Ato lll: Despertar na Umbra

Jana estava, de fato, irritada com a maneira que Índia cortava suas falas. A moça estreitou os olhos e pensava seriamente em obrigar, de alguma forma, Índia a escutá-las, mas acalmou-se com o toque de Alice. Jana pareceu voltar a si e desta vez, ficou quieta. Deixou Alice tomar as rédeas da situação, já que ela mesma parecia versada em algum tipo de combate corporal.

- Sim, o Gonzales é um presunçoso. Ele acha que pode demais e isso me irrita. Acho que a você também, né, Índia? Nem deixa a gente falar. – e ela sorriu com os comentários de Alice. Sorriu porque Índia parecia realmente querer acabar com Gonzales. E Jana queria que o mago maluco levasse uns tapas. Quem sabe assim, ele não voltaria ao planeta Terra?

Jana observava Índia, Claudinha e Alice. Aquele papo de vale tudo era alheio demais a seu mundo, mas ela tentava acompanhar. Ergueu as sobrancelhas quando Claudinha disse que Bruce Lee tinha lutado “vale tudo”. Pensou na expressão em português. Que língua difícil...

- Olha, o Bruce Lee... – com seu temperamento encrenqueiro, Jana fingiu-se espantada também ao saber de Bruce Lee, apenas para ver Índia xingar mais e mais em português. Segurou o riso ao vê-la tão brava.

- A Alice? A Alice consegue. Ficaria surpresa com o que o Alice consegue fazer. – disse Jana. Apesar do tom meio ácido, falava sério.

E olhou Índia quando ela a chamou. Torceu os lábios em reprovação. Não era uma faladora! Era?

- Olha... – Jana ia comentar algo com Índia, mas ouviu o sussurrar de Nathicana. Ela arregalou os olhos e olhou Alice, ainda perplexa.

- Alice... – sussurrou o nome da irmã. Estava um pouco assustada. Não sabia o que fazer. Ela apenas comenta baixinho enquanto Índia e Claudinha brigavam. Era como se o tempo tivesse diminuído seu ritmo.

- Alice, acho que Índia é mais qualificada, mas ela é... Brava demais. Pode atrapalhar, não?

Jana olha discretamente para as duas.

- De qualquer forma, acho que ela, por conhecê-lo, talvez tenha mais chances. Dizem por aí que conhecer o inimigo é essencial pra lutar, né? Acho que... Voto nela. E vocês?

 
     
     
 

Características: Alice é uma jovem de 22 anos, nascida em Quebec, mas criada em Portland. É estudante de atuação, e baixista amadora na banda Under Sun, da faculdade onde estuda, em Massachussets.

Observava a confusâo que estava aquela conversa, que com certa satisfação, parecia seguir na direção certa. Então Índia comenta sobre ela e sobre o boxe, em uma análise bastante otimista até... Será que conseguiria mesmo derrubar alguém, numa luta em pé de igualdade e com os devidos ensinamentos? Sorriu com a idéia. "- É, eu concordo... tenho noção que estou bem embaixo na cadeia, mas gostaria bastante de treinar até ter alguma confiança, se for possível..." - Aprender umas coisas novas poderia vir bem a calhar, como estava constatando nos últimos dias. Olhou para Jana, dando um olhar divertido, descrente sobre "o que ela poderia fazer". Estava preocupada sobre a idéia de ser a Índia a adversária do Gonzales. Talvez contra ela, a idéia de acontecer uma zebra não fosse se concretizar, e isso poderia comprometer o plano. Percebeu que Jana tinha pensado da mesma forma quando ela comentou baixinho sobre o temperamento da lutadora. Sentia a ligação que tinham... e acabou se lembrando de parte das explicações que Gonzales tinha dado, a parte que tinha entendido sobre avatar e outras de poder. Comentou baixinho de volta. "- Para ele ser útil, não pode apanhar tanto..." - Retrucou, decidida a seguir o plano original, e entendendo que Jana estava indecisa. Segurou a mão da Jana e decidiu interromper a discussão das duas lutadoras. "- Acho que essa pode ser a oportunidade que você esperava para fazer a Claudinha crescer mais ainda como lutadora, e ainda deixar Gonzales mais humilde..." "- Me parece que você e ele tem uma rixa antiga, e talvez motivação demais em uma luta direta..." "- A Claudinha poderia aliar as técnicas que aprendeu com você, seus conselhos sobre o adversário, e surpreender na luta." Para ela, aquela racionalização não era apenas um conselho, mas uma forma de fazer as lutadoras entenderem que aquela era a forma certa de abordar a situação.