela, estalou o dedo de novo enquanto xingava, em inglês, a criatura. E quando o fez...
A dor foi pior! Dessa vez, Elliot sentiu que quase perdera os sentidos. Sentiu algo quente em seu rosto e passou a mão abaixo de seu nariz. Era sangue!
- Não... Eu não posso desmaiar agora!
De novo, olhou Mai e Hirotaka. Havia desespero em seu olhar. Sentia, enquanto segurava a mão que parecia que iria explodir de dor a qualquer momento, que a próxima vez que usasse sua técnica, iria...
- Hehehehe! - Elliot ergueu a mão e preparou-se para estalar os dedos. Sua mão tremia com a descoberta.
- Nós dois vamos sumir daqui, monstro.
Era a escolha que fizera. Era simples: salvar seus amigos. Se tinha essa possibilidade, essa chance, era o certo a se fazer.
Ela estava já juntando os dedos para finalizar sua ação quando sentiu uma mão quente entrelaçar seus dedos. Ouviu uma voz nova, mas que já conhecia...
- Megumi? - olhou na direção da voz e, zonza e fraca, com a visão um tanto turva, enxergou o que achava ser o rapaz. - Você... Tem que ir embora. O monge. E aqui é perigoso....
Não conseguia terminar sua sentença. Falava as ideias enroladas, com certa dificuldade. E depois, Megumi virou um vulto e atacou com dois cachorros.
"Ele também?" Já achava que talvez estivesse delirando.
Engoliu, enjoada, quando ouviu outra pessoa chamá-la. Ela virou-se na direção da voz, meio tonta, já quase perdendo sua consciência.
- Akame? - falou baixo demais.
Arregalou os olhos quando viu a figura vulpina saltar por ela e antes que pudesse dizer qualquer coisa, desmaiou.
*************** Elliot abriu os olhos lentamente e estranhou o teto branco e inteiro. Piscou algumas vezes e pareceu perceber onde estava.
- Ai...
Viu o soro, viu o quarto e estava um tanto confusa tentando lembrar do porquê estava em um hospital.
Colocou a mão na testa, pensativa.
-.... MEU DEUS!!!
Olhou na direção da avó, aos berros:
-VOVÓ, NÃO FOI UM SONHO, FOI?! CADÊ A MAI E O HIROTAKA? A AKAME APARECEU TAMBÉM! E O MEGUMI!!! VOVÓ, ACORDA!!!!!!!!! ESTÃO TODOS BEM?? O QUE FOI AQUILO??
-VOVÓ, NÃO FOI UM SONHO, FOI?! CADÊ A MAI E O HIROTAKA? A AKAME APARECEU TAMBÉM! E O MEGUMI!!! VOVÓ, ACORDA!!!!!!!!! ESTÃO TODOS BEM?? O QUE FOI AQUILO??
A avó de Elliot acorda com um tranco, e quase tem um treco, ao ver a sua neta bem. Ela começa a chorar e abraça Elliot com força.
“Shion-chan! Minha netinha! Que bom que voce esta bem! Ficamos tao preocupados, voce ficou um dia inteiro sem acordar... Estão todos bem, graças a voce, minha netinha corajosa!”
A avó vai ate a porta, e avisa que todos podem entrar. Infelizmente a porta não era grande o suficiente, e por um tempo todo mundo ficou entalado, cada um querendo ser o primeiro a entrar.
Obatchan com sua voz de comando, “baka”, poe ordem na bagunça, e entram todos, sem se importar com o limite de pessoas para visitas.
Estavam lá Mai, Hirotaka com um curativo na cabeça, Akame e Megumi. Cada um trazia flores, bombons e um barco de sushi. Mai esta com lagrimas escorrendo nos olhos e cara de choro quase descontrolado.
“Bw-huuu... Voce quase morreu para salvar a gente... minha princesa amigona para sempre...”
“Não vi nada no final, mas pelo que me disseram, foi algo incrível. Voce nos protegeu, e é isso o que os amigos fazem. Obrigado Elliot...”
“É, mandou bem para uma civil,” diz, e leva um cutucao da obatchan,”foi muito corajosa, prima...”
“Muita coragem... Voce ganhou um tempo inestimável, e com isso salvou a vida não só de seus amigos, mas de muitos outros estudantes também. Parabens!”, diz, com um sorriso nos lábios. Estava aliviado por ve-la bem.
Depois da confraternização, obatchan vem e cochicha no ouvido de Elliot.
“Seu pai tambem esta aqui, Shion-tchan… mas ele esta muito aflito, nao sabe o que falar com voce a respeito de tudo isto... Quer recebe-lo a sós? Ou prefere descansar?”
Nem gosto tanto dessa musica, mas achei que aqui encaixou. Ela vai tocando enquanto eles conversam hahaha
Elliot fica olhando sua avó, esperando as respostas, apreensiva. Ela se deixa ser abraçada e retorna o abraço. Fecha os olhos e abraça sua avó com força. Sentir o cheiro dela, mesmo que, de longe, houvesse notas de cigarro, era reconfortante. Ficou um tempo segurando sua obachan. Pensou que jamais a veria de novo.
- É bom estar aqui, obachan!!
Olhou nos olhos da avó e sorriu, com os olhos marejados.
- Um dia?! Cansada ainda estou um pouco.
E seu sorriso se abriu mais.
- Estão bem? Eu fiquei preocupada!
Elliot respirou fundo e olhou para o dia através da janela do quarto.
- Tudo era verdade então....
Elliot estava distraída, olhando os raios de sol entrarem pela janela. Nunca tinha reparado como aquilo poderia ser bonito. Enquanto isso, sua avó ia até a porta e avisava que ela tinha acordado. Quando ouviu a confusão de todos querendo entrar, inclusive, para sua surpresa Akame e Megumi, ela sorriu.
