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ATUALIZAÇÃO DO MÊS DE MAIO Mesas que forem abertas para serem jogadas em outras plataformas
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ATUALIZAÇÃO DO MÊS DE JUNHO A partir de agora somente mestres com mesas ativas no fórum terão o nick laranja
para ficar mais fácil a distinção. Fiquem atentos que em breve teremos
um novo modelo de pedido de mesa!
- Entendi. Vamos ajudar! O que a Hasumi-sensei disse sobre a ancestralidade? Ela pode nos guiar também, dizendo o que podemos fazer. Aposto que a Princesa Mai e o Megumi-chan estão dispostos a ajudar também.
Hirotaka ajusta o óculos sobre o nariz, e acena com a cabeça.
“Hasumi-sensei acessou alguns arquivos e nos informou de maneira geral que tanto a família de Mai como da Yoko tem uma ancestralidade conjunta de muitas gerações, datando da época de Tokugawa (1600). Descobriu-se que a família da Mai tem a capacidade de ser reservatório da entidade Ahri, porem a sua possessão somente se da em momentos de grande necessidade. O objeto amaldiçoado de Ahri, o broche da raposa, é então guardado pela família vassala-guardiã de Yoko.”
Hirotaka volta seu olhar para Mai, que estava entretida abrindo os pacotes de pipoca e comendo.
“Falando agora de tempos modernos, Yoko não era guardiã ainda, em 2010 era a sua batchan. Quando ocorreu a fatalidade da caixa dagua, o sumiço do broche não foi associado a Yoko, e sim a algum grupo de poder jujútsu (assassinos ou religiosos), tendo permanecido perdido desde então. A morte da neta foi demais para a sua batchan, que faleceu logo após. Yoko não sabia das propriedades magicas do broche, mas tinha noção de seu valor, por isto permanecendo como espirito em inferno pessoal. Como eu tinha mencionado anteriormente, o registro Akashiko...”
“Não acredito que vocês tao falando de escola agora! Vamos relaxar, parou agora, hein?”
**
PROCURANDO LUGAR PARA SENTAR
- SABE POR QUE NINGUÉM TE DÁ BOLA??? PORQUE ALÉM DE TARADO, VOCÊ ATIRA PRA TODO LADO!! NADA DE ENCOSTAR NA MINHA CAMA!
Bachira suspira, fazendo cara de coitado.
“Eu? Que culpa tenho eu, só estou expressando meu apreço pelas gatas de Fukushima... ah, essas mulheres... se eu ignoro, acham que sou esnobe, e se eu aprecio, me chamam de tarado... hmm, que cobertor cheiroso... é de amaciante ou é o seu cheiro natural?”
**
E COMEÇA O FILME
- Ah, Akame. É como você disse. Temos que saber dar espaço pra você sacar sua espada. E acho que qualquer um pode estar no seu time. Então todo mundo deve treinar! Pode deixar que eu vou ser ligeira se acontecer alguma coisa!
Genko se divertia com tudo aquilo. Imediatamente ele apoia Elliot.
“É verdade Akame! Eu e a Elliot estamos treinando combate físico, e rapidinho ela sai do seu caminho, pelo menos da espada, kekeke!”
***
E AHRI APARECE
- Ahri? Tem certeza que é uma boa ideia, Princesa Mai?
“Blub! Não é fácil negar alguma coisa para a raposa de nove caudas... desde antigamente era assim... Princesa Mai é forte, mas ninguém consegue controlar Ahri...”
“Uma força da natureza! Maldições antigas ninguém controla! Como dizia meu ex-mentor... hmm... deixa pra la...”
- Talvez seja melhor deixar isso pra outra hora.
“Não vai dar amiga...”
**
“Oi Elliot! Poderia me dar lugar, quero ficar do lado do Megumi-chan! Só um pouquinho, não vou demorar...”
“Ahri, acabamos de começar a ver o filme. Não vamos trocar de lugares, vai acabar atrapalhando todo mundo. E tanto a Elliot quanto a Mai querem ver o filme. Além disso, por favor, me chame de Fushiguro-san ou até Megumi-san. Não me chame de Megumi-chan. ”
- Ahri, talvez depois você possa falar com ele. A Princesa Mai quer ver o filme também. E eu e o Megumi também.
As pupilas dos olhos de Ahri começam a afinar e sua face se torna mais a de um animal raivoso, suas mãos se tornando garras afiadas como adagas. Todos sentem a enorme pressão produzida pela energia amaldiçoada de um ser antigo e poderoso, fazendo com que todos instintivamente assumam uma posição preparatória de combate.
Porém tudo se vai em um instante, e Ahri volta a sua bela forma feminina, como se não tivesse acontecido nada. Ela faz um biquinho e se senta do outro lado de Megumi, querendo ficar encostadinha dele. O rapaz sem cerimonias volta suas mãos espalmadas para ela, indicando que queria seu espaço pessoal.
Um leve tremor em sua sobrancelha, mas ela se segura.
“Muito bem, Megumi-san. Entendo que voce esteja assim seco comigo, ainda mais depois do beijo que eu te dei em Nikko. Quero que me perdoe, mas não resisto a um rapaz bonito e poderoso. Para mostrar que estou arrependida, eu me vou... É injusto deixar a Mai sem saber das coisas que estão acontecendo aqui, então vou trazer ela de volta...”
Ahri se aproxima e cheira Megumi.
“De banho tomado... quase não sinto o outro cheiro...”, diz, dando um sorriso safado com os dentes a mostra.
A imagem de Ahri começa a tremeluzir, e então Mai reaparece.
“Ainda bem que a Ahri se comportou, né? Vou ficar sentada aqui, tudo bem, Megumi-san? É mais confortável! O que vocês estão olhando?”
Todo mundo, que estava acompanhando as cenas acima descritas, então se volta para assistir um filme, que comparado ao que ocorreu, estava bem menos interessante...
- Nakamura Yamino. – O homem alto, de vestes do que parecia ser o período Heian, recitava o nome que fazia todos os presentes tremerem.
