Chloe Moore

(Chloe ia dizer alguma coisa , mas ao ver Asia se afastar prefere guardar para si o desejo de perguntar mais abertamente sobre que lugar era aquele?!  Seus pés obedientemente tentavam manter seu caminhar dócil até o sofá onde Beca deixa o corpo cair antes dela. A ruiva por outro lado se senta com leveza, olhando o tal “Jorg” por alguns segundos e depois passando a mão nos cabelos que aquela altura já deviam estar um tanto desalinhados. Quando escuta ele falando sua curiosidade ascende como se fosse uma pequena brasa em um braseiro escondido em um canto de uma velha cabana no inverno.)

-Olá, conte mais sobre esse lugar...por favor(Havia curiosidade evidente nos olhos dela. A mão dela pousa de leve na dele. Fica observando o estranho “homem fera” oferecendo o sorriso mais doce que possui. Em sua casa nas raras vezes que o pai estava ele conseguia contar histórias que faziam até o último de seus ossos tremerem, mas ela adorava ouvir a voz grave dele inundando sua imaginação. Não havia timidez no pedido, a bebida a deixava muito solta para falar e perguntar. Os olhos dela brilhavam com intensidade e começavam a ficar cada vez mais satisfeitos em descortinar as coisas ali.)


– Eu tenho apreciado(Ela diz surpresa ao notar que Dione estava mais uma vez tão perto como se fosse feita de uma lufada de vento. Juntamente com Asia e seu sorriso estelar. A voz dela é suave enquanto prossegue.) é um lugar marcante, nunca fui a um clube assim e estou verdadeiramente encantada com que vi(Ela solta essa última parte sem querer enquanto bebe um gole da bebida agradecendo a Lana com um sorriso) – Bem...tive por uma noite muito mais do que em vinte e quatro anos...(Chloe parece cheia de vida e alegria juvenil) – Sobre a parte dos depravados...(Faz uma pausa breve) não posso dizer nada sobre isso além de que me parecem adoráveis e misteriosos... ( Ela riu e sentiu a bebida descendo pela garganta como se as borbulhas dançassem no percurso. Era muito fácil notar que ela estava feliz naquele exato momento. Esquecendo-se completamente das peças que a mente lhe pregou e se bebe-se um pouco mais dormiria longamente perdida em algum lugar ensolarado de sua mente. Estava grata em ter conhecido Asia, indiferente do que ela realmente fosse, para Chloe a loira lhe trazia frescor e alegria.)







Falas em branco
Pensamentos e ações entre parênteses

A fera sorri com dentes pontudos, amarelos e tortos. Os olhos, porém tinham o deleite de uma vaidade tocada. "A casa já estava lá muito antes de existir. As pedras e árvores usadas eram lá, ouviam o mar o tempo também. O resto as coisas que vinham de longe, elas se desfaziam. Corroídas pelas ondas sem fim, sem paz..." Então as palavras de Dione o cortaram. "Você é docinho. Cuidado com..." A porta do camarote se abre com força. O estranho segurança jogado para dentro. Um grito quando os homens entram no lugar. Cinco deles. Todos aproveitando o momento para sacar armas dos seus casacos compridos. Como eles entraram ali?

Não parecia que iam conversar. As armas apontadas logo começaram a disparar.

(Chloe escuta cada palavrinha com um entusiasmo sincero de uma criança. A curiosidade dela sobre o lugar vai além das ondas poéticas entoadas na fala do homem fera. Ela prepara-se para falar algo, mas Dione surge e ironicamente a fala da rainha termina na palavra “cuidado” ao mesmo passo que a porta abre violentamente como se urrasse na cara do grupo ali dentro. Chloe assusta-se e antes mesmo de compreender tudo que acontece o som das balas vai rasgando o ar. Ela não consegue contar quantos são apenas sente o pavor quebrando-lhe a razão, ela tenta puxar Beca pro chão em um instinto protetivo, mas seu corpo nunca havia se deparado com aquilo e seu coração parece querer sair pela boca. Sua voz enmudece dentro dela, mas o corpo treme e o medo da morte ecoando rápido como se fosse uma melodia tenebrosa que adentrou ali mesmo sem ter recebido um convite.)



Pensamentos e ações entre parênteses

Pessoas gritam! Claro que gritam. Rebeca abraça Chloe quando ela tenta protegê-la e se encolhe contra ela. Mais tiros. Penas voando. A música parece estourar cobrindo quase tudo. Quase. Algo quente respinga em Chloe como se fosse acido. Seu corpo todo recua com aquele toque liquido. Os pensamentos dela se espremem nos segundos cheios de som e terror... Som, terror e dor. Uma lança de fogo atravessa o braço dela. Ela grita sem nem conseguir ouvir.

