#Capítulo 02 - Pesadelo

Olhando em direção aos arredores, Selene não consegue visualizar nenhum animal, nem mesmo no topo das árvores. Já Lanthys, arranca um dos fungos luminosos o observando e buscando compreender o estranho fenômeno, no entanto, o cavaleiro não vê nenhuma utilidade no estranho organismo que passa a murchar após alguns instantes.

Passando a caminharem na direção indicada pela seta luminosa que se manifesta na gema-guia, os investigadores continuam a ouvir diversos ruídos nos arredores, em especial o som semelhante ao do bater de asas de aves que fica cada vez mais frequente, além de terem a estranha impressão destes seguirem diferentes padrões rítmicos.

Conforme prosseguem, os jovens investigadores não conseguem discernir mudanças claras na vegetação ao redor deles, ou algo que os auxilie a melhor se situarem no interior do bosque, tendo a impressão de andarem em círculos por diversas horas, pois todas as árvores são bastante semelhantes umas às outras.

Apesar de não conseguirem precisar o tempo de caminhada, a dupla avista em meio à vegetação, diversas grandes rochas posicionadas próximas umas das outras, parcialmente encobertas de musgo, formando um grande círculo de pedras. Cada uma das grandes pedras acinzentadas devia possuir mais de cinco metros de altura e, sobre algumas delas haviam outras posicionadas horizontalmente.

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Devido às dimensões colossais do monumento e sua localização em meio à floresta, era difícil de se imaginar como aquilo poderia ter sido ali erguido, se é que fora construído por alguém. Além disso, assim que se aproxima do local, Lanthys nota também que a seta luminosa presente na gema-guia repentinamente se intensifica, parecendo demonstrar que estavam mais próximos da passagem que levava à Torre de Koth.

Mesmo de longe, era possível se observar uma espécie de altar de pedra de mais de três metros de diâmetro ao centro do grande círculo, sobre o qual haviam elementos indecifráveis à distância.

Ainda de fora do grande círculo de pedras, Lanthys observa que a seta luminosa da gema-guia continua a apontar para o monumento. No entanto, ao tentar determinar a origem dos sons que tem os acompanhado durante todo o percurso, o cavaleiro não se recorda de nada semelhante durante seu período de treinamento no CABAL.

Já Selene, ao adentrar no monumento aproximando-se do altar de pedra ao centro, pode observar correntes negras presas às laterais do mesmo e, em na extremidade de uma destas, presa a uma espécie de algema de metal, a sacerdotisa avista o que aparentam ser os ossos de um antebraço e mão humanos, entretanto, os dedos não se encontravam fixados no punho ou em qualquer lugar visível. Além destes, junto ao solo e encostados próximo à estrutura do altar, haviam diversos crânios e ossos aparentemente humanos esmigalhados, estando alguns até mesmo parcialmente soterrados, muito provavelmente devido ao tempo que se ali encontravam.

Além dos restos mortais, o que chamava a atenção da sacerdotisa eram os estranhos símbolos incrustados sobre a face superior do altar em alto relevo, os quais Selene não pode decifrar de imediato, não aparentando possuir relação com a linguagem ancestral a qual se aprende no CABAL.

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Olhando com mais atenção para as correntes negras que se encontravam em volta do estranho altar, Selene observa que as mesmas tinham uma de suas pontas fixadas nas próprias laterais do mesmo, nas terminações opostas haviam algemas arcaicas, a maioria destas soltas. As ossadas espalhadas em volta do altar estavam em péssimas condições e era muito difícil definir que tipo de ferimentos podiam ter sido infligidos nestas, sendo praticamente impossível afirmar se as mesmas se encontravam em pedaços por conta de algo sofrido antes ou depois daqueles seres terem sido mortos. Comparando o feitiço lhe entregue por Nybbas com os caracteres presentes no altar, Selene não consegue ver nenhuma semelhança entre os dois.

Lanthys então se aproxima, adentrando também no círculos de pedras, buscando compreender o que estava inscrito no grande altar. Todavia, assim como a colega, o cavaleiro não consegue fazer sentido do que estava inscrito em alto relevo, o que ele pode determinar com certeza é que as inscrições realmente não possuem ligação direta com a linguagem ancestral do CABAL, sendo assim, decifrá-las seria impossível para ele.

Apesar da falta de sucesso de ambos em fazer sentido da misteriosa inscrição, logo após o cavaleiro se aproximar do centro do monumento, algo inesperado ocorre. A seta luminosa presente na gema-guia passa a pulsar iluminando-se de forma intensa e intermitente, enquanto a segurava, Lanthys podia sentir a pedra mágica entregue por Nybbas vibrar parecendo ganhar vida própria por alguns instantes. Passados alguns segundos, o brilho luminoso presente na gema-guia se desprende desta, passando a flutuar em pleno ar como uma esfera brilhante.

A esfera então sobe alguns metros acima do monumento e em seguida se move na direção contrária da qual adentraram no local, traçando um caminho diagonal em meio às árvores, formando um arco luminoso. Na direção a qual a esfera ruma, os investigadores podem notar que as árvores estão mais negras que as demais, algumas destas apresentavam folhas murchas e, mais a frente, já podiam notar algumas árvores tombadas em meio ao solo que se tornava mais escuro.