- Princesa Mai! Hirotaka! Akame! Megumi!
Agora, sentiu as lágrimas vindo enquanto observava que todos estavam bem! Tinha conseguido salvar seus amigos! Eles estavam junto com ela! E aquilo tinha feito sua luta valer à pena! Era pra isso que seus poderes serviam: para proteger.
- Vocês que me salvaram! Eu que deveria agradecer!
Riu um pouco sem graça enquanto enxugava as lágrimas com as costas das mãos.
- Hirotaka, valeu por ter me empurrado naquela hora. Desculpa se te machucou. - olhou o curativo na cabeça do rapaz. - Uma pena você não ter visto. Mas... Acho que você não teria visto de qualquer forma! - falou enquanto pensava que Hirotaka não podia ver coisas sobrenaturais.
E lembrou-se da forma vulpina que viu na cena:
- Princesa Mai, a raposa! Era você? Foi de verdade, né? Sabia que você ia saber o que fazer! Depois quero saber de tudo!!
Tinha vagas lembranças do que tinha visto. Uma forma saltar sobre ela e terminar de matar a criatura.
E é claro, para Akame, Elliot só deu um meio sorriso confiante:
- Civil não, little Akame! - balançou o dedo indicador da mão boa de um lado para o outro. - Fei-ti-cei-ra!!
E abriu um sorriso de verdade agora.
- Mas valeu por ter ido me ajudar!
E riu da cara de boba que Akame provavelmente faria.
Depois de rir, ela olhou para Megumi e seu sorriso ficou um pouco mais meigo.
- Parece que Nikko não é tão mais tranquila que Tokyo, né?
Olhou sua mão e lembrou-se da mão de Megumi sobre a dela. Ficou um pouco vermelha.
- Acho que tenho que te agradecer também. - e olhou os olhos do rapaz. - Megumi-chan!
Elliot olhava para ele como se compartilhassem um segredo, como se apenas os dois soubessem como ele a salvou. Sabia que os japoneses só usavam o "chan" para amigos próximos ou algo mais. Porém, Elliot sentia que aquele pequeno momento havia aproximado os dois de uma maneira que não entendia. Talvez só fizesse sentido para ela, mas... Ela não ligava se os outros não entendessem. E esperava que Megumi não se importasse. E é claro, lá no fundo, esperava que ele aceitasse que apenas ela o chamasse assim.
E é claro, pensava que estava doida por sentir-se assim por alguém que conheceu há pouco tempo.
- Quando eu melhorar, você me conta o que foi fazer lá no templo! Conseguiu falar com o monge?
Para o desespero de Mai, Elliot era muito curiosa. E Elliot tinha muitas coisas para perguntar! Queria saber mais sobre ele.
**********
(Off: Agora é a cena pós créditos hahaha)
Elliot alternava entre comer um sushi e um bombom. Estava morta de fome e percebeu somente quando todos foram embora. Estava cansada também. Esgotada. Quase morta. Queria dormir mais uns dois dias.
- O papai? - abriu um sorriso. Estava com saudades dele.
....Mas esse sorriso se perdeu quando sua avó disse que ele queria conversar com ela.
- Muito bem! - engoliu o sushi e olhou para a avó, determinada.
- Hirotaka, valeu por ter me empurrado naquela hora. Desculpa se te machucou. - olhou o curativo na cabeça do rapaz. - Uma pena você não ter visto. Mas... Acho que você não teria visto de qualquer forma!
“É, de fato, só teria visto uns estudantes com espadas e uma mulher-raposa destroçando o ar... De qualquer maneira, sua Obatchan disse que na nova escola eu vou poder ver as coisas como ela são. Finalmente!”
Obatchan alça os ombros e da um sorriso sem graça.
“É Shion-tchan, fiz as recomendações dos seus colegas para a nova escola também...””
**
- Princesa Mai, a raposa! Era você? Foi de verdade, né? Sabia que você ia saber o que fazer! Depois quero saber de tudo!!
“Kyyyaaaaa... Não sou mais normal! E tudo que eu sei, foi o que me contaram depois também. Depois que espetei o broche também apaguei.”
“Voce não vai querer saber dos detalhes, Mai.”
“Kyyyaaaaa!”
**
- Civil não, little Akame! - balançou o dedo indicador da mão boa de um lado para o outro. - Fei-ti-cei-ra!!
Akame faz cara de boba e ergue uma sobrancelha.
“Hum! Não vai pensando que tem recuperação na Escola Jujutsu.”
- Mas valeu por ter ido me ajudar!
Akame pisca um olho, com um sorriso de canto de boca.
**
- Parece que Nikko não é tão mais tranquila que Tokyo, né?
“Não mesmo... É uma cidade cheia de surpresas.”
- Acho que tenho que te agradecer também. - e olhou os olhos do rapaz. - Megumi-chan!
O tom carinhoso daquelas palavras faz com que o controlado Fushiguro abra bem os olhos, e sua mente volta para aquele momento.
Ele estava no templo, quando o monge contou da historia da fantasma da escola, o desaparecimento do broche sagrado de Ahri e o aumento do numero de casos de espíritos amaldiçoados. Então uma senhora que tinha o mesmo nome que ele, Megumi, apareceu com uma segundanista jujutsu, para pedir satisfações de sua presença ali... Só que o estrondo vindo da escola e a energia amaldiçoada forte que emanavam de la indicavam enorme perigo. E a senhora, preocupada, disse que sua outra neta tinha um poder muito perigoso, ativado com o estalar de dedos. Seu nome, Elliot!
A mesma Elliot que encontrara na noite anterior.
Seu coração disparou, e correu como nunca tinha corrido antes.
E quase, por pouco, não tinha se atrasado demais.
Elliot estava extremamente debilitada, por usar um poder amaldiçoado forte, sem compreender seus riscos. E ela estava disposta a usar de novo, para proteger seus amigos. Seu rosto estava determinado, e sabia o que estava fazendo, o que estava disposta a fazer.