Algo bate muito forte no sofá deslocando as duas mulheres. Ela junta coragem para abrir os olhos. Mas puta que pariu ela só pode estar drogada. Ela tem que estar. Ela está rindo. Tem poeira no ar. Tem fumaça para todo lado. Os tiros pararam, mas ainda tem muita música. Ainda tem o som de metal cortando ossos. O ar treme com o calor. As cores derretem para fora das formas. A cara de Asia aparece na frente dela. Os olhos amarelos mudando de cor. As roupas cobertas de sangue e areia ou qualquer coisa assim.

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A água escorre pelo corpo dela. Tem vomito no chão. Tem mais saindo de dentro dela. Ela cai na escuridão, mas sai dela no mesmo lugar. As roupas estão encharcadas. Água ainda tingando do corpo dela. Os olhos procuram sangue no vestido, mas ele está ensopado disso. Completamente encharcado de sangue. Não. O vestido era vermelho. As pernas dela estavam moles. Fora dela. Como ela estava de pé? A parede se encontra com ela. Asia estava ali, ela movia a boca e não saia nenhum som. Chloe percebe que ela mesma estava falando também o tempo todo. Mas o que?

Ela estava se afogando de novo. Se afogando em um mar da cor do crepúsculo. A toalha se afasta do rosto dela e a respiração fica fácil de novo. "Tá tudo bem Chloe, cê tá bem. Ninguém tá te afogando." Chloe se sente quase sóbria, mas não sente que pode confiar nessa sensação. Ela para o que estava falando. Mas o que ela tava falando? Ela pisca. Aquele era o quarto de Asia. A cama dela. James estava dormindo numa poltrona com grandes olheiras. Olheiras no rosto dele e não na poltrona. Mas que poltrona tem olheiras? E porque a cabeça dela passava por essas possibilidades.

Asia aperta o braço dela. Não há dor e a loira parece satisfeita com alguma coisa. Tem uma marca ali agora, como um botão quebrado. "Tenta descansar. Por favor, tenta descansar."

-Estou viva?-  (A voz carregada de medo e olhando tudo à sua volta como se buscasse algo que lhe desse maior segurança. Depois balançou a cabeça, piscando para conter as lágrimas enquanto lutava para se concentrar. O quarto se tornou repentinamente real, mas era sufocante e os olhos dela iam percorrendo tudo até pararem em James. O rosto dela estava carregado de medo. A voz embargada e a sensação de ter morrido ou algo parecido a deixou nervosa. Sentiu-se tão confusa e o pânico tomou conta dela, fazendo-a sufocar, a cabeça começou a doer e a vontade que tinha era sair dali. Seu estômago parecia se soltar, a secura na boca e uma soma de reações físicas que por mais que quisesse não conseguia controlar. Aquilo tudo vagueando em sua mente, as coisas perdiam-se em uma confusão e por fim ela deixou um rio de lágrimas fluir. O medo era algo que a incomodava intensamente pois quando este se apossava dela já não era dona de si ou de suas ações.)
-Asia...O que aconteceu? - (Havia agonia e medo em sua voz, e quando ela olhou de novo para James ali, buscou também por Rebeca, mas parecia que ela não estava ali.) -Sinto como se meu corpo não estivesse aqui...minha cabeça parece que vai explodir e…(Ela respira fundo tentando buscar calma diante de tudo que estava sentindo)- Eu estou com medo...Achei que ia morrer e vi tantas coisas...Foi real?(Os olhos ficam ali perdidos e as lágrimas rolando silenciosamente agora)

"Claro que tá viva." Ela para na porta e volta. "Foi uma noite e tanto, juro que vai melhorar." Ela se aproxima da cama e senta ao seu lado. "Umas coisas foram sim. Outras devem ter rolado só na sua cabeça. Onde um começa e o outro termina? Não sei. Mas eu vou lembrar do que você fez lá. Beca também tá bem." Ela segura a mão de Chloe com afeto. "É uma confusão sinistra, eu sei. Realmente meteram bala em tudo. São uns doidos perigosos demais. Eles não deviam saber onde encontrar a Dione, acho que ela vai fechar o Sol até acabar com eles ou algo assim. Ou vai ficar de fora da diversão. Quando você tiver melhor eu te conto tudo. Tá se sentindo bem?" Ela move o rosto de Chloe de um lado para o outro. "Dione te deu uma fruta. Tem uns efeitos colaterais, mas melhorou seu braço. Se isso funcionasse na gente, séria lindo. Se eu comesse uma daquelas só ia ficar doida e enjoada." Ela continua ali olhando Chloe com uma boa dose de culpa no rosto.