- Você está diante deste tribunal acusada de assassinato, associação com Ryomen Sukuna e pela tentativa de roubo do Fogo de Amaterasu, o que resultou na morte de sua hospedeira.
Sussurros entre os presentes. Sussurros horrorizados e lamentos pela perda do Fogo de Amaterasu. Os olhos todos apontavam para Yamino.
- Como é de nosso dever e jurisdição, o clã Nakamura a condena à pena capital, sem qualquer direito de defesa ou recurso. A pena será realizada no fim deste dia.
Somente um olhar percebe que Yamino tremeu diante da sentença:
O olhar de Akaru.:
A mulher mais velha, impassível, observa Yamino sentir o gosto da ira subir à garganta.
- Você tem algo a dizer? – O homem finalmente terminou.
Coberta pelo manto, os olhos de Yamino não podem ser vistos.:
Eles apenas sentem o ódio que a mulher estava vivenciando através de sua voz, que ecoou como um trovão:
- Vocês não sabem o que estão fazendo! Este júri é apenas uma farsa!! Akaru, diga alguma coisa!
Akaru permaneceu imóvel. Ela, mais do que ninguém, conhecia os jogos que Yamino jogava.
-.......
Quando os guardas se aproximavam de Yamino para leva-la, Akaru ergueu sua mão. O ar e o local ficaram estáticos.
- Você zomba de nós, Yamino. Acha que a morte lhe livrará, não acha? Acha que voltará como uma maldição ou algo pior. Acha que conseguirá nos matar depois de morta.
Akaru controlava sua voz para que a raiva não saísse:
- Seu castigo será a servidão ao clã Nakamura. Seu espírito ficará selado em uma espada amaldiçoada, onde você só poderá sair quando matar 1 milhão de seres amaldiçoados!
Akaru apontava para a ré, que agora tinha a respiração suspensa. Todos os olhares foram de Akaru para Yamino.
- Este número é pouco diante do que você fez. – Akaru completou. - Até lá, pense no que nos roubou. Pense que me roubou Hikaru.
Mais uma vez, o ar ficou pesado. Era como se ao tempo não fosse permitido passar naquele lugar.
Ninguém ousou contestar a ordem e apenas a voz de Yamino podia ser ouvida enquanto ela era carregada, aos berros, para fora do tribunal da Casa Nakamura. Akaru permanecia calada, lutando contra as lágrimas.
Yamino nunca mais foi vista.
Fukushima, 15/09, 4:30 da manhã
Em Fukushima, Elliot levanta em um susto da cama. Seu coração preenchido por uma raiva que não sabia de onde vinha. Uma raiva que a consumia. Demorou alguns segundos para acalmar-se e reparar que estava na Escola Jujutsu.
- Um sonho...?
Elliot sentiu um vento frio, um arrepio em sua espinha. Triste, sussurrou um nome:
-Yamino....
Kyoto, 15/09, 4:30 da manhã
Ryunosuke estava cansado. Sentado no banco de trás de seu carro, ele ouviu um grito feminino e sentiu a espada que estava a seu lado tremer.
-......
Ele pegou a arma e seus olhos a observavam. Com o que era um rascunho de um sorriso dúbio, ele disse:
- Ainda não é sua hora, Yamino.
A espada estava imóvel. Nenhuma reação ou som.
- Eu ainda tenho planos para você. - ele disse sem nenhuma emoção.
Em algum lugar onde não existia tempo, com os olhos cobertos, Yamino encarava uma árvore de cerejeira, único objeto além dela naquele espaço vazio.
A bela casca da árvore estava quase coberta de cicatrizes. Faltava tão pouco.... Yamino encarava-a, presa em sua própria ira.
Elliot escuta a resposta de Hirotaka e arqueia uma sobrancelha.
- Hirotaka, você fala até seus parênteses. Interessante. – ele tinha muitas informações importantes para serem divididas. Ele deveria realmente fazer um seminário.
A menina acompanha o olhar de Hirotaka para Mai, depois volta a olhar o jovem enquanto conversavam.
- Hmmm... Então a Princesa Mai e a Yoko-chan possuem um histórico. Trabalharam juntas e é por isso que a Yoko-chan disse pra passar o broche pra Mai. E o avô da Princesa Mai sabia disso tudo e contou pra ela. – Elliot ia mexendo o dedo indicador de um lado para o outro enquanto contava a história. – Faz sentido.... Eu acho.
Elliot lembrou-se de como Mai lutou contra seu próprio destino. Havia coisas que realmente era impossível fugir. Ouvia a explicação de Hirotaka e não deixou de pender a cabeça para o lado quando Hirotaka falou um de seus parênteses.
- Assassinos ou religiosos? Como assim? – Elliot deixou escapar. Não se lembrava de nada disso! Quando Hirotaka ouviu falar sobre isso? Porém, ela logo recompôs. Não queria se passar por idiota. – Quer dizer, eu sei mais ou menos... Enfim.
Ela esperou Hirotaka morder a isca e soltar alguma informação sobre o assunto, mas a Princesa Mai logo cortou a conversa. Elliot sorriu sem graça para a amiga:
- Desculpa, Princesa Mai! Vamos parar por aqui!
Mas Elliot olha Hirotaka, determinada:
- Depois, vamos ajudar a Yoko-chan! Amanhã vamos atrás da Hasumi-sensei e ver no que ela pode nos direcionar!
****
Elliot sente o sangue ferver com o comentário de Bachira. Todos a ouvem rosnar e Elliot acaba por dar um belo soco na cabeça de Bachira:
- NÃO INTERESSA!!!
**** Elliot estava de braços cruzados, com os olhos fechados e um meio sorriso vitorioso enquanto ouvia Genko.
-É isso aí, Genko! Tá certo!
Depois, ela não tem tanta certeza se Genko a defendeu. Começa a tentar entender o que o amigo quis dizer.
-Err... Eu acho. Você tá me ajudando, né?