Uma vez Todou perguntou o tipo de mulher que Megumi gostava.
“Uma mulher que seja dura mas amável, como eu. E tenha um forte senso de justiça.”
Antes de dar o estalo fatal, Megumi cruza os dedos de sua mão com a mão de Elliot. A jovem se espanta com o gesto, se espanta com a presença do próprio rapaz. Estavam opostos, não um de frente para o outro, mas lado a lado, como se tivessem feito um high-five. Mas a mão de Fushiguro era firme, demonstrando respeito e também carinho.
“Elliot, voce já fez muito. Pode deixar.”
Tudo se passa em instantes, e os olhar dos dois estão fixos.
Por um tempo ate que desconfortavelmente longo para os outros...
- Quando eu melhorar, você me conta o que foi fazer lá no templo! Conseguiu falar com o monge?
Megumi leva a mão na nuca, sem jeito.
“Ah sim... Bem, conversei com o monge, mas vocês praticamente resolveram todo o caso.”
**
- Melhor a gente se falar agora! Cadê ele?
Megumi estava colocando um sushi na boca, quando sentiu uma aura amaldiçoada monstro de tão forte. Ele arregala os olhos e vira-se lentamente em direção da porta. Passava por ela um homem de aparência jovem, cabelos negros curtos e engravatado, fumando.
Mai engole um grito e Hirotaka franze a testa. Akame revira os olhos e Obatchan tira o cigarro da boca dele e da um tapa na nuca.
“Ryunosuke, onde estão seus modos! Cumprimente os amigos de sua filha, baka!”
Fushiguro permanece espantado. O RYUNOSUKE!!?? Aquele que matou um demônio com apenas um lápis! E era o pai de Elliot?
“E ai pessoal?, diz fazendo um oi geral. Ele se volta para Elliot, e diz, em voz baixa, “então... a gente pode conversar a sos?”
Quando sua avó falou que também indicou seus amigos, Elliot, por um segundo, ficou um pouco preocupada. Muitas coisas passaram por sua cabeça: o medo de Mai, a incapacidade de Hirotaka de ver as coisas, os perigos que poderiam correr, mas...
Dessa vez, ela deixou-se levar pelo sentimento que estava em seu peito. Seu sorriso se abriu! Sentiu um calor em seu peito. Ficaria junto com seus amigos e enquanto estivessem juntos, tudo estaria bem!
- Hahaha! Essa notícia melhorou meu dia! Princesa Mai, Hirotaka! Vamos juntos pra escola Jujutsu!!
Olhou sua avó, sem muita certeza do que acabou de dizer:
- É pra lá que vamos, né?
*****
Elliot observa, curiosa, a interação de Mai e Akame. O que será que Akame quis dizer com aquilo?
- Por que, Akame? Ela parecia tão legal! Ahri, né? - Elliot fez um esforço para lembrar-se. Apenas uma imagem um pouco distante vinha a sua mente, mas lembrava-se do nome.
- Aliás, o que é isso? Ahri? E a Yoko-chan? Foi embora?
*****
Ficou surpresa com o pequeno sorriso de Akame. Lembrou-se de quando ela mesma e sua prima costumavam brincar juntas. Era uma pena que não eram mais tão amigas.
- Você vai ver! Eu vou passar sempre com nota 10! É uma promessa.
Disse com o mesmo sorriso.
*****
Elliot não sabia o que tinha levado Megumi até Nikko. Depois de toda a história que se desenrolou, podia imaginar. Ele provavelmente era um aluno da escola Jujutsu, mas, se vinha de Tokyo, deveria estudar por lá. Ficou um pouco triste com isso. Será que isso queria dizer que essa era a única vez que o veria?
Talvez tivessem enviado o jovem até lá para investigar o aumento de aparições, como sua avó havia comentado. Talvez ele só estivesse realmente investigando e acabou envolvido em uma briga que não era sua. Uma briga perigosa.
Talvez nem era para eles terem se encontrado. Elliot não sabia se havia coisas como coincidências, mas lembrava-se da meia lua que ele fizera quando estava de bicicleta. lembrou-se dele pedindo informações sobre o templo e das conversas que teve junto a ele e seus amigos. E tudo aquilo culminou para onde estavam agora. Será que existiam coisas como aquela? Alguma coisa tipo destino? Como as pessoas se encontravam assim, do nada?
E lembrava-se da mão de Megumi. Lembrou do calor que ela tinha e a forma que ele segurava a sua mão. No meio daquela confusão toda, mesmo zonza, conseguiu perceber claramente. No meio de tudo aquilo, do turbilhão de acontecimentos, houve a segurança que ele trouxe. Como aquilo existia? Era incrível! Elliot queria retribuir aquilo!
E permaneceu naquele pequeno momento compartilhado com Megumi, mesmo que, para os outros, tivesse sido um pouco longo. Não se importava.
- Então você foi conversar com ele sobre as aparições, né? Saquei!
Imaginou que foi assim que ele chegou, com Akame, em seu colégio.
- Ah! Você conheceu a Akame também!
E voltou-se para sua avó:
-Obachan, esse é o Megumi que eu falei!
Olhou para Megumi, erguendo os ombros:
- Meio péssima hora pra apresentações, mas ela é minha avó, Nakamura Megumi! - sorriu. Gostava que ambos tivessem o mesmo nome, mas não comentaria isso porque ficou com medo de deixar o rapaz sem graça.
- Megumi-chan, você já vai voltar pra Tokyo? - falou agora meio desanimada, mas tentava disfarçar com um leve sorriso.
****
Elliot sorria enquanto comia sushi com seus amigos e continuava conversando. Sentia-se agora um pouco cansada, mas não queria que fossem embora.
A conversa continuava e Elliot sorriu ao ver seu pai entrar no quarto. Não reparou na reação de Megumi.