(Chloe escutou a loira com atenção buscando acalmar-se enquanto a ouvia a explicação que era dada. Na cabeça dela  aquela noite foi uma espécie de ruptura dentro de sua mente e não conseguia determinar o que foi real ou não. As palavras de Asia confirmam que muita coisa foi obra da mente de Chloe, que levou a mão ao braço sentindo um incômodo inexplicável ao olhar aquele lugar e não ter um ferimento grave ali. O toque de Asia é gentil, cheio de calor e isso deixa a ruiva sentindo que encontrou uma amiga de verdade. Quando escuta sobre a fruta sua fisionomia exibe surpresa, mas a parte dos efeitos colaterais a deixam com receio de ficar alucinando ou quem sabe acabar com algum outro problema que a ciência humana não entenderia. Respira fundo e depois olha para Asia com preocupação)

—Ninguém tem culpa de nada(Ela pega a mão de Asia com carinho e depois a observa com cuidado) —Você realmente está bem? Não está sentindo alguma coisa???(A voz cheia de zelo pela loira) — Eu acho que Dover é uma caixinha de surpresas, algumas maravilhosas e não desejaria estar em outro lugar…(O abraço na loira é suave e quando se afasta existe um sorriso jovial que fica ali até que Chloe fala) — Uma fruta dessas é algo incrível...Mas esses efeitos podem causar alguma alucinação tenebrosa ou quem sabe vou virar uma planta à meia-noite?( Ela encosta-se nos travesseiros de maneira relaxa e depois observa James dormindo. A mente dela fica ali teimando em filtrar tudo que ouviu e pensando se ainda não estaria sob efeito da tal fruta?!)

Falas em branco
Ações e pensamentos entre parênteses

"Menina, eu não sei se... Quer saber, eu to linda e perfeita. Tava preocupada com você, mas nem to mais. To mais relaxada." Ela diz no fim do abraço. " Agora eu só vou precisar te regar e vai tá tudo bem." Ela sorri de novo e toca o rosto de Chloe. "Relaxa gata e dorme. Dorme bastante".

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Chloe acorda com um toque suave no rosto. Dedos escorregando nos seus cabelos. Seus olhos abrem para uma bandeja branca do seu lado na cama. Uma rosa solitária deitada nela. Um copo com algo escuro cor de vinho. Fatias de bacon, uma linguiça e ovos mexidos em um prato bem no meio. Uma pequena pilha de torradas logo do lado em um outro prato menor, um montinho de geleia e manteiga ao lado delas. Fatias de queijo bem finas enroladas umas nas outras. Uma caneca branca com um gatinho rosa desenhado deixando escapar vapor. "Tá na hora de acordar dorminhoca. Preciso saber se você tá bem." A voz dele tem bastante cuidado. Os olhos um pouco de preocupação. Um sorriso bobo no rosto. "Tá com fome?" Os olhos de Chloe consegue ver um pouco mais aos poucos. O quarto é exatamente o mesmo. A luz é toda diferente. Uma cortina fina filtra a luz nova da manhã. Na porta uma silhueta que lentamente ganha cor e detalhes. Jason. Olhando para ela meio escondido com uma mochila nas costas. Até o garoto parecia um pouco preocupado.

O sono a leva para um lugar perdido no passado, podia ver os azulejos antigos e a pintura no teto no casarão antigo que morou enquanto esteve casada. Quando acorda compreende onde está e suspira aliviada. Piscando várias vezes,levanta a cabeça e a vira de um lado para o outro, para a frente e para trás. Os raios de sol adentrando o quarto com delicadeza e as cortinas em uma dança suave. A bandeja diante dela a fez encher a boca de água, estava faminta e quando escuta a voz dele abre um sorriso simpático.

— Estou bem...Mas vou ficar melhor se você chegar mais perto! —  


Chloe responde um tanto envergonhada, mas o puxa pela gola para perto e o beija suavemente. Quando se afasta sente o coração leve. Lembrou dele dormindo naquela poltrona, sentiu uma pontada de preocupação queimando-lhe lentamente e por um segundo ou dois ficou perdida no momento. Enquanto a sensação de sonolência ia embora. Foi se ajeitando melhor na cama, o estômago roncou para confirmar o que ele já sabia.  O rosto corou e depois riu olhando aquela xícara que é a cara da loira espirituosa. O cheiro de tudo a fez comer com vontade. O sabor de cada coisa a fazia exibir uma satisfação imensa. O café quente a deixa ativa e relaxada.