**** Elliot engoliu em seco com a resposta de Yoko. Era engraçado ouvir ela falando de Ahri, agora que Elliot sabia que Yoko fazia parte de uma família vassala que servia a família de Mai. Então, era por isso que Yoko-chan jurou defender Mai também. Elas estavam ligadas. Ainda.
- ... Desde de sempre então... – Elliot olhou de relance para Mai, que brigava com Ahri. Devia ser difícil ter alguém convivendo de uma maneira tão “próxima”. Elliot se perguntou até onde Mai sabia do que Ahri fazia ou dizia. Sabia que ambas conversavam, mas, até onde eram separadas?
E é claro, o comentário de Akane não passou desapercebido. Porém, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Sua atenção estava em Mai. Elliot tinha os olhos na amiga, que logo o corpo começou a tremeluzir e deu espaço a Raposa de Nova Caudas, o que deixou todos no quarto impressionados.
*****
Elliot ia abrir a boca para responder, mas Megumi foi mais rápido. Seu coração bateu mais forte com a resposta dele e ela deu um sorriso bobo.
Ela conseguiu responder e a reação de Ahri chamou atenção da menina. Elliot arregalou os olhos e sentiu novamente o peso da presença de Ahri. Aquela era a presença de uma maldição antiga, de um ser poderoso! Aquilo era estar presente diante de algo que não se podia explicar.
“Pesado!!” Elliot sentiu o estômago ir ao pé, nervosa e impressionada com aquela energia amaldiçoada que vinha de Ahri. Será que havia mais maldições poderosas como Ahri?
Todos ficaram um tanto quanto nervosos e pareciam prontos para lutar, caso fosse necessário. Com os olhos um tanto arregalados, ela pensou na possibilidade de realmente haver algum tipo de contenção de Ahri...
“Droga...” Pensava enquanto sentia a presença de Ahri crescer e crescer, a pressão preenchendo o quarto e fazendo seus amigos rangerem os dentes. Era como se todos percebessem a real ameaça que Ahri poderia se tornar.
Ela só se acalmou ao sentir Megumi ao seu lado. Estava com os ombros tensos quando, de repente, Ahri pareceu encolher e voltou a sua forma feminina. Todos ficaram tão confusas quanto ela ao observarem a mudança de comportamento da raposa.
Elliot estreitou os olhos, confusa. Acompanhou Ahri com os olhos, desconfiada, enquanto ela se sentava ao lado de Megumi. Meio irritada, Elliot segurou um sorriso quando ele colocou limites na distância que a raposa podia chegar perto. Mantinha os olhos azuis e afiados como facas na direção da raposa e de Megumi enquanto ouvia a conversa, curiosa e enciumada.
-...................................
Peraí! Beijo?? Elliot não segura o espanto e olha na direção de Megumi, com os olhos arregalados. Ela fica com os olhos no rosto do rapaz, impressionada e um tanto machucada enquanto a raposa cheirava Megumi. Ela sequer ouviu o comentário.
Silêncio depois que Ahri vai embora. Elliot não fala nada e vira-se para o filme como os outros. Sequer responde Mai.
“Mas como assim???!!!” O filme voltou a passar e Elliot tentava se concentrar nele, mas agora... Como assim Ahri beijou Megumi? Ele queria? Foi roubado? Ele parecia bravo com ela, mas... A insegurança cresceu. Ele disse que entendia ela querer manter segredo. Era por causa disso? Elliot sentiu uma raiva misturada com tristeza crescer em seu coração. Precisava se afastar de tudo aquilo!!
Do nada, deu um pulo e foi até a porta do quarto.
- Eu vou lá fora pegar mais água! Aqui acabou!
Saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Ficou um tempo parada, pensando no que ouvira. Respirou fundo e rangendo os dentes, foi na direção do refeitório.
“Mas... O que foi isso??!!” Não sabia muito bem como lidar com aquele sentimento. Sentiu-se presa no quarto. Porém, enquanto andava pelos corredores, sentiu-se totalmente sem chão e a raiva dava lugar à tristeza. Não acreditava no que escutara. Era isso mesmo? Era alguma brincadeira de Ahri? Por que ninguém, principalmente Megumi, contou a ela?!
Seguia meio sem rumo. Seguia pelos corredores até um lugar mais aberto, indo na direção do refeitório.
-É isso aí, Genko! Tá certo! Err... Eu acho. Você tá me ajudando, né?
“Sempre, kekeke! Estamos treinando para voce ganhar da sua prima, pra ela deixar de ser nariz empinado.”
Akame só torce o canto do lábio, balançando a cabeça, seus olhos dizendo, “nem sonhando”.
***
E AHRI APARECE
O momento que Megumi temia finalmente chega, e a figura de Ahri agora encontrava-se a sua frente, desafiando sua namorada. Elliot já tinha avisado que a Ahri-Mai tinha sentido o cheiro dos dois juntos, e provavelmente usaria isto para obter o que queria, seja la o que fosse isso...
O sangue do rapaz ferveu por dentro, mas mantendo sua calma exterior, disse com voz objetiva para que se retirasse. Elliot apoia suas palavras, e Megumi sorri por dentro, feliz por ter alguém assim ao seu lado.
Porem as palavras ditas tem um efeito gatilho, que faz com que por breves instantes a raposa de nove caudas demonstre seu enorme poder. Assim como Elliot, a pressão em suas entranhas se tornou muito forte, o mal-estar tomando conta de seu corpo diante da temível presença amaldiçoada. Teria tempo de invocar seus shikigamis? Em Nikko, Ahri foi rápida em exterminar o monstro da escola, garras retalhando a carne ectoplasmatica, banqueteando-se a medida que arrancava nacos grandes da criatura.
Felizmente tudo foi por um instante. Teria sido um descontrole ou uma amostra de seu poder? No entanto não se deixaria intimidar, e para Megumi a beleza extasiante de Ahri não significava nada, pois o que importava estava além das aparências. Viu que sua recusa em se manter próximo a ela irritava aquele ser.
Teria sido por isto que ela mencionou o beijo?