- Papai!
E ela riu quando sua obachan bateu na nuca de seu pai e arrancou o cigarro de sua boca.
Abraçou o pai quando ele se aproximou. Ficou um tempo abraçada a ele e sentiu vontade de chorar. Era também um alívio vê-lo! Era bom saber que seu pai estava por perto e que poderia contar com ele caso acontecesse alguma coisa. Era seu porto seguro e sabia disso.
- Desculpa, eu sei de quase tudo agora. - disse baixo, para ele, enquanto estava abraçada a ele. Sua voz estava embargada por causa do choro que segurava.
Soltou o abraço e ofereceu um sushi ao pai.
- Sim! Podemos! Só podemos terminar de comer juntos?
Olhou por cima dos ombros.
- Também ganhei flores e bombons! Bonitos, né?
Olhou seus amigos:
- Mai e Hirotaka você já conhece!
Não falou de Akame porque obviamente, ele conhecia a prima de sua filha. Por fim, olhou Megumi e sorriu enquanto o apresentava:
- Esse é o Fushiguro Megumi! Ele me ajudou bastante também. Megumi-chan, esse é meu pai Nakamura Ryunosuke!
****
E depois de comer, seus amigos tinham que ir embora. Finalmente apenas a família estava lá. Séria, Elliot perguntou ao pai:
- O que vamos conversar?
(Já coloquei até um gancho pra conversa, caso queira adiantar =))
- Hahaha! Essa notícia melhorou meu dia! Princesa Mai, Hirotaka! Vamos juntos pra escola Jujutsu!!
“Vamos!”
“Kyyyaaaaa!”
- É pra lá que vamos, né?
Obatchan acena com a cabeça, sorrindo.
“Sim Shion-tchan, escola Jujutsu de Fukushima!”
**
- Por que, Akame? Ela parecia tão legal! Ahri, né? Aliás, o que é isso? Ahri? E a Yoko-chan? Foi embora?
Akame revira os olhos e balança a cabeça.
“Não se engane com as aparências, Elliot. Ahri, a raposa de 9 caudas, é muito instável. E parece que tomou um gosto pelo Fushiguro-san.”, diz, dando um sorriso de canto de lábio.
Megumi arregala os olhos, e depois olha para o lado, sem graça.
“S-s-sera?”
Depois de Elliot explicar quem era Yoko para Akame e Megumi, eles negam com a cabeça, dizendo que não a viram mais.
“Por ser uma descendente dos guardiões e ter recuperado o broche, deve ter seguido seu caminho. Cumpriu sua função na terra.”
- Megumi-chan, você já vai voltar pra Tokyo?
Fushiguro olha para o lado, levando a mão na nuca.
“B-b-bem... Eliiot-tchan... talvez eu possa… ficar alguns dias no templo para… concluir as investigações sobre Ahri... Isso.”
“Ah é! Tambem tenho muito interesse nisso! Podemos acompanhar juntos!”
Megumi se ve numa enrascada. Ele olha para Elliot, e para Mai, que esta com os olhos piscando, saindo purpurina.
“Maasss... depois tenho que voltar para Tokio, epoca de provas! Heh!”
**
A chegada do pai de Elliot causa grande impressão em todos que não são da família. Mas para Elliot, seu pai era só o seu pai. A expressão no rosto de Ryu se altera para a de amor irrestrito, aquela pela qual ele abandonou sua profissão de feiticeiro para seguir a de homem de negócios.
Eles se abraçam ternamente.
E depois conversam sobre coisas aleatórias, coisas de pai e filha próximos, depois de um longo tempo distantes.
- Esse é o Fushiguro Megumi! Ele me ajudou bastante também. Megumi-chan, esse é meu pai Nakamura Ryunosuke!
O olhar do pai fuzila Megumi, que sente um enorme frio na barriga ao sentir a energia amaldiçoada monstro dele. Obatchan da um croque no filho.
“Ryunosuke!!!”
“Prazer em conhece-lo. Obrigado por salvar minha filha.”
“O prazer é todo meu! Não foi nada senhor!”
**
A SÓS, COM A FAMILIA NAKAMURA
- O que vamos conversar?
Ryunosuke, que esta sentado numa cadeira com o encosto a frente, suspira, e acende um cigarro.
Obatchan pega o cigarro e joga fora pela janela.
Ryu olha para ela de canto de olho, e volta seu olhar então para Elliot.
“Sei que esta brava comigo... eu fiz o que fiz, porque eu te amo, Elliot-tchan.”
“Ela não esta brava com voce, seu Baka!!!”
“Ai tio, voce é muito denso!”
O pai de Elliot faz um gesto de espantar mosca para as duas.
“Tá, tá... Bem, se não esta nervosa, deveria estar... Voce deve estar querendo saber porque decidi esconder tudo de voce, durante todos esses anos... não é verdade?”
- Vamos tocar o terror em Fukushima! - deu um joínha.
Elliot falou essa expressão com um tom utilizado pelos Yakuzas. Foi, com certeza, Taka-chan que a ensinou aquilo.
Ela olhou Akame, ainda sorrindo:
- Akame vai ser nossa veterana! Cuide bem de nós, Akame!
****
- Raposa de nove caudas? Então é isso que a Ahri é?
Olha de relance para Mai. Então Mai parecia perder o controle quando dava espaço para Ahri aparecer.
E depois olhou para Megumi. Não tinha gostado do fato de Ahri gostar de Megumi. Elliot engoliu em seco, sem uma reação rápida. Porém, achou melhor disfarçar por enquanto, mas disse um pouco séria, disfarçando com um sorriso:
- Megumi-chan faz sucesso com os canídeos!
Lembrou-se dos cães de Megumi. Para uma não nativa, Elliot conhecia algumas palavras difíceis em japonês.