— Eu poderia me acostumar com isso e você acabaria notando o quanto sou dada a aceitar mimos diários...Também sei como retribuir as gentilezas recebidas. —

Os lábios em um convite e olhos exibem uma malícia juvenil. Os sentidos dela vão voltando e se dá conta do garoto na porta. Demorou uns instantes para deduzir que poderia ser o filho dele. O examinou com curiosidade, já tinha lidado com crianças fofas e adolescentes que agiam como lordes modernos. Sua família é grande, cheia de pequenas bonecas de porcelana brincando de casinha nos amplos jardins ou rapazes cheios de vontade de contribuir com a causa que mantém as famílias antigas de Durham  unidas. Dover se mostrava um oposto, mas a julgar pela noite no clube as coisas ali pareciam selvagens e extremamente perigosas para os humanos. Olhando o garoto sentiu o coração pesado e temeroso pelo futuro que os aguardava se ela se mantivesse em um relacionamento com James. Chloe estendeu a mão em um convite caloroso que faria a qualquer um que gostasse, mas naquele momento o fez porque adoraria se aproximar do garoto.

— Venha aqui e sente-se aqui ao meu lado — Pediu com a voz doce e olhando o garoto com carinho.  Se tivesse tido filhos as coisas teriam sido diferentes pra ela ou no fim vislumbraria do mesmo jeito que naquele mundo nada terminaria em um conto de fadas?!

Falas em branco

James fica aliviado com as falas de Chloe. É como se um véu fosse levantado de seu rosto. Mas seu beijo ainda é extremamente delicado, como se ela pudesse quebrar com um toque mais firme. "Eu sou muito bom com mimos, você vai ver." Ele fala como se fosse algo inevitável. Fadado. "Jason me ajudou com o café." Ele fala com algum orgulho na voz, mas também riso. O garoto não hesita um instante em aceitar o convite da mulher na cama. Ele vem com passos relutantes e as mãos segurando as alças da mochila. Os olhos ficam olhando para ela até o garoto chegar perto e então vão para qualquer outro lugar. "Cê tá melhor, né? Tia Asia disse que cê tá melhor, que tá bem." Ele olha da comida para ela e então falando bem rápido. "É verdade que teve tiroteio? Te acertaram?" Dá pra sentir o entusiasmo na voz e animação está clara no rosto.

James coloca a mão na cabeça do menino e bagunça o cabelo. O que deixa ele muito irritado e envergonhado. "Ohh! Meu penteado!" o garoto corre para um espelho se olhando, as mãos apressadas tentando desfazer o estrago. "Não se pergunta qualquer coisa. Não é a hora de matar a sua curiosidade e sim de dar apoio a ela. Entende essa parte?" O menino faz que sim com a cabeça claramente envergonhado, mas com o que? "Asia não tem café em casa, ele que buscou para você, não é?" O garoto parece mais confortável com essa pergunta. "Claro que foi pai, você sabe que foi. Eu peguei lá em casa, os tios não tem café. Só o papai." Ele fala com certeza dos fatos e aponta para o liquido preto como se fosse prova.

O garoto é um pontinho eufórico e cheio de entusiasmo. É possível sentir a curiosidade dele vibrando enquanto se aproxima da cama. Ela mantém um sorriso caloroso. Questionando-se sobre a sensação estranha que instalava-se dentro dela?! Sentia como se fosse um casarão vazio,mas que aos poucos abria as portas e janelas para sentir a vida pulsando dentro de si. Os olhos âmbar ficaram ali analisando as janelas azuis que são as íris de James. As perguntas do garoto são disparadas a fazendo levar a mão aos braços, tateando e sentindo a pele morna.


-Hum...Acertaram sim, mas sou dura na queda... Estou pronta para outra.-


A voz dela é cheia de bom humor, mostrando a marca ao garoto como se precisasse de uma prova física do que ouve na noite passada tanto quanto a curiosidade de Jason. Depois a voz dela sai cheia de mel e dando a certeza que estava feliz.

-Obrigada pelo café, só assim para voltar a vida e prometo recompensar vocês dois em algum momento. Tudo tem um sabor maravilhoso e fico com uma baita inveja de não saber fazer nada assim...Preciso de algumas aulas.-

Lembrando-se da vaidade do menino segundos atrás, o sorriso se arma naturalmente no rosto dela. Ela queria tanto que aquilo pudesse durar, mas não seria possível? Chloe tenta manter um semblante tranquilo. Mas havia inquietação, a felicidade parecia ser algo tão frágil, como se pudesse partir em pedacinhos e espalhar-se para longe. Olhou para James e depois pro garoto com uma notória insegurança que disfarçou desviando sua atenção da cena que os dois protagonizaram. Pai e filho têm uma ligação profunda, mas a presença dela poderia gerar uma tempestade raivosa. Lembrou de Ian, da sua família e do contrato entre eles.  Ela levanta-se devagar buscando dar alguns passos. Respirou fundo e foi até a janela para sentir o sol. A situação daquela noite flutuou ao seu redor por alguns instantes como se fosse um balão vermelho e depois saiu voando pela janela estourando ao sol.