Um flash daquele momento percorre sua memoria. Ela tinha sido rápida, a ponto de sequer ve-la se movimentando, de repente estava a sua frente, e ela se inclinou, tocando seus lábios com os dela. Sem reação, Megumi ficou paralisado, mesmo depois que ela se afastou e deu um sorriso maroto. “Agora posso ir embora...”, disse. E então Mai cai desacordada, nos braços dele. Megumi olha para Akame, que estava um pouco vermelha, mas ela nada diz.
Seu pensamento logo se volta para Elliot, e os olhares se cruzam. O segundo-anista fica sem palavras, observando a incredulidade da namorada. Um rápido pensamento passa pela sua cabeça: deveria ter contado sobre isto?
Ahri continua falando, mas ela não importava mais, um sentimento de culpa tomando seu intimo. Teria traído sua confiança, escondendo isto dela?
Quando Mai volta, perguntando se poderia continuar sentada do seu lado, Megumi assente automaticamente. No que havia de conexão com Elliot, agora parecia haver um abismo! Ele mesmo tinha receio de chegar mais perto, por medo de ser rechaçado.
- Eu vou lá fora pegar mais água! Aqui acabou!
Elliot sai rapidamente, e Megumi a ve fechando a porta, sua face transtornada. Acabou a agua? Ou acabou o que mal havia começado?
***
Elliot, confusa com seus pensamentos e sentimentos, caminhava pelos corredores vazios dos alojamentos. Ela ia em direção do refeitório, não porque estivesse realmente com sede, mas precisava sair daquele espaço fechado. Em sua cabeça apareciam imagens e palavras dos momentos em que estava junto de Megumi, assim como daquilo que havia sido dito por Ahri... e uma imagem dos dois se beijando, como amantes.
Elliot se senta em uma cadeira, e ela viu que tinha um copo de agua na mão, mas não se lembra de ter pegado ele, tal era seu estado de desconforto. Então, surge alguem na porta do refeitorio.
“Desculpe, Elli-tchan. Eu deveria ter te contado antes. Não queria te fazer sofrer.”
Megumi se aproxima e se senta oposto a Elliot. Ele estende a mão, com a palma voltada para cima, em direção da mão direita da namorada, que segurava o copo sobre a mesa. Seu olhar pedia por reconciliação.
Elliot cruza os braços, satisfeita com a resposta de Genko.
-Heheheheheeee, verdade! Se prepara, Akame!
E ambos começam a rir juntos enquanto Akame faz sua careta.
*****
Realmente Elliot tinha sido pega de surpresa. Tão de surpresa que Elliot tinha seus olhos sobre Megumi, mesmo que aquilo indicasse alguma suspeita aos outros lá. Elliot olhava nos olhos do rapaz. Queria encontrar neles alguma explicação para a afirmação de Ahri. Queria que ele negasse aquilo! Não era verdade, era?
“Megumi-chan...?”
Nada. Ele apenas a encarava com um olhar igualmente impressionado. Elliot sentiu o golpe. Sentiu a insegurança surgir e até mesmo o olhar de Megumi pareceu coberto de duplo sentido: ele estava arrependido? Ele estava preocupado? Com ela? Com ser descoberto? Ele não queria que ela soubesse? Era algum segredo deles? Eles tinham alguma coisa? Ainda tinham??
“Calma, Elliot. Pode ser só intriga da Ahri...” Elliot tentava racionalizar enquanto todos voltavam a ver o filme. Era quase impossível prestar atenção no que estava se passando na tela da TV. Todos pareciam ter já esquecido o que aconteceu, mas não Elliot. Ela mantinha-se imóvel, ainda perdida em pensamentos e machucada pela situação. E Megumi também parecia estranho. Elliot sentia que agora havia realmente um espaço, não só físico, entre eles.
Estava tão feliz e agora, sentia que Megumi era quase um estranho. Não aguentava mais ficar lá! Tinha que sair. Levantou-se e foi andando até o refeitório, confusa.
**** Enquanto caminhava, lembrava-se do dia que havia passado com o jovem. Tudo tinha sido tão especial. Lembrava-se de quando o conheceu e de como ele havia, de certa forma, salvo sua vida. Sentia-se bem ao lado dele e tinha certeza que ele também se sentia da mesma maneira.
Porém....
Agora, estas lembranças pareciam um tanto manchadas. Uma vozinha incômoda ficava no fundo do cérebro de Elliot dizendo que aquilo tudo poderia ser somente fingimento. A mente de Elliot a levava sempre para o mesmo lugar: o cenário onde Megumi e Ahri eram amantes, e desde Nikko! E ela... ela era apenas algum tipo de brincadeira.
“Não pode ser.... Pode?” Elliot pensava enquanto se julgava muito dramática.
Quando se deu conta, Elliot tinha um copo de água na mão e estava já sentada em umas das mesas. Ela suspira, pensativa, enquanto observava o copo em sua mão apoiada na mesa. Sentia-se boba. Na verdade, não sabia bem como se sentia. Será que Megumi era esse tipo de pessoa? Logo ele... Qualquer um poderia ser assim, mas não ele. Ele não.
-Hunf.... – Elliot suspirou e depois, olhou na direção da entrada do refeitório. Sentiu a presença de alguém.
Elliot, antes com uma expressão irritada e triste, agora, sentia que seu rosto mostrava uma tristeza incrédula, como se ver Megumi trouxesse uma felicidade que não podia disfarçar, mas que agora, estava coberta por uma insegurança que trazia dor a seu peito.
- Megumi..... – ela disse de forma um tanto meiga, mas com um tom carregado pela incerteza. Sequer o chamou de “Megumi-chan”.
Acompanhou o rapaz com os olhos e quando ele se sentou na sua frente, Elliot olhou sua mão e ficou um tempo calada. Bebeu a água e ainda mantinha sua mão segurando o copo. A outra segurava seu braço, em um meio cruzar de braços.
-Deveria ter contado antes? Então... Aconteceu? Vocês se beijaram e... Em Nikko? Eu achei, pensei que você tivesse ficado em Nikko por.... – Elliot olhou Megumi, depois desviou o olhar para o copo. -... Por minha causa.