Apesar da esfera desaparecer do campo de visão dos investigadores após mover-se em alta velocidade, estes podem notar que a mesma se colide com o solo a algumas centenas de metros do círculo de pedras, demarcando com um intenso brilho a localidade por alguns instantes. Logo após fenômeno, ambos podem notar uma agitação entre as árvores que faz diversos arbustos moverem-se e folhas se desprenderem caindo em direção ao solo, o que faz também com que os sons semelhantes ao bater de asas se interrompam completamente. Além disso, a gema-guia nas mãos do cavaleiro se apaga, como se houvesse completado seu propósito...

Partindo na direção indicada pela seta luminosa, os dois investigadores adentram na área mais negra do bosque encantado, onde a maioria das árvores encontravam-se mortas, secas e enegrecidas. Apesar da ausência de vida na vegetação, os fungos nesta região se tornavam maiores e espessos, pulsando com um tênue brilho amarelado. Apesar da sensação ameaçadora a qual tiveram a pouco, os jovens não avistam nada surgir, tão pouco segui-los.

Após muitas passadas sob o solo negro e em meio a troncos despedaçados, os investigadores conseguem identificar o ponto no qual a esfera luminosa se chocou. Observando o local, Lanthys e Selene podem ver parcialmente encoberta pela terra negra e musgo uma grande placa de rocha junto ao solo, tendo incrustado em seu centro um círculo metálico com cerca de um metro de diâmetro. Além deste, haviam diversas inscrições tanto à direita quanto à esquerda do círculo, no entanto, os caracteres não pareciam nada familiares aos olhos dos jovens investigadores, além disso, boa parte da escrita havia se perdido, sendo encoberta pelo musgo enegrecido.

Apesar da má condição das inscrições, ao centro do círculo metálico havia o símbolo de um retângulo com quatro linhas verticais no topo, cada uma destas terminando em uma pequena esfera, além destas, ao centro do retângulo havia também a representação de um olho. O símbolo não se parecia com nada conhecido previamente pelos investigadores, todavia, Selene pode notar que, gravado na tira rubra lhe entregue por Nybbas, havia um símbolo semelhante ao que se encontrava ao centro da placa.

Após aproximarem-se do local, ambos ouvem novamente os misteriosos ruídos semelhantes ao "bater de asas" que vinham os incomodando previamente, porém, dessa vez estes pareciam mais distantes dos investigadores, aparentando não terem acompanhado a movimentação dos jovens, mantendo-se afastados da zona enegrecida em meio ao bosque...

Após identificarem o local como sendo o mesmo observado na visão de Nybbas, os investigadores posicionam-se para abrir a passagem. Enquanto Lanthys observa os arredores atentamente, Selene posiciona o feitiço que trazia consigo sobre a placa de pedra, em seguida depositando suas energias sobre o mesmo, buscando ativá-lo de algum modo.

Logo após energizar o feitiço com seu pincel, Selene observa a tira rubra se fixar na placa, fazendo com que as inscrições posicionadas à direita do círculo de metal passem a brilhar por alguns instantes. Quando a luminosidade diminui, um estalo pode ser ouvido pelos investigadores, dando a impressão de algo se soltar. Na sequência, o solo estremece por alguns instantes, sendo então procedido pelo movimento da placa, que lentamente começa a se projetar acima do solo, fazendo com que a terra negra sobre a mesma se espalhe.

Após subir verticalmente em torno de trinta centímetros, a grande placa passa a deslizar lateralmente revelando a passagem para o subsolo, o movimento é acompanhado de um intenso ruído gerado pelo atrito entre as peças que formam a estrutura, o qual se propaga pelo ambiente, ecoando por entre as árvores negras. Em meio ao movimento da placa, os investigadores também notam que os sons semelhantes ao bater de asas de aves se altera, mesmo que distantes, tornando-se frenéticos e sendo emitidos em diferentes direções.

Observando o interior da passagem revelada para o subsolo, os investigadores avistam uma plataforma rochosa a pouco mais de um metro abaixo da abertura. Apesar de não haver nenhuma fonte de luz visível no interior da passagem, devido a luminosidade externa do bosque era possível observar que a plataforma inicial dava acesso a uma série de enormes degraus tão negros quanto a escuridão interior. O que mais lhes perturbava em relação aos degraus, entretanto, era o fato destes serem muito maiores do que os de uma escadaria comum, possuindo em torno de sessenta centímetros entre um degrau e outro e quase dois metros de largura. Além disso, os degraus ciclópicos seguem numa grande espiral até se perder de vista mergulhando na escuridão inferior, aparentando circular ao redor de uma grande estrutura, não havendo nenhum corrimão ou apoio a não ser o da própria estrutura, sendo qualquer deslize ou tropeço possivelmente fatal devido a altura indeterminada.

Sem receios Lanthys salta para o interior da passagem, em seguida, Selene anula o feitiço que acabara de ativar, também adentrando pela abertura antes que esta seja selada, aproveitando-se do lento movimento da placa.

A grande placa de pedra vai se fechando lentamente e com esta, a luz interior vai diminuindo até cessar completamente, deixando os investigadores na total escuridão. Sem nenhuma fonte luminosa, prosseguir pelos grandes degraus certamente não seria uma tarefa fácil...

Enquanto permanecem na plataforma inicial, os dois jovens podem ouvir ruídos que aparentam ser causados pelo deslocamento de ar ou alguma atividade muito distante de onde se encontram, não podendo definir a direção dos mesmos.