-Obrigada mais uma vez, mas preciso ir e resolver coisas nada divertidas… Tenho que voltar a clínica, acertar tudo que falta e olhar uma papelada chata.-

Ela procura as roupas que deixou na casa de Asia. Acreditando que poderiam estar no quarto, movendo-se devagar como se quisesse ter certeza que podia confiar em seus sentidos e que suas pernas podiam  se mover com segurança. Caso as encontre, provavelmente os dois saem do quarto dando espaço para Chloe se reorganizar. No fim ela se sente apresentável. Olhando a bolsa, pegando o celular e os olhos percorrendo os números, podia ter morrido na noite anterior, era bem verdade que  se isso acontecesse morreria sem ter feito as pazes com os pais. Chloe sentiu uma vontade imensa de ouvir a voz austera do pai e até mesmo sentiu falta do olhar da mãe sempre procurando algo para corrigir na filha. A mente voou longe lembrando-se do ex-marido sentado na poltrona de veludo escuro e a presença dele dominando tudo ao redor. A sombra de Ian tão viva e os olhos pareciam uma tempestade fria que vai devorando tudo até chegar ao seu objetivo. Ele dizia com a voz profunda que Chloe era feita de verão, mas ele era o inverno faminto uivando noite adentro. O corpo estremeceu lembrando das garras afiadas em sua pele em um jogo perigoso que só os dois entendiam na  semi-escuridão de suas almas.

Falas em branco

Chloe escreveu:.. Estou pronta para outra.

Os olhos do garoto brilham iluminados com adimiração e interesse, mas o rosto do pai endurece nada satisfeito. A marca era pequena demais para o que ela esperava de um tiro.

Chloe escreveu:Preciso de algumas aulas.-

"Eu ensino. Eu sou bom, não sou? Eu sei fazer tudo sei até panqueca!" Ele fala com entusiasmo incontido e isso deixa o rosto do pai mais suave. "Ele me ajuda bastante, é um ótimo garoto e já pode usar todas as funções do fogão." O garoto corta ele bem rápido. "Uma vez eu fiz até biscoito! Na outra a gente fez uma torta de batata e foi muito muito bom. Tipo a melhor que você já comeu. Não comeu, mas se tivesse seria a melhor." Ele quase pula enquanto fala e quando Chloe diz que vai embora ele ... "Nem vai comer?" Chloe ouve ele suspirando com um susto. "Eu e você vamos dar uma volta garotão!" Ele ri e tenta se virar para olhar Chloe. "Mas ela nem comeu!" O pai continua levando o garoto para longe como se fosse uma criança pequena. "Ela vai comer o que ela quiser quando quiser."

Os dois saem pela porta sem muita cerimônia, dando bastante espaço para Chloe.

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As roupas foram muito faceis de achar. Dobradas ao lado da cama em uma mesinha um pouco mais baixo que a cama. Ao lado delas desodorante, uma toalha branca e felpuda, desodorante e um vidro de perfume. A porta do banheiro estava aberta já que seria irreconhecível se não estivesse, uma das portas do armário. O lugar não é luxuoso, mas o banheiro tem janelas dos dois lados do prédio sendo muito iluminado pelo sol da manhã. Todas as paredes são e o chão são cobertos de pedras claras. Desenhos curiosos riscados em todas elas e espelhos em frente as janelas fazem o lugar parecer um pouco mais mistico que um banheiro deveria. Sem nenhuma lâmpada o comôdo era quase claro demais. Diferente do chão do quarto onde tudo era liso e macio ali as coisas eram duras e ásperas e não hávia nenhum vidro nas janelas. Seria insuportável no inverno.

Os olhos dele brilharam, mas a fisionomia do pai pareceu virar uma rocha por instantes bem observados pela ruiva. A marca pequena sumiria com o tempo, mas era um pedacinho vivo daquela noite fragmentada demais para a mente dela decodificar.  Ela oferece um sorriso enquanto escuta ele falar das panquecas e a voz orgulhosa do pai a deixa cada vez mais leve.

-Desculpa, mas não costumo comer muito pela manhã, mas mesmo assim ainda vou mordiscar mais alguma coisa…-

________



Água vai silenciar a mente de Chloe.  Quando termina tudo se arruma e sai do quarto levando consigo a bandeja.  Na cozinha deixa a bandeja em algum lugar e um tanto envergonhada por não ter comido tudo faz um cara de mea-culpa. Ela pega o celular e vai caminhando para a porta torcendo para não esbarrar com mais ninguém. Estava tentado a abrir-se para tudo que Dover oferecia, tanto as coisas boas como as ruins, mas por agora tinha que se concentrar naquilo que ainda podia controlar. Sua vida profissional e a clínica. Os passos dela pela calçada são tranquilos, o sol da manhã aquecendo-lhe a pele, manda uma mensagem gentil para James com um emoji bonitinho. Segue o caminho até a sua casa aproveitando a liberdade tão frágil que possuía. Raramente caminhava em Durham. Sair sem ser vigiada, apesar de todo medo da noite anterior admitia que foi a primeira vez que se divertiu como alguém de sua idade faria e isso a fez pensar o quanto deixou de viver várias coisas para poder cumprir com as obrigações familiares que seu sobrenome exigia.