Sentiu as bochechas ficarem vermelhas com aquela afirmação. Talvez fosse ter muita confiança por pensar assim, mas gostava de pensar que ele queria, desde Nikko, estar perto dela.
-............ Então não foi? – disse ainda sem olhar para ele, fazendo um leve bico. Estava com certo medo da resposta.
Elliot esperou a resposta de Megumi, mas tinha outra coisa que a incomodava. Não sabia muito bem como colocar em palavras sem parecer que estava acusando o namorado de algo:
- Por que você disse que o momento não era apropriado pra gente contar pro pessoal sobre, bem, a gente? - olhou Megumi nos olhos, ainda meio insegura e receosa. Será que era apenas para concordar com ela? Ou seria por causa do que Ahri comentou?
Para Megumi, aquela situação com Elliot trazia uma tristeza que para ele lembrava a dor da perda que sentia com relação a sua irmã. Tal qual ver o rosto de sua onetchan em um descanso quase eterno, era ver o rosto triste da namorada: e isto o deixava com um grande aperto no coração. Era uma sensação incompatível com os momentos felizes que ambos tinham partilhado faz não muito tempo atrás, e até um tanto inesperado. Porem Megumi sabia que se tratava de uma situação bem diferente, pois ele podia enfrentar aquele mal-estar e resolver o problema.
- Megumi.....
O rapaz sente um calafrio. A maneira como ela se dirigiu a ele mudou.
“Desculpe, Elli-tchan. Eu deveria ter te contado antes. Não queria te fazer sofrer.”
-Deveria ter contado antes? Então... Aconteceu? Vocês se beijaram e... Em Nikko? Eu achei, pensei que você tivesse ficado em Nikko por.... – Elliot olhou Megumi, depois desviou o olhar para o copo. -... Por minha causa.
Megumi, que era observador no que se tratava de enfrentar maldições, não pode deixar de ser assim ao lidar com o amor e sua amada. Elliot estava inconsciente, não tinha presenciado o ocorrido, e podia ter em seu pensamento os mais diferentes ocorridos. Tinha que contar a verdade.
-............ Então não foi?.
Embora não transparecesse, Megumi se sentiu quase sem chão, e teve muito medo naquela hora, de perder algo tao precioso para ele por causa de palavras. E para dar força a si mesmo, decididamente foi em direção da mão de Elliot e a segurou firme, para também falar com o coração.
“Fiquei em Nikko por sua causa sim, Elli-tchan! Não poderia ir embora até saber que voce estava bem, e também porque eu queria ficar perto de voce... O que eu senti por voce, foi somente com voce, e mais ninguém... Sim, a Ahri me beijou, mas foi sem meu consentimento... Ela tinha me pedido um beijo para retornar Mai, e eu neguei, mas ainda assim ela surgiu na minha frente e encostou seus lábios nos meus. Para mim isto não significou nada, mas sim, eu deveria ter falado para voce, e por isto peço perdão.”
**
- Por que você disse que o momento não era apropriado pra gente contar pro pessoal sobre, bem, a gente?
Megumi arregala os olhos por um instante, surpreso. Pensava que sua namorada já soubesse do motivo. Talvez fosse melhor mesmo falar as claras.
“Foi por causa da Mai, Elli-tchan. Eu sei que vocês duas são muito amigas, já tinha percebido pela maneira como vocês conversaram enquanto estavam me acompanhando ate o templo, quando a gente se encontrou... e também depois, quando fomos comer no restaurante enquanto voce estava desacordada. A maneira como ela fala de voce, princesa Elliot, é de uma verdadeira amiga...”
Megumi morde o lábio inferior de leve rapidamente. Assunto difícil, ainda mais naquele momento. Mas tinha que esclarecer tudo, inclusive para não ser usado depois pela ardilosa Ahri.
“Não sei se voce percebeu... mas parece que a Mai deve sentir algo por mim... É a maneira como ela me olha, tanto no hospital, como no restaurante, que parece que sai purpurina dos olhos dela...”, diz, quase sem disfarçar seu receio em dizer tal coisa. Ele suspira, e continua, “talvez fosse melhor conversar com ela antes de dizer que estamos juntos.”
Megumi queria beija-la, tomado por um carinho tao grande por ela, para deixar bem claro que seu desejo não era que permanecessem escondidos como criminosos. Porem, limitou-se a abraça-la forte. Assim como ele não queria que Ahri o beijasse, ele não queria forçar algo tão importante como um beijo entre duas pessoas.
Sozinha, no meio do refeitório, Elliot seguia sentada na cadeira sem tirar os olhos de Megumi, que chegava no local. O olhar da menina era triste e preocupado. Porém, havia certa esperança nele. Uma esperança que achava que Megumi tivesse, realmente, uma boa explicação para aquilo tudo. Que logo ele iria explicar-se e poderiam deixar tudo aquilo para trás, mesmo que sua insegurança a atrapalhasse e dissesse o contrário. Ainda queria acreditar que ele não trairia sua confiança. Ele não faria isso. Faria?
A jovem acompanhou o rapaz com seus olhos até ele sentar-se próximo a ela. A princípio não fez nenhuma menção de segurar sua mão. Continuava segurando o copo depois de beber a água. Bebeu até o último gole para pegar tomar coragem e fazer a pergunta que estava entalada em sua garganta.
Tinha os olhos ainda desviados do menino quando terminou de perguntar, como se tentasse entender tudo que estava acontecendo. Qual foi sua surpresa quando Megumi pegou sua mão. Não esperava um ato de coragem assim. Elliot voltou seu olhar para ele, impressionada com a atitude do rapaz. Não deixou e gostar.
-.....!!
Ia dizer alguma coisa, reclamar ou ainda ficar brava com Megumi, mas....
Elliot foi pega de surpresa com as palavras dele. Ficou um tempo sem reação, digerindo o que ele dizia enquanto via, impressionada, alguém abrir seu coração daquela maneira. Não se lembrava de alguém ter feito isso de forma tão corajosa e verdadeira quanto Megumi. Isso a fez admirar ainda mais o rapaz, por mais que estivesse ainda um tanto machucada e arisca.
