Axel escreveu:É, aí eu ganhei na sena.
"Pera, a moto é sua?" Ele arregala os olhos e depois ri alto da reação do primo.
Quando Axel apresenta os dois Judas sorri meio sem jeito. Ele estava o tempo todo meio sem jeito ali. Talvez esperando ela virar um lobo também ou soltar raios pelos olhos.
"Eu não esperava uma moça tão pequena e com cara inocente cuidando de um bar. Essa é a real. Parabéns dona." A sinceridade é clara nas palavras de Judas. Olena fica vermelha no mesmo instante. Sem nem tentar rebater a percepção de Judas com um toque de machismo. Judas não demora com a cerveja. Ele pega e bebe avidamente. Como se tivesse acabado de sair do deserto. Olena observa atentamente. Prestando muita atenção em cada detalhe. Como se tivesse tentando medir o que ele achou.
"Eita. Diferente isso. Muito gosto. É cerveja mesmo? Onde vende isso aí?" A apreciação de Judas vai aumentando conforme ele vai falando. Como se não tivesse sido capaz de registrar o sabor até parar de beber. Olena parece um pouco desconfiada.
"Isso quer dizer que você gostou? Eu to testando. Não tem nome ainda. Mas já vende no meu bar. Só lá." E ela sorri com uma arrogância que faz ela parecer um personagem de anime bem pequeno e fofo que acabou de ver seu plano maligno bem sucedido.
Como foi o dia. Dá para ver ela rodando a pergunta na cabeça dela.
"Eles brigaram. Foi assustador. Por uns dez segundos eu achei que ia todo mundo morrer. Eles nunca brigam. Sim, eles brigam sim. Mas sempre gritando e se provocando. Dessa vez o sebs jogou a Amy do segundo andar. Aí ela tacou uma pá nele. Daquelas pequenas e afiadas. A coisa cravou na barriga dele e ele tacou de volta. Corri pra chamar a Asia, mas ela já tava vindo e quando a gente voltou os dois tavam lavando um ao outro com a mangueira do jardim. Rindo feito duas crianças enquanto falavam de como eu sai correndo desengonçada." Ela faz uma cara emburrada. O medo foi real, mas já estava no passado. Judas claramente acha que ele está mentindo. Toma um gole da cerveja e sua expressão muda. Ele acreditou.
Quando Axel fala sobre o almoço de família ela escorre a mão suave sobre a sua. Os dedos se infiltrando entre os dele. Ela aperta com carinho.um gesto pequeno e sem palavras.
Axel escreveu: Judas toca numa banda. A verdade é que ela é pequena demais pra esse monstro da guitarra.
"Mando mais ainda no baixo que é bem melhor. Uma coisa linda de cordas. Mas vocês não tão prontos para essa conversa."Ele dá um sorriso torto. Sem muita convicção.
"Minha mãe odeia músicos. Eu gosto. Quer tocar lá no bar, cês tiram folk?" Judas olha para ela com a cara feliz dele. Uma cara que ele usa para receber elogios.
"Segundo andar. Pá na barriga. Eu não toco nada perto de gente assim. Desculpa." A cara feliz se quebra em mil pedaços deixando algo assustado aparecer. Ela gargalha. Alto. Estranho. No meio do riso ela faz um barulho como um o ronco de um porco e para com olhos bem abertos. Uma mão vai direto a boca. Vergonha. Ela ri outra vez. Vermelha. Bebe profundamente para se esconder.
"Eles são perigosos, mas cê pode tocar quando eles tiverem ocupados. Minha irmã vem mês que vem. Ela adora músicos também. Só não sei porque ela vem. Ela tava morando no México e tava super feliz." Ela dá outro gole. Olha para Judas e ri outra vez. Ele ri com ela, com menos convicção, mas parece de verdade.