“Desculpa sair sem me despedir direito, mas preciso colocar algumas coisas no lugar e não quero tomar mais o tempo de vocês. Obrigada por tudo e seu filho é uma gracinha.”

Chloe segue o caminho tranquilamente. O sol tocando sua pele, os lábios róseos exibindo  um sorriso enquanto a brisa suave vai brincando com seus cabelos. Queria tanto prender-se ao momento de paz que vivia que seria incapaz de prever ou conceber a possibilidade de algo sombrio em sua vida. O passado estava tão distante agora e Dover parecia ter tanto a dizer para aqueles que sabem ouvir os sussurros que se perdem entre o vai e vem de pessoas nas ruas, mas ao mesmo tempo parece que são as buzinas dos carros que silenciam o sobrenatural que ali paira como se fosse uma nuvem cheia de olhos buscando uma janela para observar?!

Falas em branco

Ninguém incomoda Chloe. As ruas cheias de pessoas que não prestam a menor atenção a ela, uma ou outra murmuram um bom dia, mas ninguém perde mais de um instante com ela. A mensagem de Chloe demora um pouco para ser respondida "Me liga quando tiver um tempo. Vou te guardar na lembrança."

A clinica era buraco negro de horas absolutamente insaciável. Era impossível atender toda aquela demanda precisaria de umas vinte Chloes. Ainda eram poucos os clientes pagantes, mas aqueles que não tinham direito ao tratamento público enchiam a fila da clínica. Ela viu Richard com um sujeito mal encarado movendo volumes, discretamente, para a sala que serviria para atender urathas se preciso. Foi tão rápido que eles nem a viram. Logo a porta estava fechada e eles tinham ficado no passado já que uma mãe chorava junto com seu filho implorando atenção.

As horas continuavam sendo sugadas um atendimento atrás do outro. Quando sua assistente deveria entrar para anunciar uma pessoa ela deixa passar um homem sorridente e bem vestido, um blazer sobre uma camisa branca e um jeans preto. Ela nem pergunta se pode. Ele entra calmamente na sala, como se estivesse chegando na própria sala de estar. Ele fica os olhos dele nos de Chloe antes mesmo de fechar a porta. "Você deve ser a garota de quem o James anda falando. Chloe Moore, dos Morre de Durhan." Ele fala como se as palavras o divertissem. O sorriso chega até os olhos e ele coloca as duas mãos na cadeira puxando um pouco para trás. Os cabelos dele são pretos e os olhos azuis como James. "William Crestwood, ao seu dispor." Uma das mãos se estica por cima da mesa para um aperto. A mão tem anéis, mas nenhuma aliança. Ele parecia animado por vê-la. Como se fossem velhos amigos a muito separados.

Chloe pedia para a recepcionista encomendar lanches saudáveis que ficavam dispostos em mesinhas em uma espécie de cantinho pro chá ou café. Era notório o empenho da ruiva em atender qualquer um da melhor maneira e sempre com um sorriso caloroso. Cada pessoa tem seus problemas e não seria ela que tornaria a clínica um lugar frio.
Uma brinquedoteca colorida em outro canto, Cookies vegans eram oferecidos aos pequenos e frutas da estação. O dinheiro dos Moore tinha uma história, toda grande fortuna foi criada em cima da dor e sofrimentos de alguém. Em sua antiga cidade ela era apenas mais uma Moore, distante das pessoas, com o olhar frio e os gestos ensaiados, mas em Dover ela podia se reinventar e todos os dias chegava com um sorriso no rosto. O choro de uma criança lhe despertava um instinto que jamais poderia saciar, a dor do outro também era sua dor e mesmo depois de tantos atendimentos exaustivos ainda assim havia satisfação no que fazia.
Ela não falou com Richard, entendia o que ele fazia ali. As horas passavam de maneira diferente dentro da clínica. Chloe nunca precisou trabalhar, a sensação de ter essa obrigação lhe deixava ansiosa em prestar um bom serviço. Os medicamentos eram fornecidos pela clínica. Se houvesse qualquer coisa que pudesse fazer por um paciente fazia sem hesitar.
_____
Chloe olha o homem entrando  e preenchendo o ambiente com sua presença. Os olhos dela se fixam no homem da mesma maneira que ele faz.  Quando o escuta falar percebe a semelhança no azul que ele ostenta e quando menciona James o corpo dela relaxar. Ela o observa com curiosidade, ele sabia de onde ela veio através de James e quando ele estende a mão a ruiva aperta com delicadeza. O tom dele tem divertimento com uma boa dose de animação em estar ali. Os anéis nos dedos chamam atenção dela que depois fala com suavidade colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Havia uma cafeteira ali e alguns saquinhos de chá que ganhou de Sebastian.