Seus olhos estavam bem abertos enquanto o ouvia falar. Megumi novamente afirmava que queria estar com ela, e só com ela. A vozinha de insegurança de Elliot dizia que não passava de uma bobagem o que ele estava falando... Doeu ao ouvir ele confirmar que Ahri havia sim o beijado. Elliot engoliu em seco ao ouvir isso e franziu de leve a testa ao ter aquela informação confirmada.
Porém... Elliot lembrava-se de como sentia-se perto dele. Lembrava-se de quando se conheceram. E principalmente, via seus olhos. E não via mentira, ou qualquer artimanha lá. Via apenas o que sempre quis ver: Megumi.
- Megumi-chan. – Sussurrou. Gostava dele. E sentia a reciprocidade. Elliot ainda não sorriu, mas segurou a mão do namorado de volta e com a outra, fez um leve afago nos cabelos do menino, indo até sua bochecha, onde faz um leve carinho. – Obrigada por contar, eu... eu fico feliz que tenha me contado. Eu sei que você não fez por mal.
E dessa vez, ela deu um leve sorriso.
E Elliot arqueia uma sobrancelha ao reparar que Megumi arregalara de leve os olhos. Riu por dentro. Achava engraçado os trejeitos de seu namorado. Era sempre controlado, mas algumas vezes, deixava um ou outra reação escaparem. Gostava dos maneirismos de Megumi. Gostava de sua forma calada e sucinta, mas sempre atenta.
E ele contou o que pensava. Elliot estreitou os olhos, de primeira.
- Da Princesa Mai...?
Elliot deixou Megumi continuar a expressar o que pensava. Ela assentiu com a cabeça enquanto ele falava seus motivos. Estreitou um pouco os olhos ao lembrar-se de Mai e seus olhinhos brilhando. Não deixou de sentir um pouco de ciúmes....
- Então você reparou, Megumi-chan... Você é sempre observador, né?
Elliot desviou o olhar e depois voltou a olhar Megumi.
- Sim, ela... Ela sente algo por você. Ela me disse, confessou pra mim. Eu... Não podia simplesmente contar algo da Mai assim... Por isso falei que era melhor esperarmos para contar sobre nós. Eu queria contar a ela primeiro, mas... Não sei bem como vou fazer isso. Eu... Eu tenho medo da Mai ficar chateada comigo e deixar de ser minha amiga. – Acabou por se abrir com Megumi também. - Mas eu quero resolver logo.
Elliot suspirou e fez um leve bico. Falar daquilo não era agradável para ela também.
- Eu... Eu até pensei que seria melhor não nos vermos, mas quando eu te vi no pátio da escola, não consegui resistir.
Ficou um pouco vermelha e deu um sorrisinho bobo, tímido. Ia dizer mais alguma coisa, mas Megumi a abraçou. Elliot sentiu o perfume do namorado e agora, sorriu. Sorriu e o abraçou com força.
- Me desculpa também. Não devia ter saído assim. Fiquei com ciúmes. – falou timidamente enquanto o abraçava, quase não sendo possível ouvir.
Ainda abraçada, Elliot deu um beijo no rosto de Megumi e afastou-se apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos.
- Sabe quando a Ahri ficou brava, quando todo mundo ficou preocupada? Eu também fiquei, mas saber que você estava lá me deixou mais tranquila. Quer dizer, fiquei preocupada também, de alguma coisa acontecer com você, mas também sabia que você ia me ajudar.
Elliot, ainda um pouco vermelha, passou seu nariz contra o nariz de Megumi-chan, de um lado para o outro.
- Que nem naquele dia lá em Nikko. Hihi!
Elliot riu de leve e aproximou-se um pouco de Megumi, para beijá-lo. Entretanto, desta vez, não o beijou. Esperou o rapaz encontrar seus lábios, como para selar o encontro e, como um beijo era realmente algo muito importante e, quis respeitar a vontade de Megumi. Quis deixar ele decidir por ele mesmo, ao contrário de Ahri.
Há cerca de 12 anos. Em algum lugar de Tokyo:
O elevador descia. Descia vagarosamente, como qualquer elevador de hotel o faria. Desatento à paisagem às suas costas, que também descia desde o topo de alguns edifícios e construções mais baixas, Ryunosuke acendia um cigarro. Seu olhar não focava em lugar nenhum, mas tinha um aspecto embravecido. O chão, em um material que aprecia mármore negro, refletia de leve sua figura e, ao lado, a figura de um homem elegantemente vestido em um terno.
- Sabe que isso faz um mal danado, né?
Kaneda disse com um meio sorriso. Quem os visse diria, com certeza, que eram parentes.:
- Afe! Como se o trabalho não fizesse! – Ryunosuke disse ao irmão que, apesar de mais novo, era ligeiramente mais alto.
Ryunosuke tragou e soltou lentamente a fumaça enquanto o elevador ficava mais escuro. A paisagem agora era substituída por concreto. Haviam adentrado o subsolo.
- E aí? Preparado? Você trouxe quais dados? – o fumante perguntou enquanto olhava Kaneda de relance.
- Poucos. Acho que apenas uns D6 ou D10 darão conta do recado.
Ryunosuke riu:
- Você realmente tem dado em casa.
- Sério, Ryu-chan? Nessa altura do campeonato...
- Quem mandou você ser um nerd. – Mais um trago enquanto a voz mal humorada ressoava. – Douwa já está pronto? Ele vai abrir as portas para nós?
- Como sempre, onii-chan. Tudo pronto. Pro lugar certo dessa vez. – Kaneda disse com um leve sorriso. Ryunosuke grunhiu, irritado.
A porta do elevador se abre e uma figura feminina entra.:
O rosto denunciava uma noite mal dormida. Se é que houve algum sono.
Ambos os rapazes calam a boca e apenas respondem com outro aceno de cabeça, o aceno que a figura feminina fez enquanto ela dizia um breve e baixo “Boa tarde”.