- Hmmm.. Ela disse mesmo que sua função na Terra tinha acabado e que o broche deveria ir para a sucessora.
Ela olhou Mai. Mai seria sucessora de que, exatamente? Ela sempre falava que era normal e nunca tinha dito sobre as histórias que seu avô falava. Será que a família dela era como a família de Elliot? Ou será que Mai sempre negou o que era, por medo de aparições e de não se encaixar?
Quando Megumi diz que ficaria mais um tempo em Nikko, Elliot sorriu, feliz.
- É, tô curiosa pra saber de onde a Ahri veio!
E Elliot repara na expressão de Mai. Ela arqueia uma sobrancelha, estranhando aquele jeito da amiga. Nunca tinha visto Mai agir daquele jeito. Parecia que estava... Encantada?
Quando Megumi a olhou, Elliot ergueu os ombros como quem não entendia o que estava acontecendo. Até ontem, ela morria de medo de sequer mencionarem a história de Yoko ou até da Murta que Geme.
-...... - Elliot ficou um tanto desconfiada. Sentiu um leve aperto no peito. Ela olhou Hirotaka de relance.
- Tem matemática nas Escolas Jujutsu? - quis cortar o assunto.
****
Elliot começa a contar a seu pai sobre como tinham chegado até a Murta que Geme e sobre a gralha e o Gibbering Mouther! Contou como havia usado seus poderes e como tinha se sentindo. Ocultou as partes que poderiam, de alguma forma, deixar seus amigos em maus lençóis.
Eles falavam também de trivialidades e coisas como notas em provas e que tinham feito enquanto estavam longe um do outro.
Já Elliot não tinha notado o olhar fuzilante de seu pai para Megumi. Ela também parecia não reparar na energia amaldiçoada que seu pai emanava. Ou estava já acostumada, ou para sua filha, ele realmente era só um pai. Continuava sorrindo enquanto sua avó corrigia os modos de seu pai. Certas coisas nunca mudavam. E não deixou de achar fofo Megumi cumprimentar seu pai. Elliot ficou um pouco vermelha, mas logo disfarçou.
****
Elliot vê a fumaça do cigarro correr, subindo na frente do rosto de seu pai. Sabia que o momento era importante e que ele estava preocupado. Conhecia seu pai e entendia que por trás daquela expressão quase desligada de emoções, existia alguém que não sabia muito bem como demonstrar o que sentia e não sabia bem como dizer coisas difíceis.
- Quando a obachan me contou tudo, eu fiquei um pouco brava.
Elliot olhou suas mãos, lembrando-se da dor que sentira.
- Mas depois que tudo aconteceu, depois de ver entender o que eu teria que abrir mão... - lembrou-se do que sentiu ao ter que, talvez, deixar seus amigos para trás, assim como sua vida de colegial, seu mundo cor-de-rosa. - Eu entendi porque você fez isso.
Suspirou:
- Eu sei que você fez isso pra me proteger. Não queria que eu tivesse contato com isso tudo. É perigoso, eu vi.
O monstro e a dor eram ainda muito recentes e a assustavam.
- Sei lá, eu nunca acreditei em destino, em coisas que têm que acontecer, mas depois de tudo isso também... - E lembrou-se de Megumi e de como tudo veio até ela: Hirotaka, a Murta que Geme, o banheiro. Tudo veio até ela. - Eu acho que existem coisas que a gente não pode fugir, por mais que a gente tente.
Lembrou-se de Mai lutando contra o que sabia, desde sempre. Ela sabia que ela "Não era normal". Mas aquilo veio ao encontro dela, mesmo que ela tentasse fugir.
- Elas vêm até você, papai. Talvez isso seja o tal destino que tanta gente fala.
Elliot olhou agora seu pai, sorrindo:
- Claro que eu quero saber. Eu acho que já decidi o que eu quero. Eu pretendo seguir com o que nossa família nasceu para fazer. Talvez eu tenha nascido pra fazer isso também. Mas, eu quero saber sua versão também.
Elliot abre seu coração para o pai, explicando como se sentia e seus sentimentos.
- Claro que eu quero saber. Eu acho que já decidi o que eu quero. Eu pretendo seguir com o que nossa família nasceu para fazer. Talvez eu tenha nascido pra fazer isso também. Mas, eu quero saber sua versão também. Até pra eu saber realmente o que tô fazendo.
O pai de Elliot pega na mão de Elliot, da um leve sorriso, e a beija.
Ele se vira em direção de Obatchan e Akame, faz um sinal de joinha e com os olhos brilhando, diz,
“Sou o melhor pai do mundo, não sou?”
“Não, não é! E para de enrolar!”
Ryunosuke franze a testa, faz uma careta, e se volta para Elliot.
“Fico feliz que tenha entendido, minha filha. Somente quando voce for mae, vai entender o que senti ao ver sua vida ameaçada... Fiz o que fiz, para te proteger, mas ao mesmo tempo, sei que não posso decidir seu destino,... e para mim, se voce aproveitou este tempo para crescer e se tornar a pessoa maravilhosa que é, considero que fiz a coisa certa.”
O pai de Elliot se aproxima e leva a cabeça de sua filha em direção ao peito.
“Eu sei que o mundo está ficando estranho... e se minha filha quer ser uma feiticeira jujútsu, creio que chegou a hora de eu voltar para a ativa também...”
- Sim, você é o melhor, papi! - disse junto com Akame e sua obachan, contrariando-as. Como seu pai, ergueu a mão e fez um joínha!
- Ai! - sentiu uma leve pontada no braço, que passou rápido. Olhou sua mão, fazendo bico. Esperava que logo aquilo passasse.