-Prazer em conhecê-lo senhor William Crestwood. Como posso ajudá-lo? Quer chá ou café?-

As duas perguntas são feitas com um sorriso caloroso.  Cruza as pernas na cadeira, a postura graciosa de alguém que parece ter caído de paraquedas naquela rotina, mas que ainda assim aprecia a nova realidade que vivencia. Ela tinha um  par de roupas na clínica para emergências, tinha se trocado e cheirava a rosas. Os sapatos que usa são pretos e com um saltinho confortável. O semblante dela tem aquele ar de cansaço e os olhos ficam ali presos em William Crestwood.

Roupa :

Falas em branco

Ele olha para o café e o chá e pega uma xícara vazia. "Me ajudar? Parece que eu posso ajudar você com esse monte de gente." Ele olha para a xícara. "Café é sempre uma boa opção, mas raramente um dos nossos vai aceitar. Talvez para mostrar que não tem nenhuma má intenção." Ele coloca café para ele mesmo. "Ou só para fingir, é claro." Ele cheira o vapor e depois toma um gole longo e profundo, como se isso tivesse algum significado. "Eu vim conhecer você e parece que posso até te ajudar no caminho da saída. Sou ótimo com os doentes e desesperados." Ele sorri de novo, amigável.

"Eu juro que vou compensar o tempo que você vai perder. Vai valer a pena." Os olhos não saiam dos dela. Ele não tinha o menor desconforto em olhar para ela. Nenhuma vergonha ou hesitação. "A gente pode começar com algo bem confortável. Eu posso te contar alguma coisa sobre o James ou você pode perguntar qualquer coisa sobre ele, ou eu e a minha família ou até sobre nossa natureza comum." Ele passa lentamente o dedo na borda da porcelana enquanto fala, mantendo uma das mãos em movimento constante e a outra completamente imóvel segurando a alça. "Você prefere perguntar, não é?"

Chloe escutou atentamente. Então lembrou que além do azul marcante, ele estava na reunião daquela noite.

― Eu gosto de coisas amargas, trazem um certo realismo as coisas, mas diga-me quais são as habilidades que você possui para me ajudar aqui? ―  Ela levantou-se e sentou-se na mesa cruzando as pernas com graciosidade. Optando em diminuir o espaço entre eles. Uma coisa era aceitar a ajuda de Richard e dos demais. Porém o homem ali era uma figura nova no cenário. Estava quase de frente pra ele, mas mantinha um ar orgulhoso olhando-o com curiosidade e interesse que a faziam morder os lábios cheia de inquietação.

― Fale sobre vocês, que tipo de ligação tem com James ou com Dover? Minha curiosidade  tem sido instigada desde que cheguei aqui e imagino que você saiba algumas coisas sobre quem sou também...― Ela o olha tentando ler seu semblante. Se perguntando se seria irmão de James ou tinha outro parentesco? O dedo desliza pela borda da xícara, os olhos âmbar seguem o movimento por segundos e depois ficam presos novamente aos dele cheios de curiosidade. ― Eu quero ouvir tudo que estiver disposto a falar e quem sabe assim possamos criar bons laços, embora desconfie que está com outras intenções além de oferecer ajuda de tão bom grado ou estou julgando errado as coisas? ― Chloe estava claramente testando William. Os olhos dela ficam nos dele, medindo suas ações e depois fica com um sorriso nos lábios cheia de expectativas sobre as palavras que seu visitante diria. Qual tom usaria e que movimentos faria? Ele a olhava e provavelmente desde que entrou estava lendo a ruiva nos pequenos detalhes.


Falas em branco

Os olhos azuis acompanham o movimento dela. Ele respira o vapor do café mais uma vez. Ela faz a pergunta e então com um sorriso torto no rosto ele coloca a xícara ao lado dela na mesa, o que obriga ele a chegar mais perto, sem nenhum constrangimento. "As pessoas adoram fazer o que eu peço." Ainda com a mão em cima da xícara. Ainda perto o bastante para Chloe sentir o cheiro amadeirado, perto o suficiente para ela sentir o blazer tocando suavemente a borda da saia. Não era difícil imaginar alguém fazendo algo estúpido para estar tão perto assim. O cheiro do café se misturava com algo fresco e alaranjado no hálito dele.