Mais andares são descidos. Silêncio.
A porta se abre e apenas sussurrando um “Boa tarde”, a mulher sai enquanto ela mesma acendia um cigarro. Antes que a porta se fechasse, eles podem ver os belos lábios formando a passagem para a fumaça escapar.
As portas fecham.
Desce.
Silêncio.
- Acho que ela ainda não te superou. – Kaneda finalmente comenta enquanto olhava o painel do elevador que indicava os andares.
-Azar o dela. Já tem tempo. Hifumi que lute. – Ryunosuke respondeu seco, com a irritação típica de quem não queria falar sobre aquilo.
Kaneda limitou-se a olhar o irmão e analisa-lo. Decidiu deixar isso para lá. Porém, continua a tentar deixar o irmão um pouco menos soturno:
- Como está a Alexandra?
- Bem. Está atrás de alguma baleia na costa. Logo volta pra casa.
O cigarro acabou, o que deixou Ryunosuke irritado. Ele o apagou no cinzeiro do elevador e acendeu outro.
- Vamos acabar rápido com isso. Hoje eu que busco a Elliot. Quero chegar na hora.
Kaneda olhou para seu irmão com diversão no olhar. Achava extremamente interessante que Ryunosuke não só era um bom pai, como gostava de sê-lo. Tinha se encontrado no papel de pai de família.
- Pode pegar a Akame também? – Kaneda perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Tanto faz. Já estarei lá mesmo.
Finalmente chegaram ao andar. A porta se abriu. Irritado, Ryunosuke sai do elevador seguido por Kaneda, que anda com as mãos nos bolsos, ainda se divertindo com aquela situação.
-Sabe, Kaneda... – Ryunosuke dizia enquanto descia, ao lado do irmão, um corredor longo e estreito de plataformas metálicas.
– Tô já ficando de saco cheio disso aqui. Talvez já tenha dado o que tinha que dar....
As figuras somem na escuridão entre as luminárias.
Megumi sorriu aliviado, ao ver que Elliot o tinha perdoado... aquele espaço que havia existido entre os dois estava desaparecendo aos poucos, ao mesmo tempo que a conexão forte entre os dois se restabelecia.
- Megumi-chan. Obrigada por contar, eu... eu fico feliz que tenha me contado. Eu sei que você não fez por mal.
“Que bom, obrigado... sei que agi errado por não ter te contado antes, e me comprometo a sempre esclarecer o que for necessário com voce Elli-tchan... é conversando que a gente se entende.”
- Então você reparou, Megumi-chan... Você é sempre observador, né?
Megumi acena com a cabeça, olhando com um leve sorriso para Elliot. “Sim... desde Nikko... eu observo voce...”, pensou.
- Sim, ela... Ela sente algo por você. Ela me disse, confessou pra mim. Eu... Não podia simplesmente contar algo da Mai assim... Por isso falei que era melhor esperarmos para contar sobre nós. Eu queria contar a ela primeiro, mas... Não sei bem como vou fazer isso. Eu... Eu tenho medo da Mai ficar chateada comigo e deixar de ser minha amiga. – Acabou por se abrir com Megumi também. - Mas eu quero resolver logo.
“Confessou para voce?”, disse arregalando os olhos por um instante. Depois, levando a mão ao queixo, diz, pensativo,”isso... complica as coisas... ainda mais se ela souber que nós estamos juntos... eu pensava apenas que ela ainda escondia seus sentimentos... eu posso imaginar seu sofrimento com essa situação, Elli-tchan! Mas voce esta certa, temos que contar logo para ela, Ahri vai se aproveitar de qualquer mal-entendido entre nós para criar confusao!”
- Me desculpa também. Não devia ter saído assim. Fiquei com ciúmes.
“Esta tudo bem, Ellitchan... Tambem sinto ciúmes quando voce esta com os outros. Mas isso é porque a gente se importa um com o outro não é? E não quer perder algo tão bom...”
E os dois então se aproximam, e cada qual aguarda pelo outro. Então, com ambos aceitando, seus lábios se tocam, e agora sim, formando um beijo sincero e de sentimento. E o passado acabou ficando no passado...
**
“Ah... Então os dois pombinhos estão se beijando no refeitório? Tsk, tsk, este amor colegial as escondidas... Jovens sempre burlando as regras!”
A voz desconhecida pega Elliot e Megumi de surpresa! Mas rapidamente os dois se levantam, e cada qual assume uma posição defensiva.
A frente deles estava um homem de cabelos castanhos usando uma túnica branca e gola negra, e um tapa olho cobria seu olho direito. Elliot nunca o havia visto antes nas instalações, e pela sua vestimenta e jeito, não pertencia a instituição.
“Então é por isto que vocês ainda estão aqui... estava pensando que poderia vasculhar o prédio tranquilo, mas infelizmente vou ter que eliminar vocês...”
A imagem do homem então aos poucos vai se desvanecendo... E de repente, começam a surgir pequenas maldições, criaturas com a forma de coelhos brancos, com pinturas vermelhas e presas ferozes, saltando com intuito assassino!
Elliot sorri diante da resposta de Megumi. Balançou a cabeça em negativo, lentamente, enquanto sorria.
- Você já esclareceu, Megumi-chan. Não se preocupa com isso. Eu acredito em você.
Elliot ri de leve, fechando os olhos.
- Mas se te deixa mais tranquilo, caso eu fique com alguma dúvida, eu te pergunto. Não vou guardar nada!
Elliot abre os olhos e olha Megumi novamente. Observa seus olhos calmos, agora um tanto apreensivos. Sempre observador. Se perguntava o que fugia dos olhos de Megumi.
- E você também pode sempre me perguntar qualquer coisa. – Elliot disse de forma meiga. – conversando que a gente se entende. Hihi! – e sorriu.
Megumi arregalou os olhos novamente. Elliot não deixou de dar um leve sorriso. De novo o maneirismo de Megumi que ela adorava. Observava, um tanto discretamente, os pequenos movimentos que Megumi fazia: o desvio de olhar enquanto ele estava pensando nas possibilidades. Como ele levava sua mão ao queixo enquanto estava pensando. O tom de voz e a maneira como falava. Elliot se perdia um pouco naqueles pequenos gestos. Talvez estivesse aprendendo a observar como ele.