Elliot olhava o pai e concordava com a cabeça. Ele parecia não estar pronto para contar o porquê de ter saído do ramo. Por um segundo, seu olhar tornou-se analítico. O que será que realmente aconteceu? Parecia que seu tio Kaneda não tinha morrido como sua obachan havia dito. Elliot olhou discretamente para sua avó e sua prima. Será que elas sabiam? Achou melhor não falar nada por enquanto. Parecia que aquele passado ainda perseguia seu pai, de alguma forma.
- Eu acho que eu devo agradecer, né. Não se preocupa com isso. Eu acho que entendo o que você sente.
Respirou fundo, lembrando-se de como estava disposta a ir até o fim por seus amigos.
- Eu vou me cuidar! Juro!
Elliot abraçou o pai. Sempre sentia-se segura perto dele. Talvez o que os outros sentiam como uma energia amaldiçoada forte, Elliot sentisse apenas como amor paternal.
A avó de Elliot e Akame ficaram boquiabertas com a afirmação de Ryunosuke.
COMO É QUE É??:
Elliot Apenas sorri enquanto o abraça. Parecia que sua vida iria mudar completamente!
Descrição: A Escola de Jujutsu Fukushima é uma instituição renomada de treinamento de feiticeiros e exorcistas que se dedica a proteger a região de Fukushima dos espíritos amaldiçoados e criaturas sobrenaturais. Fundada há várias gerações, a escola é conhecida por sua tradição e excelência nas artes marciais e feitiçaria. Localização: A escola está situada em uma região remota de Fukushima, cercada por densas florestas e montanhas. A localização isolada é escolhida intencionalmente para manter os segredos das artes místicas que são ensinadas na instituição. Instrutores: A escola é liderada por um mestre experiente em jujutsu e feitiçaria, que é chamado de "Sábio de Fukushima". Ele é um poderoso exorcista e mentor dedicado, transmitindo seus conhecimentos e habilidades para as novas gerações.
INSTALAÇÕES
Edifício Principal: O edifício principal da escola é uma estrutura imponente, com uma arquitetura tradicional japonesa combinada com elementos místicos. O telhado é em estilo pagode, decorado com dragões e símbolos espirituais. No interior, há corredores amplos e salas de treinamento bem iluminadas, onde os estudantes praticam suas habilidades de jujutsu e feitiçaria. Dojo de Jujutsu: A escola possui um dojo espaçoso e equipado com tatames tradicionais, onde os estudantes treinam suas habilidades físicas de jujutsu, praticam projeções, imobilizações e golpes. Grandes lanternas vermelhas decoram o dojo, criando uma atmosfera mística e inspiradora. Sala de Treinamento Místico: Nesta sala, os estudantes praticam técnicas de feitiçaria e controle espiritual. O ambiente é cercado por artefatos antigos, espelhos esféricos e símbolos místicos nas paredes, proporcionando uma atmosfera de concentração e magia. Biblioteca Oculta: A escola possui uma biblioteca especial com uma vasta coleção de pergaminhos, livros antigos e manuscritos sobre feitiçaria, história do jujutsu e conhecimento espiritual. A biblioteca é um local sagrado para o estudo e a pesquisa dos estudantes. Alojamentos Estudantis: Os estudantes residem em alojamentos dentro do complexo da escola. São quartos simples, mas confortáveis, projetados para promover a convivência e a troca de experiências entre os estudantes. Campo de Treinamento Externo: Além das instalações internas, a escola possui uma área externa isolada, onde os estudantes realizam treinamentos mais intensos e práticos, enfrentando espíritos amaldiçoados simulados e situações de combate reais. Jardins Espirituais: A escola possui jardins meticulosamente cuidados, com fontes, árvores sagradas e pequenos santuários dedicados aos espíritos protetores. Os estudantes frequentemente meditam nesses locais para se conectarem com a energia espiritual ao seu redor. Refeitório: O refeitório da escola serve refeições saudáveis e nutritivas para os estudantes, incentivando uma dieta adequada para a prática de artes marciais e feitiçaria. As instalações da Escola de Jujutsu Fukushima são cuidadosamente projetadas para criar um ambiente propício ao aprendizado, à prática de artes marciais e à conexão com o mundo espiritual. Os estudantes são encorajados a desenvolver seus talentos, honrar a tradição e proteger Fukushima dos perigos sobrenaturais que ameaçam a região.
***
TRES MESES DEPOIS DO INICIO DO 1 ANO LETIVO
Que tedio. O dia estava muito frio e ventava forte e chuviscava. Elliot observava o clima deprimente pelas amplas janelas de sua sala de aula, enquanto esperava pelo fim do intervalo. Estava sem fome, e tinha deixado sua refeição pela metade na carteira. Infelizmente a escola Jujutsu também tinha aulas de Matematica.
“Ei, Terra chamando Elliot, esta na escuta?”
Era Mai Hasegawa, sua amiga de sala... Em uma sala com 4 estudantes apenas, o que era algo fora do normal. Não que os estudantes fossem normais, para tristeza de Mai.
“Nossa, me deu uma sensação de deja Vu agora,” diz, enquanto olha para as sobras de Elliot, “ei, voce vai comer isso dai?”
Incrivel como Mai não engordava, comendo o tanto que ela comia.
“Meninas, vocês precisam saber disto.”
Do nada, aparece sentado numa cadeira ao lado das duas Hirotaka Nifuji.
Mai leva um susto e quase cai para tras.
“Kyaaaa, para com isso! Quer me matar! Nem vem com historia de espiritio do banheiro, que o que tem mais aqui é espirito!”
“Sim, mas é sobre a nossa colega, Yoko! Então, ela é um caso raro, espirito materializado em um conjunto de agua, capaz de projetar imagens de quando ela estava viva na superfície, mas de uma maneira quase perfeita! Pelo que Elliot me disse, sua imagem espiritual de raposa foi suplantada para sua versão terrena, devido ao trauma causado por sua morte devido a queda da caixa dagua e perda do broche.”
“De quem vocês estão falando? É sobre mim?”, diz Yoko, sentada um pouco mais atras.