Ele se afasta, ela ouve a respiração. "Eu peço uns favores e espalho uns trocados e a maior parte da sua fila vai para outro lugar pagar uma consulta." Então ela pergunta sobre James e ele parece iluminado por dentro. "Ele é meu filho, ele tinha um pai melhor antes, mas ele morreu salvando crianças de um massacre com armas de fogo em um colégio. Era um carpinteiro. O único defeito do cara era ser completamente apaixonado pela mãe do James." Ele mexe no cabelo e ajeita a manga do blazer. "Então esse sou eu. O pior pai do James. Dover? É o lugar onde e a Amy moram, é o lugar onde meus colegas de trabalho moram. Dover é um lugar." Ele fala com casualidade. Ele faz tudo com uma proximidade intima, como se fossem próximos a muito tempo.

"Ajudar você é ajudar a mim mesmo nesse momento, não quero te enredar em nada. Mas é bom desconfiar." Então ele encosta a ponta do indicador no joelho de Chloe. "Você fica linda usando esse poder que você tem com a gente." A voz parece mais baixa, é como se ele fosse contar um segredo e ela sente um calor lento sob a pele. "Essa vontade de controlar, de dominar a sala e todos dentro dela. Isso ia te deixar feliz, Chloe?" O nome dela fica tão bem nos lábios dele. "Claro que você acha que é tudo um teste. Seu rosto diz isso. Seus olhos deixam mais escapar. Seu cheiro... Tem coisas sobre você que é melhor não dizer em voz alta." Os olhos não saem dos dela.

Chloe ouvia tudo com atenção felina. O olhar dela é cheio de seriedade escutando o misterioso visitante. Ela pergunta e a resposta dele queima o ar. Subitamente Chloe toma consciência que está em desvantagem e em sua defesa oferece um sorriso cheio de de falsa inocência. O tecido do blazer faz um percurso até a borda da saia como se tentasse estreitar o contato entre eles. O cheiro amadeirado brinca com os sentidos dela que fica presa a presença provocante que se firma a cada gesto de William.

- Então, você consegue submeter os outros a cumprirem sua vontade de bom grado...Interessante e ao mesmo tempo perigoso.-


Ela  fala tentando manter a diversão longe de sua voz. Chloe inclina-se mais em direção a ele e brinca com as intenções silenciosas que ele lança como se fossem parte de uma rede invisível. Depois afasta-se e visivelmente continua testando-o, mas ainda mantém uma postura cuidadosa tentando desvendar o homem lobo. Então como sentisse o coração sendo apertado pelas palavras de William sobre James a voz dela acaba saindo feito se fosse  um fio tênue no ambiente.

-Eu não podia imaginar algo assim...Mas você cuidou dele e isso vale muito...-

A mão dela acaricia  a dele devagar e carinhosamente. Depois retira a mão enquanto afastava a tristeza da mente. Sentiu uma breve onda de medo misturada com o tinir inebriante de um doce desacato quando o dedo dele a toca. Isso a fez se sentir miseravelmente distante de James e das boas virtudes que ele emana tão docemente.

-Que coisas são essas? - Estava corada, mas não queria afastar-se da atmosfera que ele moldava. O desejo em saber se aquilo era um teste a fez arder. Se comprovasse que estava sendo testada acabaria agindo com impulsividade e isso podia terminar de um jeito complicado pros dois.

Falas em branco

Chloe escreveu:...Interessante e ao mesmo tempo perigoso.

"Não isso que você faz? Com o cabelo? O cheiro? As pernas? Esses olhos." Cada pergunta deixa ele um pouco mais perto, como se deslizasse para perto dela sem esforço, ou pior, como se ela se aproximasse puxada por uma gravidade irresistível. Impossível de perceber.

Chloe escreveu:Mas você cuidou dele e isso vale muito...

A mão que estava no joelho volta para a mesa atrás dela. O corpo logo a segue quando ele se senta ao lado de Chloe. O lado do corpo tocando no dela como se ele tivesse feito isso mil vezes antes. Como se fosse feito para encaixar ali. Ele suspira e coloca a outra mão na própria perna, quase um convite. "Eu sou um pai bem melhor agora, só achei o James quando ele tinha três. Jeff já tava cansado de ser pai dele sozinho e já tava claro pra qualquer um com olhos que o garoto não era dele. Ele sabia quando eu apareci, sabia que era o fim do seu tempo com James, mas como eu ia roubar o garoto de uma infância normal com um pai perfeito em um lugarzinho calmo no interior? Eu observei das sombras e protegi os dois das coisas do outro lado. Foi um garoto comum sem nenhuma influência sobrenatural que matou Jeff. Impossível competir com ele." Tinha um toque de admiração e uma dose ainda maior de inveja na voz do uratha. A mão dele se movia lentamente enquanto ele falava.

Chloe escreveu:-Que coisas são essas?

"Seus desejos Chloe. As coisas que você quer fazer." Ele diz em voz baixa, os olhos nos dela. Chloe sente um arrepio quando a mão dele acha suas costas. "Consegue dizer? Mostrar? O que você quer?" A sala parece mais quente