- Ela me disse depois de você se apresentar na nossa sala, quando se transferiu.
Elliot suspirou.
- Tudo aconteceu em seguida. Por isso eu não sei bem como contar. Eu não tive tempo.
Os olhos de Elliot vão novamente para Megumi quando ele expressa a preocupação com ela. Elliot sorri e faz um afago no rosto do namorado.
- Obrigada, Megumi-chan! Eu vou dar um jeito de resolver isso. Eu também quero contar logo. Não quero ninguém colocando problemas entre a gente.
Elliot abraça Megumi-chan. Fica um tempo com a cabeça apoiada no ombro do rapaz enquanto o abraçava, sentindo seu rosto próximo.
- Sim! Sempre vou me importar com você.
Faz um leve bico.
-E acho que sempre vou ter ciúmes....
Beijou Megumi de forma carinhosa. Parou de beijá-lo somente para olhar seu Megumi-chan nos olhos. Depois, sorriu e o beijou de novo, esquecendo e Ahri ou qualquer problema que poderia surgir. Com Megumi, tudo daria certo.
Elliot sentia que poderia perder bastante tempo junto com Megumi. Já não se preocupava com o filme ou sequer com o que os outros poderiam dizer. Queria poder dizer a todos o quanto gostava de estar com ela!
Estava tudo bem! Logo resolveriam esse pequeno problema e...
Escutou uma voz estranha e logo afastou-se do rapaz e olhou na direção de onde ela veio. A princípio, levou um susto e interrompeu seu beijo, olhou Megumi rapidamente e depois, na direção da voz. Elliot estreitou os olhos. Nunca tinha visto aquela figura lá. O que aquilo significava? Era alguma brincadeira?
Junto com Megumi, Elliot levanta-se em um salto, estranhando toda aquela situação. Seus olhos foram desde o estranho tapa olho até suas vestes diferentes. Tentava puxar da memória se conhecia aquele sujeito, se não era apenas uma urgência ou medo devido terem sido pegos na cafeteria juntos que a fazia temer pelo pior, mas...
- Quem.. Quem é esse cara? – Elliot assustou-se ao constatar que nunca tinha visto aquele homem. E o pior, ele estava no colégio. E andando livremente. Era mesmo... Um invasor?
Elliot, ainda um pouco espantada com o fato daquela figura ter entrado aparentemente de forma tão fácil na escola, não acredita no que houve.
“Vasculhar? O que?”
Porém, ela sussurrou uma palavra apenas:
- Eliminar?
Elliot arregalou os olhos!
Pegou o copo que estava na mesa. Girou o mesmo em sua mão e assim que o pegou de volta, jogou na direção do homem, mas era tarde demais. Ele havia desaparecido!
-MEGUMI-CHAN!! ELE SUMIU QUE NEM UM MAGO DE DUNGEONS AND DRAGONS!!!
Recuperou-se do susto e percebeu que agora, estavam sozinhos e precisavam se defender!
Cheia de si, Elliot preparou-se e correu na direção dos coelhinhos assassinos. Assim que chegou no primeiro, estalou os dedos, esperando que ele ficasse menor. Logo depois, subiu sua perna e desceu um chute na cabeça da maldição.
- Get lost! - estala os dedos de novo, querendo fazer ela sumir.
Outro coelhinho atacou Elliot de lado. Ela puxou os braços do shikigami e o colocou na frente de outro que vinha para cima dela. Usou a base e os braços para empurra-los para longe. Outro tentou atacá-la e ela fez o movimento para também afastá-lo e depois, estalou seus dedos.
Preparou-se para os outros ataques!! Também olhou para a direção de Megumi, querendo garantir que estava bem.
-MEGUMI-CHAN!! ELE SUMIU QUE NEM UM MAGO DE DUNGEONS AND DRAGONS!!!
Megumi imediatamente fica em alerta. Ele tinha as mesmas duvidas de Elliot sobre aquele estranho, mas era obviamente uma ameaça. Havia desaparecido, mas o rapaz não entendeu o restante da frase da namorada. Depois teria que perguntar sobre o que era aquilo.
- Shikigamis?
Megumi acena com a cabeça.
“SIM! Mas em grande quantidade... como consegue?”
As criaturas brancas em forma de coelho avançam, e antes que Megumi se coloque em frente de Elliot, a heroína avança para tomar a linha de frente. Seu namorado fica impressionado com sua agilidade, utilizando técnicas de artes marciais em conjunto com seus estalos de dedo para enfraquecer e eliminar.
Porém as habilidades da garota ainda precisavam ser refinadas, pois mesmo conseguindo destruir 3 deles, acabou sofrendo ferimentos na forma de arranhões em seus braços e costas. Outros 3 tentavam cercar Megumi, mas os seus lobos haviam dado conta deles, e o que sobrou levou um chute na cara.
Infelizmente as criaturas continuavam a aparecer, passando por entre a fumaça que as anteriores tinham deixado. Elliot estala o dedo e um dos lobos engole o bicho inteiro, enquanto Megumi amassa a cara de outro com uma frigideira. Só que um deles escapa da vigilância dos lobos e com a boca cheia de dentes tenta morder a nuca do rapaz. Elliot, que era a protetora do namorado, põe o braço na frente antes de atingi-lo, e da um estalo de seu dedo para diminui a cabeça do bicho. Mesmo assim ela sente a dor como agulhas penetrando pela sua pele, e com raiva manda a criatura por através da mesa.
Megumi olha para Elliot num misto de preocupação e admiração. Preocupação pelo ferimento dela, e admiração por sua coragem. Era ainda uma novata, mas estava se saindo bem. Por enquanto...
Porém as criaturas ainda continuavam vindo... e a voz do inimigo se faz ouvir.
“Até que lutam bem, estudantes... mas até quanto mais podem aguentar?”