Mai revira os olhos.
“Não liga pro Hirotaka não, Yoko-tchan, ele é tão sem noção, que nem percebeu que voce tava ai o tempo todo.”
"Que téeeedio!" Elliot, nossa heroína, tinha uma careta em sua bela face de Princesa. Pensava e perdia-se dentro de sua cabeça enquanto olhava para o lado de fora das grandes janelas da Escola Técnica Jujutsu de Fukushima.
"Parece Nikko! Só chove! Detesto chuva e frio." Lá podia fazer calor, não?! Queria nadar no final de semana.
Sentia dor no corpo todo. E estava muito cansada. Muito muito cansada. A dor fez ela lembrar-se do treinamento exaustivo que tivera no dia anterior: apanhara, treinara alguns novos golpes e imobilizações, além de praticar sua técnica amaldiçoada. Isso tirou sua fome. Queria era dormir. Não tinha comido muito e apoiava o queixo em uma das mãos, que tinha o cotovelo na mesa.
- Hun?
Aquela cena era estranhamente familiar. Elliot olhou na direção de Mai, meio surpresa pela Princesa tê-la chamado.
- Ah, Princesa Mai! Desculpa, eu tô muito morta! - falou em um tom choroso enquanto soltava-se na carteira.
Elliot deitou a cabeça na carteira, relaxando seu corpo. O treinamento havia exaurido a menina: desde que chegara na Escola Jujutsu, passava os dias treinando não só sua arte de feitiçaria Jujutsu, mas também, seu corpo. Aprendera um pouco de artes marciais com os outros alunos da instituição, além de gostar de fazer exercícios como corrida e outros esportes em grupo que convencia Hirotaka e Mai a praticarem junto com ela. Era difícil convencer Mai a fazer algum esporte, mas a Princesa sempre acabava por concordar porque todos os 4 alunos de sua classe iriam praticar e ela não queria ficar pra trás.
Quatro alunos... A Escola era um lugar muito peculiar.... E era difícil colar nas provas de matemática com só quatro pessoas na sala e somente uma delas era muito boa na matéria: Hirotaka.
- Não vou comer, pode pegar! Eu tô cansada demais pra comer! - resmungava enquanto mantinha-se deitada.
Olhava para a janela. Levou sua mão até o campo de sua visão. Agora, além de treinar em maldições, ela treinava sua habilidade de diminuir em seres vivos. Diminuiu plantas, peixes e, relutante, alguns passarinhos. Fez os professores prometerem que cuidariam dos animais afetados, o que de fato, ocorreu: eles eram sempre alimentados e protegidos. Sabia agora que podia afetar seres vivos, mas ainda tinha alguma dificuldade em controlar o poder e não conhecia sua verdadeira extensão. Será que poderia focar apenas em algumas partes de um corpo, e não o objeto inteiro? Será que, dosando a energia amaldiçoada, conseguiria diminuir algum ser vivo, e ele depois voltaria ao normal? Eram muitas perguntas ainda sem resposta.
E sua mão a fez lembrar-se do dia em que Megumi a segurou. No dia que ele havia impedido sua morte. Deu um leve sorriso, mas que logo se desfez. Será que ele estava bem? Não o via desde que o levou até a estação de Nikko, quando o jovem voltou para Tokyo.
Desde então, trocaram algumas mensagens, mas a vida de estudante tanto de Elliot quanto de Megumi acabou preenchendo demais o tempo livre e as mensagens foram ficando cada vez mais escassas. Elliot suspirou enquanto pensava nisso. Será que ele ficava tão cansado quanto ela e será que um dia voltariam a se ver? Será que um dia ele visitaria a escola de Fukushima para vê-la?
"Ai, que bobeira! Acorda, Elliot!!"
Quase caiu da carteira quando Hirotaka apareceu do nada, erguendo os braços e dando um grito.
- AAAH, MAS QUE DROGA, HIROTAKA!!! Que mania de aparecer do nada! Aposto que faz isso de propósito!!
Parou e arregalou os olhos. Essa fala lhe parecia estranhamente familiar...
- Acho que já falei isso com você, né? - disse a menina ao amigo.
Elliot cruzou as pernas e se arrumou na cadeira, prestando atenção no que o amigo dizia. Ela arqueou uma sobrancelha:
- Hirotaka, você sabe que a Yoko-chan tá bem aqui perto da gente, né?
Elliot apontou para onde Yoko estava. Depois, ela virou-se para Yoko:
- Sim, Yok-chan! Ele tá falando de você, mas não liga. O Hirotaka sempre foi assim.
E ela suspirou, cruzando os braços:
- Aliás, como vai o treinamento de vocês? Eu acho que melhorei um pouco. E vocês?
Ela olhou Mai:
- Princesa Mai, você conseguiu domar a Ahri?
Seus olhos foram para Hirotaka:
- E você tá conseguindo ver as coisas e sentir melhor as ondas?
Depois foi a vez de Yoko:
-Errrr... E você, Yoko-chan?.... Bem, não sei muito sobre seu treinamento, mas tá indo bem?...
Olhou de novo pela janela, pensativa:
- A gente podia combinar de ir nadar esse final de semana, que acham? Você pode ir, Yoko-chan?
- Acho que já falei isso com você, né? - disse a menina ao amigo.
“Exatamente. Este paralelismo apenas comprova minha teoria, mas temo que sua revelação apenas cause pânico e desespero no mundo, então vou mante-la para mim.”
- Princesa Mai, você conseguiu domar a Ahri?
Mai suspira, enquanto mastiga o lanche de Elliot.
“Princesa Elliot, é complicado... Eu já conversei com a Ahri, e já entramos em um combinado, de levar ela para passear alguns dias da semana, em troca dela me emprestar parte de sua energia amaldiçoada. Sei lá, eu fico super-forte, sai umas garras da minha mão, e tudo isso me assusta, sem falar nas maldições que aparecem ai, que eu fico com muito medo! A professora me disse que é bom eu ter bastante medo, mas é difícil lutar com monstros com vontade de fazer xixi nas calças!”
- E você tá conseguindo ver as coisas e sentir melhor as ondas?
Hirotaka, com seu olhar distante, coloca a mão no queixo pensativo.
“Sim, a professora me disse que o fato de eu não possuir energia amaldiçoada, faz com que eu me torne proficiente em outro tipo de habilidade. Alunos como Itadori e Maki tem grande habilidade física, mas no meu caso, trata-se da habilidade mental... Com os óculos especiais agora posso ver as maldições, e ate estou conseguindo influenciar eles, já que a visão ajuda a sintonizar minhas capacidades para uma frequência espiritual.”
“Ou seja, explique de novo que a gente não entendeu nada!”
“Hmm, é estou treinando para afetar espíritos e maldições.”
-Errrr... E você, Yoko-chan?.... Bem, não sei muito sobre seu treinamento, mas tá indo bem?...
Yoko sorri. Sua face as vezes se distorcia um pouco, e vira e mexe fazia algum barulho de agua, mas de maneira geral ela parecia como se fosse uma estudante normal como eles. Normal?
“Estou indo bem sim, amiga... ainda estou me acostumando com este corpo... Hmm, desculpe por toda confusão que eu causei, ainda esta tudo muito nebuloso para mim, tenho poucas memorias da minha vida, só me lembro que devo muito a vocês... E que minha Obatchan me disse para proteger voce e a Mai.”
Mai balança a cabeça assertivamente e sorri. Só que ao ver a face de Yoko se distorcer é o suficiente para fazer com que ela solte seu grito fininho.
“Kyaaaaaa!”
“Ei, o que esta acontecendo?”
Então entra uma pessoa pela sala.
Ela tinha a pele vermelha como o diabo, alias, ela era como uma diaba mesmo, com chifres e rabinho. Tinha cabelos brancos e orelhas pontudas, e usava óculos de lentes cor de rosa.
“Kyaaaaaa!”
“Para Mai, não se acostumou ainda? Eu sou sua professora, Sasori Hasumi! E então, como esta o treinamento de vocês? Hoje é dia de orientação!”
Elliot arqueou uma sobrancelha e repetiu o que Hirotaka falou para tentar entender. Depois, balança a cabeça em negativo, com os olhos semicerrados:
-Espera! Que revelação é essa? Eu quero saber, mesmo que cause pânico e desespero!
E ficou olhando Hirotaka, esperando a resposta que faria as bases do mundo chacoalharem.
*****
E parecia que aquele dia ficava com conversas cada vez mais estranhas. Hirotaka e Elliot se olharam de relance.
Com os braços cruzados, Elliot deixa a cabeça pender para o lado:
-........ Como você leva a Ahri pra passear?.........
Imaginou a raposa de nova caudas solta em uma coleira puxada sabe-se deus como por Mai. Sua imaginação foi além e pensou que Ahri faria suas necessidades como qualquer bom canídeo.
-.................... - Esperava Mai responder, curiosa. O restante da resposta da Princesa Elliot sequer prestou atenção.
*****
Os poderes de Hirotaka, por outro lado, eram diferentes. Parecia que a maioria dos alunos dependia de força bruta ou de técnicas de maldição, como o tal Itadori, de que a professora havia comentado, e da tal Maki. Eram alunos de diferentes escolas Jujutsu. era engraçado pensar que havia mais escolas. Se todas tinham só 4 alunos por tiurma, por que não juntar tudo? Era muita despesa pra pouca gente.....
Já Hirotaka parecia depender de suas ondas cerebrais. Vai ver que os alunos do antigo colégio tinham mesmo razão por achar que Hirotaka poderia controlar mentes.
- Aaaaaaaaah, interessante. Será que você vai conseguir controlar mentes mesmo? Tipo, de gente? Hehehehe!!
Elliot sorriu de maneira sinistra.
- Você ia ser perigoso, Hirotaka!
Já os poderes de Yoko-chan permaneciam um mistério, mas Elliot imaginou que deveria ter alguma coisa a ver com a água. Olhou Yoko de relance.
"É. Água!"
Elliot tentou disfarçar e fingiu não notar que a face de Yoko mexia-se de maneira um pouco fluida demais.
"Não.... desviar.. dos olhos!!!" Pensava enquanto focava nos olhos da amiga, sem olhar para as distorções ou ligar para os sons de água. Sorriu um sorriso amarelo quando percebeu que Mai quase gritou quando Yoko-chan teve uma distorção de rosto.
- Acho que você está indo bem, Yoko-chan!! - sorriu agora de forma sincera. Estava feliz por Yoko estar junto deles. Talvez a fantasma gentil quisesse terminar algum trabalho aqui na Terra antes de partir. Queria perguntar a Yoko, mas pensou que deveria ter mais tempo de convivência antes deste tipo de pergunta.
- Você não precisa pedir desculpas! Tá tudo certo já e é bom ter você aqui!
Elliot faz um muque e sorri confiante.
- Não se preocupa em nos proteger! Eu protejo a gente!!
E olhou Mai e Yoko, ainda sorrindo. Depois olhou Hirotaka.
- Né, Hiro-kuuuuuuuuun?
No meio disso tudo, alguém entra rapidamente pela porta. Elliot ouve o grito de Mai e vira-se rapidamente para a direção da professora.
- Hasumi-sensei! Tudo de boa? O treinamento tá indo! Estamos todos mortos.
Falou por todo mundo.
Suspirou aliviada e sorriu quando ela falou "Orientação".
- Quer dizer que vamos só ficar na sala de aula, sem exercícios físicos?
por Hellkite Sáb Jul 22, 2023 10:38 am
